Ministério geral das pessoas batizadas
Jesus Cristo é o único mediador entre Deus e os seres humanos. Jesus é o sumo sacerdote que nos permite acesso direto a Deus. Não há, portanto, necessidade de nenhuma outra mediação entre Deus e o ser humano a não ser Jesus Cristo.
A partir do batismo todas as pessoas se tornam participantes do Corpo de Cristo. Segundo a compreensão evangélica todas as pessoas batizadas são ministros (sacerdotes) e ministras (sacerdotisas) a serviço da causa de Deus na comunidade, na sociedade e no mundo. (1 Pedro 2.9) Cada pessoa tem acesso a Deus por meio de Jesus Cristo e também à Palavra de Deus presente nas Sagradas Escrituras. Pela multiforme graça de Deus são agraciadas por dons e carismas a partir dos quais tomam parte da edificação comunitária e do testemunho e vivência da boa notícia do Evangelho. Por isso cada pessoa cristã integra o ministério geral das pessoas batizadas e está habilitada e capacitada a se referir a questões de fé e da espiritualidade de forma livre e responsável.
O batismo estabelece um vínculo de igualdade entre os filhos e filhas de Deus de modo que não há judeu ou grego, senhor ou escravo, homem ou mulher. As hierarquias são derrubadas e todas as pessoas batizadas participam do ministério de Cristo. Elas recebem o mandato de serem mediadoras e servidoras da causa de Deus neste mundo. Assim, todas as pessoas, por meio do batismo e da fé, são chamadas ao ministério de modo que não há distinção entre pessoas ordenadas e não ordenadas. Todas as pessoas batizadas tem participação ativa na missão de Deus e na vida comunitária.
O ministério geral de todas as pessoas que crêem nada mais é do que a concretização da Igreja como corpo de Cristo em que cada membro participa e serve com o seu dom. Deus chama pessoas para a realização dos seus propósitos. Ele capacita, por sua graça e pelo seu Espírito, homens, mulheres, jovens e crianças para uma participação livre e alegre no testemunho evangélico.
A perspectiva igualitária do ministério geral abre horizontes e perspectivas ilimitadas para os membros da Igreja. Eles são chamados para servir nos mais diversos espaços de vida. Cada pessoa batizada é vocacionada legitimamente para o testemunho cristão na família, no lugar de trabalho/estudo e na sociedade em geral, ou seja, é chamada para exercer a sua cidadania cristã.
A partir do ministério geral não se estabelece uma hierarquia entre ministros e ministras ordenados/as e não ordenados/as. Procura-se evitar a prevalência ou a superioridade de uns sobre os outros. Na gestão das comunidades procura-se combinar os modelos de auto-gestão e co-gestão como exercício da co-responsabilidade de todos. Cultivam-se espaços para o debate e para o diálogo. Todas as pessoas batizadas são corresponsáveis pela preservação do anúncio correto da Palavra de Deus e administração correta dos Sacramentos.
Assim, cada pessoa batizada pode encontrar uma forma de colocar seus dons a serviço do próximo e da missão de Deus. Pode testemunhar o Evangelho através de palavras e ações no dia-a-dia. Pode interceder através da oração em favor de irmãos e irmãs. Pode exercer a sua atividade profissional através de um agir ético. Pode participar do serviço (diaconia) em favor das pessoas em situação de necessidade. Pode partilhar bens materiais através da contribuição à comunidade e da ajuda solidária. Pode colocar-se à disposição para assumir funções na comunidade de acordo com os dons recebidos.
O exercício do ministério geral de todas as pessoas batizadas no nível comunitário influencia o seu modo de pensar e de agir na sociedade. A sua vivência tem reflexos no desenvolvimento de uma cultura participativa. Fomenta a responsabilidade individual e incentiva o compromisso com a coletividade. Em suma, o ministério geral das pessoas batizadas promove a cidadania.