Há pessoas que não sabem o real significado dos sinos. Mas, mesmo assim, os usam como uma espécie de relógio, uma agenda pessoal.
Os sinos comunicam acontecimentos importantes aos membros de Comunidades. A raiz da palavra sino provém do latim “signu” (sinal). Sinaliza e convoca para o culto, para a adoração e para a gratidão por causa da graça de Deus. O som do sino penetra profundamente nos ouvidos. Atinge a alma das pessoas. Por isso, não conseguimos ficar indiferentes ao repicar sonoro do sino. Isso nos lembra do Salmo 150:
“Aleluia! Louvem a Deus no seu templo. Louvem o seu poder, que se vê no céu.
Louvem o Senhor pelas coisas maravilhosas que tem feito.
Louvem a sua imensa grandeza.
Louvem a Deus com trombetas; louvem com liras e harpas.
Louvem o Senhor com pandeiros e danças.
Louvem com harpas e flautas.
Louvem com pratos musicais.
Louvem bem alto com pratos sonoros.
Todos os seres vivos louvem o Senhor! Aleluia!”.
No decorrer da história, o sino servia como “mensageiro” da guerra, da paz, de boas e más notícias. Em algumas aldeias assinalavam as horas no tempo em que não havia relógios. Hoje, os sinos continuam a badalar pelas comunidades, muitas cordas que movimentaram os sinos e/ou badalos foram substituídas. Mas, em algumas regiões a tecnologia deixou de lado os braços humanos: eles são acionados por mecanismos eletrônicos.
O sino nasceu católico; sua invenção foi reservada à Igreja. Os católicos dizem que os sinos indicam a presença de Deus nesse local, daí a tradição de que quando se entoa um sino, Deus observa e ouve a prece com mais atenção.
Muitas pessoas não entendem por que o sino é tocado de formas diferentes. Mas isto é normal. O sino toca diferente para podermos diferenciar o momento e o que está sendo anunciado. A intensidade e o ritmo das badaladas expressam sentimentos de alegria, dor, reverência, saudade, respeito, dignidade, confiança, esperança, zelo, paz e plenitude, entre muitos outros. Anuncia mensagens que alcançam muitas pessoas ao mesmo tempo. Os sinos são badalados todos os dias no horário da manhã, ao meio dia e da tarde (normalmente), em feriados religiosos, uma hora e/ou meia hora antes do culto, no início e final dos cultos, batismos, confirmações, casamentos e óbitos. O sinal de três batidas lembra a Santíssima Trindade, ou seja: Deus Pai e Mãe, Deus Filho e Deus Espírito Santo.
A função do sino é justamente a oportunidade de conectar-nos ao momento de reflexão e de meditação. (Daí se vem a tradição: no momento que o sino toca nestes três períodos do dia, mencionado acima. Devemos nos dedicar ao momento da ORAÇÃO).
O sino expressa um som único, mas variável ao contexto que lhe está sendo atribuído em determinado momento. Esse encontro da energia humana com o símbolo de metal nobre é um facilitador que nos transporta e nos conecta com uma possibilidade presente e futura. É um instrumento sagrado que carrega valores universais e que nos seus badalares indica determinadas circunstâncias.
No livro do Pastor Heinz Friedrich Soboll, relata que duas meninas pomeranas, Janete e Clara, apresentaram uma linda e admirável poesia em forma de jogral, em se tratando da inauguração dos sinos da Comunidade de Rio Ponte, município de Domingos Martins/ES, sob o título de: “O Que os Sinos Cantam!”. Vejamos:
“Os sinos dobram bem alto pela terra.
Conhecemos seu chamado e sua persuasão.
O que será que chamam pelo vale?
Para que todo este badalar?
Conte para mim!
Ouça! Somente soam tão claro
Para que os mais distantes ouçam seu chamado.
Até Deus, o Senhor, no alto céu os ouve.
Alcançam o vale mais distante
E cantam das nossas alegrias e tristezas.
Cantam alto por toda a terra sobre alegrias
Cantam de coisas sérias, cantam de sofrimentos.
Como é que os sinos podem cantar tanto assim?
É apenas um badalar a dobrar.
Não falam uma única palavra
Hoje, amanhã e sempre,
Ouvimos o mesmo som.
Como é que você fala de cântico?
Vou lhe contar, preste atenção!
Terminado o trabalho semanal no sábado,
Os sinos anunciam o domingo,
Cantam um hino, confiante e suave
Cantam: deixe todo o trabalho descansar,
Esqueça suas tarefas, esqueça sua atividade
Junte as mãos e olhe para o alto, e
Encerre a semana, agradeça e peça a benção!
Que bom, este canto me agrada
E que seja ouvido por todos os vales.
Mas diga, é esta a única canção?
Que nada, querida amiga, outro som
Ressoa da boca metálica dos sinos.
Aos domingos chamam por todo o lugar,
Pelos vales e pelas montanhas:
Oh Cristãos, venham para a casa de Deus!
Venham os grandes, venham os pequenos
Ouçam, hoje haverá culto,
Venham ouvir a palavra de Deus e
Cantem em sua glória nesta nossa igreja!
E se hoje não puderem aparecer ao culto,
Orem a oração do Senhor,
Pois durante o Pai Nosso ressoa
Três vezes o som do sino pela floresta.
Também este são nos faz falta,
Pois lembra o terceiro mandamento,
Se quisermos ouvir atentamente:
Respeitar o santo dia!
Mas você não fala também de alegrias e tristezas?
Sim cara amiga, falei dos dois.
Veja, quando um coração encontra outro,
Quando um homem e uma mulher se unem fielmente,
Festeja-se o casamento: aí cantam
Os sinos à alta voz e com sonido alegre
A alegria ressoa por toda a terra
Para que se alegrem grandes e pequenos.
Mas quando soam languidamente,
Os sinos cantam um canto fúnebre
E acompanham um morto para seu descanso final.
Vocês todos corram em direção ao céu
E cantem em toda a tristeza e dor
Uma canção da eterna salvação,
Se a boca dos sinos isso nos conta,
Chega a nós a voz de Deus.
Oh sinos, badalai o tempo todo
Cantando de alegria e tristeza!
Sim, sinos metálicos, iniciai vossa tarefa
Dobrai e cantai sem descanso algum
Tocai até nos corações mais duros
E falai alto para todo o povo!
E vós, meu povo querido, grande ou pequeno
Deixai que representem sempre a voz de Deus.
Abri os corações, abri ou ouvidos
E cantai em alta voz:
A Ti, Senhor no céu, a mil vozes
Seja cantada e ressoada toda a glória.
Acompanhamos o canto na alegria e na tristeza:
Glória e honra seja dada a nosso Deus!”
Que esse instrumento ao repicar seu som, que se espalhe forte e penetre por todos os ares a alegria, paz e justiça para toda a nossa vida.
Publicado em Jornal O Semeador - Ano 37 - Número 105 - Junho de 2017.