Culto e Liturgia



ID: 2653

Batismo - definições fundamentais

1. O termo batismo pode designar dois fenômenos distintos: num sentido mais restrito, o rito com água que é parte da liturgia batismal; num sentido mais amplo, todo o complexo de iniciação cristã. Para fins de clareza, convém empregar expressões explícitas como banho batismal, lavagem batismal, ato batismal ou batismo com água, quando se faz referência estrita ao rito com água. O termo batismo fica reservado, então, a um complexo mais amplo que também pode ser designado por iniciação cristã.

2. O batismo, ou iniciação cristã, é um conjunto de ações e estágios, através do qual uma pessoa é conduzida a ser cristã. A partir dos mais antigos relatos de batismo, como os de Atos 2.38-39 e 8.35-38, podemos dizer que o conjunto de ações e estágios da iniciação cristã inclui, basicamente: proclamação do Evangelho – uma primeira resposta à proclamação – ensino – profissão de fé – banho batismal – dom do Espírito Santo – incorporação à comunidade. A pessoa é conduzida a ser cristã porque o batismo lhe vem de fora, oferecido por Deus através da Igreja. Sendo conduzida a ser cristã, a pessoa ingressa na comunidade, um grupo humano de características próprias, diferente da sociedade em que se insere, marcado por compromissos éticos e de fé bem definidos.

3. Batismo é um meio da graça, assim como a ceia do Senhor e a pregação da Palavra. Todos os três têm, a rigor, o mesmo conteúdo: a auto-entrega de Deus por nós. O que distingue a ceia e o batismo é que são sacramentos. O que distingue o batismo é que se dirige a nós como pessoas individuais. Os sacramentos acionam outros canais de comunicação do que a Palavra. Nos sacramentos, Deus se adapta à nossa capacidade de percepção. Oferece-nos a possibilidade de o recebermos não só pela audição e pela razão, mas também pela visão, pelo tato, pelo olfato, pelo gosto. Oferece-nos, assim, a possibilidade de o abarcarmos também com a nossa emoção.

4. O batismo proclama e outorga à pessoa aquilo que Deus está fazendo para conduzi-la a uma vida de fé, incorporá-la ao seu povo, integrá-la ao seu Reino. Deus é o sujeito do batismo. Doa-se a nós, mergulhando-nos na morte e ressurreição de Jesus e liberando-nos para uma vida de fé e compromisso, no seio do corpo de Cristo. Deus é quem age. Quanto a nós, conseguimos, pela fé, receber o que Deus nos dá no batismo e, pela fé, buscamos viver uma existência que brota do batismo. O batismo não é conquista da pessoa. É dádiva de Deus através da Igreja.

5. Batismo não é o ponto final, mas o ponto inicial de uma existência de fé. O batismo não é um ponto de chegada, o coroamento de uma trajetória de êxitos, conquistas ou avanços. Ao contrário, é um ponto de partida, um presente que vai sendo desdobrado e vivenciado, na tensão do já e ainda não, da existência simultaneamente justa e pecadora, numa vida de fé que se empenha e anseia pela realização definitiva do Reino de Deus.

6. A Igreja nasce do batismo. Pessoas pertencem a uma comunidade cristã porque foram batizadas. Portanto, a Igreja nasce do batismo. Não pode haver ação mais importante na vida de uma igreja do que uma prática abrangente e responsável do batismo. Quanto não ganharia uma igreja se colocasse o exercício de todo o seu ministério numa perspectiva batismal?

7. A prática do batismo se fundamenta no batismo de Jesus e no uso da primeira comunidade cristã, registrado na Escritura. Ao contrário do que acontece no tocante à ceia do Senhor, os evangelhos não registram uma instituição do batismo por Jesus em vida, até ser morto na cruz. A única passagem dos evangelhos que traz uma referência relevante ao batismo é a grande comissão, uma palavra do Jesus ressurreto que encontramos em Mt 28.18-20. Esse texto manifesta a convicção da Igreja, de que a autoridade de batizar vem do próprio Jesus. Para a prática batismal da comunidade cristã dos primórdios, muito mais importante que o peso de uma passagem bíblica isolada era o fato de que Jesus mesmo – se submeteu ao batismo de João e afirmou, com isso, “cumprir toda a justiça” (Mt 3.15); – concordou que seus discípulos batizassem (Jo 4.2); e – igualou seu batismo com sua morte (Mc 10.38; Lc 12.50). A comunidade cristã não teria embarcado tão pronta e decididamente na prática do batismo, caso não estivesse convicta de, com isso, corresponder à vontade do próprio Jesus.

Fonte: Livro de Batismo da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil
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