Deus quer vida para as suas criaturas. Ele confere grande dignidade aos seres humanos justamente porque os “criou a sua imagem e semelhança” (Gênesis 1.27). Ele faz deles colaboradores na administração do mundo e da sociedade. Nenhum ser humano pode colocar-se acima dos demais a partir desta perspectiva. Ao contrário, existe uma grande co-responsabilidade.
Deus quer vida para as suas criaturas. Ele, inclusive, assume a condição humana para recompor a imagem quebrada e distorcida. Deus, em sua encarnação em Jesus Cristo, assume a condição humana e com este gesto aponta para o valor e a importância da humanidade. Trata-se do sinal mais forte e eloqüente da valorização do ser humano. “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância.” (João 10.10) – Eis o centro da missão de Jesus Cristo.
Homens, mulheres, jovens e crianças vivem a sua existência a partir de referenciais que orientam o seu comportamento e as suas atitudes numa grande co-responsabilidade. Princípios e valores embasam as suas posturas e a sua prática cotidiana.
As pessoas cristãs de orientação evangélica luterana têm no amor de Deus a sua grande fonte de inspiração para estabelecer os seus referenciais de comportamento no mundo e na sociedade. A ética cristã evangélica se espelha na revelação amorosa e incondicional de Deus em Jesus Cristo. Nós amamos porque ele nos amou primeiro (1 João 4.19). Ou seja, os gestos e atitudes de solidariedade, de sensibilidade para com as pessoas expressam uma profunda gratidão a Deus. O fato de Deus valorizar e dignificar o ser humano leva as pessoas a uma postura de respeito e valorização a todas as criaturas igualmente amadas e dignificadas por ele.
Todos os seres humanos vivem na interdependência de uns para com os outros. O reconhecimento desta realidade fundamenta uma ética que leva em consideração o cuidado para com todas as pessoas. Isso significa a promoção de uma cultura de solidariedade e de inclusão nos mais diversos contextos de vida.
A promoção da dignidade humana ocorre quando as pessoas estabelecem relações respeitosas com seus semelhantes, com as pessoas próximas e queridas, consigo mesmas, com a natureza e com Deus. A solidariedade e o amor estão no coração da construção destas relações.
O amor se traduz na acolhida das pessoas nos espaços comunitários e no seu acompanhamento nas mais diversas situações de vida.
O amor se expressa no movimento de apoio às pessoas fragilizadas da sociedade e no reconhecimento e na promoção da sua dignidade.
O amor move as pessoas para ações promotoras de justiça e de paz na sociedade, de desarmamento dos espíritos.
O amor conduz para o exercício do perdão mútuo e o estabelecimento de uma comunhão fraterna entre os filhos e as filhas de Deus.
A ética baseada no amor rompe com valores da sociedade e do mundo que não tem como perspectiva central o respeito ao ser humano e o seu compromisso com a sustentabilidade do planeta.
A fé ativa no amor (Gálatas 5.6) se traduz em serviço de promoção da dignidade do ser humano e de sua relação respeitosa para com toda a criação de Deus.