Culto cristão é encontro de Deus com sua comunidade, pessoas que se identificam como filhos e filhas de Deus, membros de um mesmo corpo, o corpo de Cristo. Isto significa que o culto não é um amontoado de gente, mas uma reunião de pessoas que oram e cantam juntas, dão-se as mãos, comungam, partilham dores e alegrias. A preparação de um culto leva em conta este aspecto antropológico. As pessoas se reúnem no culto com todo o seu ser. Elas ouvem, sentem, veem, dialogam com Deus e com os irmãos e as irmãs presentes, cantam, falam, cheiram e degustam. O encontro com Deus envolve a comunidade e a pessoa toda. Envolve ouvidos, boca, todos os sentidos, os sentimentos e as emoções. O corpo todo!
A liturgia é, por si mesma, uma ação simbólica. Como tal, ela se vale de uma linguagem múltipla: de símbolos, gestos, palavras, movimentos, atitudes, sons. E isto não acontece por acaso, pois a linguagem simbólica pertence ao ser humano. É de sua natureza utilizar diferentes formas de comunicação.
Podemos dizer que o ser humano se relaciona com o outro ou lida com a realidade de duas maneiras básicas: através da linguagem racional e da intuitiva/afetiva. A primeira, embora também esteja envolvida por sentimentos, manifesta-se por meio de conceitos, ideias, argumentos e palavras, e a segunda, por metáforas, estórias, sinais e símbolos. Essas formas de expressão humana, entretanto, não se excluem, mas se complementam.
Na liturgia também estão presentes a linguagem racional e a intuitivo-afetiva. Da linguagem intuitivo-afetiva sobressai a simbólica. O símbolo está diretamente ligado ao rito. É uma de suas características mais acentuadas. Os símbolos comunicam para além da palavra, alcançam o ser humano mais profundamente, tocam seus sentimentos, provocam emoções, vão além da razão.
Os símbolos são capazes de dizer mais do que as palavras. Por isso, a linguagem simbólica é tão importante para a fé, pois não conseguimos exprimir a nossa fé ou apreender Deus apenas pelo uso da razão. Há questões na liturgia e na fé que permanecem mistério, no sentido de que não conseguimos explicar tudo pela simples argumentação. E é bom que seja assim, pois Deus está além da razão humana.
Fonte: A Linguagem dos Símbolos no Culto Cristão