A igreja, como instituição divina, reconhece que ela deve a sua sustentabilidade à ação do Espírito Santo que cria a fé e a comunidade onde a Palavra é pregada e os sacramentos são administrados de acordo com o Evangelho. Deus congrega as pessoas e constitui comunidades de fé.
A igreja, como instituição humana, reconhece que a sua sustentabilidade passa pela capacidade de as comunidades, filiadas a ela, desenvolverem condições favoráveis para a sua sobrevivência institucional e organizativa no presente e no futuro, evitando esgotamento e sobrecarga de recursos que a mantém. Os membros são participantes ativos e, em sua articulação, garantidores da vida da Igreja.
À luz da fé os membros da Igreja reconhecem que Deus é a fonte doadora e mantenedora da vida. Tudo provém de suas mãos amorosas. Os filhos e filhas de Deus ficam imensamente agradecidos por todas as dádivas recebidas. Procuram administrar responsavelmente os recursos recebidos e colocá-los a serviço da missão de Deus.
A sustentabilidade da Igreja repousa sobre algumas pilastras importantes. Elas sustentam a base da vida organizativa e toda a ação que ocorre a partir dela.
a) A força participativa de milhares de membros de comunidades que, nos diversos níveis, colocam à disposição de forma voluntária, seus dons, sua inteligência e sua capacidade criativa. Sua dedicação e contribuição representam um lastro de sustentação para a gestão ministerial e administrativa e permitem a organização do testemunho evangélico.
b) As relações de comunhão e partilha, construídas historicamente entre comunidades, possibilitam projetos comuns de abrangência regional e nacional. Somam-se a elas os vínculos de parceria estabelecidos com instituições e entidades eclesiásticas no país e no exterior e organizações da sociedade civil e do Estado.
c) Os donativos e recursos financeiros, recebidos à base de diferentes sistemas de contribuição, permitem a manutenção dos trabalhos comunitários, a prestação de serviços à sociedade envolvente e o exercício da solidariedade. As contribuições, como resposta da fé, são colocadas a serviço da causa de Deus.
d) A conjugação de dons e donativos resulta na materialização de uma vasta rede de equipamentos comunitários (templos, capelas, salões, ginásios, centros comunitários, etc.) e sociais (escolas, colégios, faculdades, hospitais, centros sociais, etc.). Graças a essa base material torna-se possível uma intensa vida comunitária e uma significativa prestação de serviços à sociedade.
e) A produção de conhecimento em áreas relacionadas à atuação da Igreja e/ou áreas em que ela mantém relações de parceria e cooperação com outras organizações da sociedade civil e do Estado resultam em vasto cabedal de ideias e saberes que beneficiam as comunidades e a Igreja de forma direta ou indireta. Reflexões, estudos, pesquisas e levantamentos, relacionados à ação teológico-pastoral, diaconal, educacional, social e cultural, qualificam o testemunho evangélico.
f) A longa tradição teológica, ancorada na confissão luterana, e a multiculturalidade, representada pela convivência de diferentes grupos étnicos, fazem com que haja estofo para fazer frente a crises identitárias e corporificam uma experiência acumulada para administrar conflitos e tensões internas.
Estas pilastras, aliadas à promoção de uma cultura pró-ativa de planejamento, dão sustentação ao corpo eclesiástico no presente e no futuro. Deus sensibiliza, motiva e mobiliza. As pessoas colocam à disposição seus corações, suas mentes e, sobretudo, as suas mãos para servir na missão de Deus.