Culto e Liturgia



ID: 2653

Estudos empíricos recentes sobre o culto evangélico na Alemanha

19/10/2015

Estudos empíricos recentes sobre o culto evangélico na Alemanha

0. Introdução

“A teologia anela por fatos, por realidades.” Isso disse o teólogo alemão Paul Drews há aproximadamente cem anos. Ele teria se alegrado pelos anos 70 do último século, nos quais a teologia prática se voltou consequente para essa realidade, iniciou as primeiras grandes pesquisas e entrou em um frutífero diálogo com as ciências sociais e humanas. Fala-se de uma “reviravolta empírica” dentro da teologia prática na Alemanha. “Empiria” vem do grego e significa: experiência ou conhecimentos advindos da experiência.

“Sim, então não basta uma olhada na Bíblia? As coisas da fé também não são fatos e realidades?” Neste sentido se expressou Karl Barth a respeito do tema, ele foi um declarado opositor de toda forma de empiria. Barth não precisou de nenhuma pesquisa de opinião para elaborar uma dogmática em 14 volumes. E Bonhoeffer secunda: “Quem com a realidade começa, nela morre.”

Que o fosso desagradável ou – dito de forma mais produtiva – a tensão entre empiria e normatividade seja logo de início rapidamente mencionada para que nós saibamos sobre qual campo aqui nos movemos quando em breve olharmos pesquisas de opinião. Pois essa é a veracidade do ceticismo diante da empiria: não se pode equiparar indistintamente dados e realidade. Deve-se mencionar os conhecimentos almejados. Cada pesquisa empírica possui esse tipo de interesses. Já a formulação da pergunta, sim, que exatamente essa pergunta seja feita e não outra, entrega o perguntador. Dados não podem tornar-se diretamente argumentos. Eles não podem ser transformados de forma irrefletida em ação normativa. Muito antes, eles devem passar pela porta estreita da análise e da interpretação. Eles precisam de uma teoria teológica. Empiria é um instrumento da teologia, e não o contrário.

Em uma primeira parte eu gostaria de tratar do desenvolvimento dos números referentes às visitas ao culto e em uma segunda parte voltar a atenção ao conteúdo das expectativas das pessoas no culto.

1. Desenvolvimento dos números referentes às visitas ao culto

Para que se possa afirmar algo a respeito dos números referentes às visitas ao culto na EKD eu me reporto a cinco fontes (F). Em primeiro lugar me reporto à Pesquisa Social Geral (ALLBUS) do “Instituto Leibniz para Ciências Sociais GESIS”; em segundo lugar às Pesquisas de Membresia da EKD (KMU); em terceiro lugar à Estatística de Cultos da EKD e em quarto lugar às impressões subjetivas de cada um. A quinta fonte eu, por enquanto, ainda não entregarei, mas em poucos minutos a tirarei da minha cartola.

a) ALLBUS

A Pesquisa Social Geral (ALLBUS) acontece a cada dois anos desde 1980. Na parte fixa das perguntas encontra-se também a pergunta sobre a frequência da ida à igreja. A cada dez anos até mesmo acentua-se o tema da religião com um grande número de outras perguntas do âmbito da igreja. Por isso mesmo é surpreendente que os resultados dessas entrevistas social-científicas praticamente não são consideradas na teologia prática. Nós nos limitamos aqui à pergunta pela frequência da ida à igreja. (F) Uma olhada nos números dos anos entre 1982 e 2014 revelam o seguinte quadro. (F) Eu simplifico: cerca de 20% dos cristãos evangélicos dizem que nunca vão à igreja. 40% vão mais raramente do que mais frequente no ano, ou seja, talvez somente no natal. Aproximadamente um quarto dos entrevistados visitam os cultos mais vezes por ano. E aqueles dedicados frequentadores da igreja somam com leve oscilação em torno de 15%. O surpreendente para mim nesta visão de conjunto para além de 35 anos de história do culto é a estabilidade dos números. Aqui eu não posso estabelecer com boa consciência uma tendência.

b) As Pesquisas de Membresia da EKD (KMU)

Desde 1972 são aplicadas na área total da EKD as assim chamadas “KMU”. Também no repertório fixo dessas pesquisas pertence a pergunta pela auto avaliação da frequência de idas à igreja. Essas entrevistas são repetidas a cada dez anos, sendo que dessa forma nós temos aqui um desenvolvimento que pode ser seguido atualmente por mais de 40 anos. Infelizmente a comparação fica prejudicada pelo fato de que a cada ano as categorias mudaram. (F)

Sobressai o fato de que as frequentes categorias de ida à igreja (semanalmente até no mínimo uma vez no mês), em azul escuro na parte esquerda, de forma alguma diminuem, mas sim que desde 1972 até mesmo aumentaram. (F) A parte daqueles que nunca vão à igreja varia de um lado para o outro e por último demonstra uma leve tendência de crescimento.

O comparativo entre ALLBUS e KMU (F) mostra que as pessoas entrevistadas pela KMU se avaliam como evidentemente mais dedicadas frequentadoras da igreja do que na ALLBUS. Isso pode ser explicado pelo fenômeno da expectativa social. Ou seja, se os representantes da igreja perguntam, então se prefere responder o que eles querem ouvir. Diante de entrevistadores das ciências sociais gerais pode-se permanecer neste ponto mais perto da verdade.

c) As estatísticas de culto da EKD

Desde 1975 me estão disponíveis os números da EKD referentes às estatísticas de culto a respeito dos participantes dos cultos dominicais e cultos festivos. Trata-se em rigor de sondagens. A cada ano são levantadas as médias anuais de visitas a partir da seguinte fórmula: Domingo de Invocavit multiplicado por 2 mais primeiro domingo de advento dividido por 3 (F). Ou seja, o número de visitantes de um domingo “normal” qualquer, neste caso do Invocavit, é duplicado, os visitantes de um culto “especial”, que por via de regra é mais visitado, neste caso o primeiro domingo de advento, é acrescentado e o resultado é dividido por três. Por este cálculo resulta os seguintes números para os últimos anos. (F)

Depois a média de visitas subiu de 4,2 até 4,7 nos anos 70 até o início dos anos 80. Em seguida decresceu continuamente até os atuais aproximadamente 3,6 até 3,7%, os quais, porém, se mantém constantes desde os anos 2000. Também aqui apresenta-se uma leve tendência decrescente.

Que tipo de dados se nos apresenta até aqui? Os resultados de duas pesquisas de longa duração (ALLBUS e KMU), que revelam muito sobre a auto avaliação, mas que não revelam necessariamente tudo sobre os números reais. E uma estatística de longa duração que repousa sobre uma sondagem. Estas sondagens possuem, no entanto, certamente um potencial comparativo, pois elas são efetuadas a cada ano da mesma maneira. Apesar disso, é possível perceber aqui uma grande e muito perceptível discrepância: se as pessoas que respondem à ALLBUS e à KMU avaliam de forma correta seu comportamento diante das idas à igreja, então os nossos cultos deveriam estar definitivamente mais cheios. Somente para demonstrar isso claramente a partir dos últimos dados da KMU.

Se realmente 22,4% dos membros da igreja visitam no mínimo um vez por semana o culto, então em uma comunidade com 3000 membros (a um lugar de pregação no norte da Alemanha pertencem normalmente esse número de pessoas) deveriam aparecer ao culto a cada domingo 672 pessoas. A maioria das igrejas seriam para isso muito pequenas e a partir disso deveriam oferecer mais cultos no domingo. Até mesmo se se considera que as pessoas talvez pensem nos ofícios (assim como sepultamentos) durante a semana e esses mentalmente os conta, ainda assim esse número está bem acima do número de pessoas que realmente aparecem. Como se pode esclarecer este fenômeno? Ao lado do comportamento da expectativa social diante das respostas e do número de pessoas que contam os ofícios poderia ser também considerada a expressão de importância que o culto possui para as pessoas. Ou seja, talvez as pessoas mencionam inconscientemente o número de vezes que elas, no fundo, iriam ao culto. Claro está: as pessoas perguntadas aqui evidentemente não respondem no indicativo, mas sim, muito antes, em um tempo que eu gostaria de caracterizar como “optativo cúltico”. Um tempo no qual desejo, estima e real ida à igreja entram em uma relação, a qual ainda não foi matematicamente sondada.

d) Avaliação subjetiva

A avaliação subjetiva da maioria das pessoas na Alemanha, a nossa quarta fonte, se deixa descrever simplesmente da seguinte forma: “cada vez menos pessoas vão à igreja, elas estão cada vez mais velhas, somente vem ainda de um jeito ou de outro mulheres e confirmandos.” Essas frases são repetidas sempre de novo. Elas são repetidas em forma de mantra pelos jornalistas como introdução a qualquer tema a respeito da igreja, indiferente se eles tem algo a ver com a ida à igreja ou não.

O que é correto na tendência de “morro abaixo” com a qual até aqui nos deparamos é a realidade que o número de cristãos evangélicos realmente está diminuindo. Isto acontece através do desligamento da igreja, mais ainda através do desenvolvimento demográfico. Ou seja, nascem menos pessoas do que morrem e por isso menos pessoas são batizadas, respectivamente as crianças são batizadas cada vez mais tarde, também as de pais evangélicos. Dos 26 milhões de membros evangélicos ainda no ano de 1950 (51,5% da população) o número de evangélicos regrediu em 1980 para 25 milhões (41,1% da população) e contava em 2010 ainda malmente 21 milhões (31,9% da população, números somente da Alemanha ocidental).1

Assim não surpreende que o fiel visitante do culto perceba em muitas comunidades que menos pessoas venham ao culto. As comunidades tornam-se finalmente menores sem que o edifício da igreja encolha junto (por outro lado, como consequência disso cada vez mais edifícios evangélicos são abandonados e comunidades fusionadas). Isso esclarece, em partes, a impressão subjetiva e não iriam pôr em questionamento as estatísticas da EKD, que são números percentuais, ou seja, relacionam idas à igreja e número de membros.

Apesar disso, as quatro fontes mencionadas não consideram um fenômeno que há anos desempenha um crescente papel e que relativiza o aparente objetivo e inabalável movimento de decréscimo relativo às visitas ao culto. Isso me traz finalmente à quinta fonte, que nos fornece explicações sobre o comportamento dos cristãos evangélicos na Alemanha a respeito das idas à igreja.

e) O Projeto de Contagem de Oldenburg

Os oldenburguenses, um distrito eclesiástico com 80.000 membros com 24 lugares de celebração de cultos, queriam saber com exatidão: Quantas pessoas nós alcançamos com nossos cultos durante um ano? Os oldenburguenses não queriam confiar nem em opiniões subjetivas nem em sondagens da EKD. Eles tinham a suspeita de que os números da EKD eram cada vez menores do que o que representava a realidade. O que eles fizeram? Eles se propuseram durante todo um ano a colocar em estatísticas todos os cultos do seu distrito eclesiástico. Eles nos encarregaram, a nós do Centro para Desenvolvimento de Qualidade no Culto em Hildesheim, a preparar e avaliar estas contagens. E uma contagem dessa natureza, esta avaliação foi a primeira de todas não apenas em Oldenburg, mas sim em toda a EKD.

Esses são os números para todo o distrito eclesiástico (F). Assim como mostra a linha azul, a visita ao culto em Oldenburg movimenta-se entre 1,3 a 3,6%. Essas são as pessoas realmente contadas em cultos dominicais e festivos. Como se comporta diante disso a média obtida pela sondagem da EKD? Na maioria das vezes a linha da EKD (em vermelho) está inclusive mais alta, casualmente ambas as linhas se encontram, mais raramente ela está abaixo. Então os jornalistas tem, de fato, razão? Nós não apenas estamos contados nessa depressão, mas passamos realmente por uma? Não, pois somente as lâminas seguintes mostram os números decisivos. A comunidade de Ofenerdieck deve servir aqui como exemplo representativo. (F) Primeiramente o corte da EKD de 2,82%, que aparentemente mal pode ser alcançado pelos números dos visitantes do culto em domingos e dias festivos.

(F) Já a inclusão dos batismos traz um acréscimo digno de ser mencionado. Por que participantes de festividades extras referentes a batismos não as contam junto? Na Alemanha os cultos com batismo são ocasionalmente melhor visitados do que os assim chamados cultos principais que antecedem.

Entrementes a cultura de culto no final de semana se diferenciou essencialmente. Por isso são contados na próxima curva os cultos que aconteceram na sexta-feira à noite, sábado à noite e no domingo à noite, ou seja, p.ex. culto das crianças, culto dos jovens, culto com crianças pequenas, culto de apresentação, do dia mundial de oração e confirmações que foram celebradas no sábado. O que acontece em Ofenerdiek se esses cultos forem considerados? (F) O corte da EKD é alcançado. Mas com isso ainda não basta.

Um número expressivo de cultos acontecem em ancionatos, hospitais, instituições para deficientes e prisões. Eu os chamo de “cultos diaconais“. Normalmente estes não acontecem no final de semana. (F) A expansão da curva para 3,16% não é tão considerável, mas mesmo assim afasta-se aos poucos do corte da EKD – e, haja dito, na direção certa.

(F) Ainda são acrescentados os cultos nos jardins de infância e (F) as repartições do distrito eclesiástico, isto é, todos os cultos que por via de regra não são contados por comunidades, ou seja, cultos em hospitais, cultos diaconais que vão além das comunidades, convenções de pastores, cultos nas escolas, etc. Esses cultos, pelos quais os responsáveis estão muito frequentemente localizados no distrito eclesiástico ou na igreja territorial como pastores em funções específicas, caem fora de toda estatística e não são contados em lugar algum. Esse acréscimo é, mais uma vez, considerável. O corte da EKD não está mais no horizonte.

(F) Agora se pode acrescentar ainda os sepultamentos. A partir daqui proíbe-se a comparação com o corte da EKD, já que ele também não contém os ofícios. Mas não deixa de ser considerável quantas pessoas são alcançadas justamente por cerimônias de sepultamento durante o correr de um ano. Afinal de contas, aqui também é anunciado o Evangelho.

(F) O último passo seria considerar todos os cultos, inclusive meditações, casamentos e jubileus casuais. Vê-se que diante dos outros cultos, esses não conferem o maior crescimento de todos. – Mas agora vejam: 1,64% de pessoas que vão ao culto em cultos dominicais e festivos foram contados no início contra 6,27% a partir da consideração de todos os cultos. Em vermelho está marcado tudo o que se encontra sobre o corte da EKD. Assim apresenta-se a pergunta: Ofenerdieck é uma excessão?

(F) A comunidade de Osternburg apresenta um quadro bem parecido.

(F) A comunidade de Oldenburg alcança e ultrapassa o corte da EKD somente a partir da consideração dos departamentos do distrito eclesiástico.

Para não permanecer apenas em casos isolados, é importante um olhar sobre todo o distrito eclesiástico. Aqui se apresenta que em média o corte da EKD é superado a partir da consideração dos cultos do final de semana e que o total de pessoas alcançadas por meio de cultos, sem contar as meditações, ofícios, casamentos e sepultamentos, fica aproximadamente 2% mais alto. No âmbito de percentuais no qual nós nos encontramos, o corte da EKD representa com isso apenas 56% do número e pessoas que são realmente alcançadas.

Dessa forma mostra-se que o corte da EKD não representa até hoje de forma apropriada o desenvolvimento da cultura de culto. Ele não sabe nada sobre novos formatos de culto e seu crescente disseminação pela semana. O projeto de contagem de Oldenburg mostra em contrapartida a incrível riqueza de cultos que existem neste campo. Em média, cada membro da comunidade é alcançado por cultos 3,5 vezes por ano – isso já é alguma coisa.

No geral é assim que o número de membros das grandes igrejas cristãs evangélicas na Alemanha diminuem continuamente. Mas sobre uma base percentual, o comportamento no que diz respeito à visita ao culto permanece estável. No entanto, a visita desloca-se dos cultos dominicais normais cada vez mais forte para cultos especiais, para cultos em instituições e em ocasiões especiais. Pode-se observar que o significado dos ofícios, justamente também através de novos ofícios como cultos de início das aulas, cerimônias fúnebres públicas, cultos de jubileu e festas, está crescendo. Apesar de sua má fama (“tediantes”), o culto alcança muitas pessoas também para além das fronteiras da membresia.

(Conversa a respeito do que foi ouvido e/ou pausa breve)

2. Expectativas sobre o conteúdo do culto

A segunda parte da minha palestra trata das expectativas sobre o conteúdo do culto. As fontes desta parte são as recentes pesquisas de membresia da EKD, do ano de 2012, os estudos de ambientes específicos dos últimos anos, um estudo bávaro sobre culto que foi publicado em 2009 e uma pesquisa online a respeito de culto que nosso centro efetuou em 2013.

a) A Pesquisa de Membresia V (Estudo da EKD)

“O que lhe é pessoalmente importante em um culto?” Esta foi a pergunta principal que a KMU V dirigiu a cristãos que, no mínimo, mais vezes por ano vão ao culto. Os itens das respostas foram pré-estabelecidos. Aqui estão eles listados na ordem de adesão. Um culto... (F)

Em percentuais Alemanha oriental e ocidental (Respostas 6+7)

deve ter antes de tudo uma boa pregação. 81
deve transmitir esperança. 77
deve tratar de temas atuais importantes.  74
deve me dar um sentimento de comunhão com outros. 72
deve ser moldado por uma linguagem atual apropriada. 70
deve ter Jesus Cristo no centro.  63
deve acontecer em uma igreja bonita.  61
deve ser celebrado com a Santa Ceia.  59
deve me fazer experimentar algo de sagrado.  58
deve me ajudar a direcionar minha vida.  55
deve ter antes de tudo músicas eclesiásticas clássicas. 52
deve me estimular a refletir adiante.  49
deve conter músicas eclesiásticas modernas, também Gospel.  40


Conversa a respeito: Quais observações você faz?

b) Estudos de Ambientes/ de públicos Específicos

Com a ajuda de dados do estudo antecedente KMU 4 e entrevistas complementares mais pormenorizadas desenvolveu-se uma descrição de seis ambientes de vida que se diferenciam através de suas preferências estéticas, suas orientações de valor, suas preferências a respeito de experiências e seus esquemas de prazer. (F) Diferentes públicos tem diferentes expectativas com respeito ao culto. (K) Os assim chamados “superculturais” veem o culto antes de tudo como uma ação cultual tradicional, eles gostam de uma linguagem elaborada, estética complexa, mas são intimidados por trivialidades, movimento e por demasiada corporalidade, assim como o contato físico. Para os “pés-no-chão“ o culto é a certificação de um mundo intacto. Para este a estética deveria ser simples, a comunhão e o sentimento de proteção são importantes para eles, mas se sentem incomodados com demasiadas exigências intelectuais ou acadêmicas. (K) Os assim chamados “sociáveis” preferem uma estética popular, símbolos, alusões, histórias devem aparecer com prazer, mas rigidez e dogmatismo os assusta. Para eles o culto é antes de tudo uma experiência social. (K) Elementos meditativos, possibilidades de participação, mas também referência crítica à sociedade são elementos do métier dos “críticos”, para os quais o culto é um tempo de reflexão e meditação. Esse grupo pode ser buscado com tradicionalismo, formalismo e com grandes encenações harmoniosas. (K) Para os “móveis“ o culto é um evento religioso com possíveis prédicas originais e envolventes, estética e um alto caráter de experiência. Toda forma de severidade, dogmatismo ou compromisso é mal visto. (K) Os assim chamados “tímidos” desejam no culto uma apresentação tradicional, uma estética simples, estrutura clara e direção. O seu lugar preferido é a última carreira de bancos. Lá eles podem rapidamente sumir caso o culto, contra o esperado, exigir participação e aproximação.

Rodada de discussão: O que o estudo de públicos específicos significa para a realização de um bom culto?

c) O estudo bávaro sobre culto

O estudo sobre culto, proveniente da Baviera, (F) foi realizado pelo Instituto sobre Culto de Nürnberg em cooperação com a Universidade de Bayreuth já no ano de 2000. Ele não pergunta intencionalmente de forma direta sobre cultos, mas sim sobre rituais de uma forma mais geral. A partir de conversas livres com 50 bávaros, ele quis descobrir qual o significado de rituais cotidianos para a elaboração de sentido em um mundo moderno. No entanto, no pano de fundo estava em segredo a pergunta (K) pelo motivo de as pessoas irem alo culto. Alvo do estudo foi encontrar nos rituais cotidianos as necessidades, relevâncias e modelos de significância que mais tarde também pudessem ser comparados com os cultos. As seguintes sete áreas temáticas foram encontradas.

Sentir alegria de vida (2K)

Rituais servem para se desfrutar da vida com consciência. Eles são buscados de forma consciente para se ter uma possibilidade de sentir alegria de viver.

Expressar a autodeterminação (2K)

Pessoas interpretam o mundo e sua vida através de rituais. Aqui também perguntas religiosas desempenham um papel. Com isso elas mostram que agem de forma autodeterminada. Elas tem o sentimento de ter suas vidas, ao menos em parte, em suas próprias mãos e que são parcialmente construtoras de sua própria alegria. (“Eu creio em Deus, mas assim como eu entendo como certo e não assim como a igreja quer me prescrever.”)

Experimentar sentido de vida (2K)

Rituais podem tornar o sentido de vida experimentável: sentido se experimenta no estar junto com outros, quando se tem relacionamentos plenos – também isso pode ser interpretado de forma religiosa (“nós fomos predestinados um para o outro”) – ou quando se se experimenta em sintonia com a natureza. Ou quando no fim do dia se abre cerimonialmente uma cerveja pelo fato de se ter terminado a “obra do dia” (isso principalmente homens).

Vivenciar Locality (2K)

Através de “locality“ não se está pensando simplesmente em comunhão. Também diz respeito a um sentimento de pertencimento [Beheimatung]. (Comunhão, sentimento de pertencimento, pertença = locality). Rituais servem para se assegurar do pertencimento a uma comunhão. A isso também pertencem atividades conjuntas. Para além disso, rituais servem para o intercâmbio e para a troca de informações.

Exercer o cuidado consigo mesmo (2K)

Rituais auxiliam a se recolher das exigências do cotidiano, ajudam a desligar, a relaxar (banheira, velas, vinho tinto). Eles podem conceder espaço para introspecção e reflexão. Eles oferecem recursos para recarregar as forças, para administrar crises ou até mesmo a vida. Aqui é importante a referência a si mesmo: Quer-se encontrar o próprio centro, encontrar-se consigo mesmo, sentir-se a si mesmo. Por isso aqui é importante o tema saúde e corporeidade: deseja-se sentir a própria corporeidade.

Conseguir estrutura e orientação (2K)

Rituais estruturam o dia a partir da alternância de tempo de trabalho e tempo livre, de semana e final de semana e o correr do ano. Isso vale para as pequenas coisas, assim como em um ritual noturno ao lado da cama de uma criança, em festas e jogos de futebol, na programação do final de semana, até grandes coisas como ritmos de aniversário, natal, jubileus. Tudo isso fornece orientação e familiaridade, produzindo um sentimento de segurança.

Perceber a estética (2K)

Alguns rituais também podem, por fim, mediar certas experiências estéticas: a mesa é arrumada e decorada, a comida é servida de forma especial, pois os olhos comem junto, também a música desempenha frequentemente um papel importante, ambientes são preparados.

Rodada de conversa:
• Na sua opinião, quais das sete funções de rituais também deveriam ser importantes para o culto e até que ponto? Quais não?
• A partir da sua experiência, até que ponto o culto já hoje considera estas sete funções?

d) Entrevista online do Centro para Desenvolvimento de Qualidade no Culto

No ano de 2013 (F), o Centro para Desenvolvimento de Qualidade no Culto realizou uma entrevista online a nível nacional, na qual participaram 1756 pessoas evangélicas. Trata-se aí em grande parte de pessoas que são muito próximas da igreja. A amostragem alcançada vai acima da média à igreja, a metade deles sente-se muito ligada à igreja e três quartos são trabalhadores voluntários na igreja. Com isso o estudo não é, a princípio, representativo, mas nós ficamos sabendo de algumas coisas sobre as expectativas e posicionamentos das pessoas com as quais nós na maioria das vezes estamos lidando – mesmo que isso não seja a maioria da membresia.

Foram expressas as seguintes expectativas, da mesma forma devido a respostas pré-estabelecidas. A linha esquerda (a área cinza escuro) mostra o número de pessoas das quais essas expectativas eram importantes, o campo branco são as que não conseguiam decidir entre importante e irrelevante e a área cinza escuro mostra em três graus que as expectativas não são assim tão importantes. Por base estava uma escala com sete posições entre os polos “muito importante” (cinza claro) até “nenhum pouco importante” (cinza escuro). (F)

(Apresentação oral dos resultados)

Esclarecedor é agora a comparação das expectativas segundo o grau de ligação dos entrevistados. (F) Quais diferenças você observa?

(Intercâmbio oral sobre as diferenças)

Nós percebemos uma grande abundância de expectativas, em partes elas eram até mesmo contraditórias. Como se deve proceder com essa abundância? Amanhã eu irei prosseguir a partir daqui e com o modelo do “Campos de ação do culto” tentarei uma resposta a essa pergunta.


Palestra apresentada por ocasião do Seminário Interncional sobre Culto e Liturgia - Santos/SP


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