Identidade

Atualização e contextualização da herança da Reforma

Pessoas luteranas prezam a tradição cristã que se origina na Reforma do século XVI. O nome da Igreja - Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil - IECLB – mostra a sua identidade de fé. O nome traduz, no contexto brasileiro, a tradição cristã que tem a sua origem no movimento reformatório protagonizado por Martim Lutero. Como Igreja, integra o corpo de Cristo e faz parte da igreja universal. O seu fundamento encontra-se no Evangelho de Jesus Cristo. O seu testemunho no Brasil se inspira nos valores evangélicos redescobertos no século XVI.

Pessoas luteranas identificadas com a IECLB entendem-se como parte da igreja universal e procuram viver com autenticidade a fé cristã. O propósito da reforma do século XVI foi o de reconduzir a Igreja a sua origem evangélica e este continua sendo um objetivo e um compromisso atual. Ser uma pessoa luterana não significa, em primeiro lugar, ter a verdade, mas, sim, buscá-la na fonte que é Jesus Cristo.

Pessoas cristãs de confissão luterana são evangélicas. E ser evangélico significa descobrir e valorizar o que Deus fez pelos seres humanos. Sua compaixão em Jesus Cristo é o centro da fé. Seu amor e perdão são essenciais na vida do cristão. Reconhecer e acolher essa dádiva leva as pessoas a uma nova dinâmica de vida. Elas assumem compromissos no seu cotidiano que espelham o amor de Deus. Tudo gira em torno da graça de Deus porque a Reforma teve início quando Lutero descobriu que Deus é misericordioso. A identidade luterana deita raízes nesta descoberta e neste reconhecimento.

Os referenciais centrais da identidade luterana são as Sagradas Escrituras, os Credos cristãos, a Confissão de Augsburgo e o Catecismo Menor de Martim Lutero.


Sagradas Escrituras
 

As pessoas cristãs evangélicas luteranas, pertencentes às comunidades da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), uma das igrejas-herdeiras da Reforma do século XVI, são identificadas como membros da Igreja da Palavra. Isto quer dizer que elas têm, como um de seus pilares confessionais e identitários, as Escrituras Sagradas que são a norma determinante do que é proclamado e ensinado.

Há, pois, um vínculo vital com a revelação de Deus legada pelas Escrituras Sagradas do Antigo e do Novo Testamentos. Eles contêm o testemunho dos profetas e apóstolos. Neles se encontra a voz do próprio Senhor da Igreja – Jesus Cristo.

A graça e misericórdia de Deus vem ao mundo e se revela por meio das Sagradas Escrituras. Pela ação do Espírito Santo elas se tornam palavra viva e provocam a fé nas pessoas. Toda a Escritura tem um só propósito: promover a Cristo.

As Sagradas Escrituras tornam-se para as pessoas evangélicas luteranas fonte orientadora de todo o seu testemunho e fonte inspiradora de sua prática. Elas despertam e sustentam a fé, a esperança e o amor. Tudo o que existe na igreja depende de sua autoridade ou carece de sua concordância e aprovação.


Credos cristãos
 

Ao longo dos séculos a Igreja cristã afirmou os conteúdos básicos de sua fé na forma de Credos. Com expressões bastante concisas, os Credos foram formulados em situações de crise e de ameaça à fé cristã.

As Igrejas da Reforma mantiveram a sua fidelidade a essas expressões de fé, dizendo-se herdeiras desta tradição. As pessoas evangélicas de confissão luterana se conectam a essa história. Assumem esta tradição e a integram em sua auto-compreensão.

Os Credos Antigos datam dos primeiros quatro séculos do cristianismo. São eles: o Credo Apostólico, o Credo Niceno-Constantinopolitano e o Credo Atanasiano.


Confissão de Augsburgo
 

Os cristãos defensores da reforma da igreja no século XVI formularam em uma confissão os eixos centrais em torno dos quais gira a fé cristã. Esta confissão ficou conhecida como Confissão de Augsburgo e ela é adotada hoje pela maioria das Igrejas Evangélicas Luteranas. As comunidades, que formam a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, assumiram este documento de fé como referência básica para a sua confessionalidade e identidade.

Na Confissão de Augsburgo transparecem os temas centrais da Reforma. Quando para a salvação “da alma” eram exigidas determinadas obras e rezas, peregrinações, sacrifícios e compra de indulgências, foi necessário recorrer à Bíblia e afirmar que somente Cristo é mediador e salvador. Cristo é a mensagem central da Bíblia, e a justificação do pecador se realiza somente pela graça de Deus oferecida por Cristo. E esta graça do perdão e da salvação pode ser recebida somente pela fé, não por obras e sacrifícios que nos tornassem merecedores diante de Deus. Esta fé, que recebe a graça, produz frutos de gratidão e torna a pessoa crente livre e atuante em obras de amor.


Catecismo Menor de Martim Lutero


Um desafio constante da Igreja cristã consiste na interpretação da Palavra de Deus e a sua contextualização. Martim Lutero constatou durante as suas visitações às comunidades, nos anos 1528 e 1529, que o povo cristão desconhecia os Dez Mandamentos, o Credo, o Pai-Nosso e o seu significado. Diante disso redigiu o Catecismo Menor para ser usado pelos pregadores e demais responsáveis pela educação na fé cristã. Neste Catecismo encontram-se os Dez Mandamentos, o Credo Apostólico, o Pai-Nosso, os Sacramentos do Batismo e da Santa Ceia e o Ministério da Confissão e da Absolvição.
 

O que importa é a fé que age por meio do amor.
Gálatas 5.6b
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