1. Fundamentação:
O que diz o Guia Nossa Fé – Nossa Vida sobre ser membro:
Quem é membro da IECLB?
Somos membros da IECLB pelo Batismo que ela administra ou reconhece.
O membro de outra igreja cristã é admitido mediante profissão de fé, após ter recebido a necessária instrução sobre a doutrina e vida comunitária da IECLB. A admissão de menores de catorze anos deve ser requerida pelo responsável por sua educação.
Todas as pessoas batizadas são inscritas no quadro de membros da comunidade.
Temos direito a voz e voto na assembleia da comunidade, a partir da confirmação ou profissão de fé. Podemos ser eleitos para cargos deliberativos a partir dos dezoito anos, e para cargos executivos, a partir dos 21 anos.
O que faz o membro da IECLB?
O membro integrado na comunidade participa na vida de culto da comunidade.
É ali que Deus nos serve, por meio da palavra, dos sacramentos e da comunhão fraternal, em solidariedade e partilha. O serviço de Deus nos conforta, liberta e nos desafia para lhe servirmos na comunidade e no mundo em que vivemos.
Por gratidão, o membro contribui financeiramente com a comunidade, para que esta possa realizar a missão de Deus no mundo, manter a sua administração, bem como da paróquia, do sínodo e da IECLB.
A comunidade é, pois, alvo e instrumento da missão de Deus. A fim de conscientizar e capacitá-la para essa tarefa, Deus lhe concede ministérios, cargos e funções.
Guia Nossa Fé – Nossa Vida
Texto completo do Guia
O que dizem manifestos e posicionamentos da Direção da IECLB referente a ser membro:
Fundamental é que as condições de membresia são apenas duas: o batismo de acordo com a ordem de Jesus Cristo, ou seja, com água e em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, e o reconhecimento das bases confessionais da IECLB. O estabelecimento de condições adicionais para membresia contraria os documentos normativos da IECLB.
Posicionamento Quem é membro da IECLB? - 2007
Texto completo do Posicionamento
No Novo Testamento o termo discípulo é apenas uma designação dos seguidores de Jesus, ao lado da qual existem outras. Paulo prefere falar em santos, chamados, amados de Deus, etc. quando se reporta aos que creem. Na primeira carta de Pedro os cristãos são chamados eleitos, sacerdócio real, nação santa. Outros títulos mais poderiam ser enumerados. Apesar desta variedade, o termo discípulo ocupa uma posição de destaque, particularmente nos quatro evangelhos. Considerando passagens como Mt 28,18s; João 8,31; Atos 6,1; etc. torna-se evidente ser “discípulo” um sinônimo importante da palavra “cristão”.
No entanto, o significado deste termo não se obtém mediante a simples tradução verbal, pois o que o discípulo vem a ser em sentido cristão, isto se define adequadamente apenas a partir de seu mestre Jesus Cristo. O Novo Testamento é unânime em afirmar que o mestre é aquele que, pelo mundo e por isto também pelos seus discípulos, deu a sua vida. Logo ele é mais do que um professor, instrutor ou pedagogo. Ele é, muito antes, o salvador, redentor. Consequentemente os discípulos de Jesus não podem ser caracterizados apenas de alunos, estudantes ou aprendizes. Eles recebem mais do que ensinamento, eles recebem o perdão dos seus pecados, a liberdade, a esperança, eles recebem o Espírito Santo e a filiação divina, recebem novidade de vida, são feitos novas criaturas. A obra de Cristo determina o que são os seus discípulos.
É claro que em sentido literal o termo “discípulo” não cobre este conteúdo. Aliás, nenhum termo é capaz de reunir em si a plenitude do que é a existência cristã. É preciso respeitar a complementariedade das designações encontradas no Novo Testamento, pois elas individualmente ressaltam apenas certas dimensões do ser cristão e necessitam, por esta razão, da consideração do pano de fundo integral, que é o Evangelho, para serem inequívocas e precisas. O mesmo ocorre com o termo “discípulo” que fixa um elemento constitutivo da existência na fé sem que isto permitisse desconsiderar as demais peculiaridades da mesma, decorrentes da natureza do senhor e mestre de todos.
O específico a ser expresso pela designação “discípulo” naturalmente consiste em ser o cristão envolvido num processo de aprendizagem, permanente por definição. No entanto, cabe atentar para o tipo de aprendizagem, condizente com o Evangelho e o senhorio de Jesus Cristo. São vários os seus aspectos:
a) Logicamente Jesus tem uma mensagem, ou seja, também doutrina, a transmitir. Os seus discípulos são instruídos nos ministérios do reino e intimados a guardarem e ensinarem todas as coisas que lhes ordenou.
Também a Igreja desenvolveu uma doutrina, na qual ela procurou coordenar a sua confissão e dar expressão às verdades da fé. Esta doutrina, seja a de Jesus, seja a da Igreja, encontra-se codificada na Bíblia, no Catecismo, nos escritos confessionais e em outra literatura cristã. Portanto, existem conteúdos do Evangelho a serem aprendidos e adquiridos. Seja enfatizado, porém, que esta instrução engloba não só a recitação de textos, mas também a reflexão crítica com o objetivo de garantir verdadeira compreensão dos mesmos. Aprendizagem cristã não dispensa o homem da necessidade de adquirir conhecimentos nem do esforço intelectual.
b) Mas o cristão deve aprender não só conteúdos, ele deve aprender o próprio ato da fé. Trata-se da assimilação existencial da salvação proporcional por Jesus. Crer implica em transformação da pessoa, em mudança de mentalidade, em nova visão de Deus, homem e mundo, enfim, em novidade de vida. Se no item anterior prevaleceu o aspecto instrução, está sendo focalizada agora a educação, orientada em criar a conformidade do homem com a oferta salvífica do Evangelho. É a aprendizagem resultante da confrontação do Evangelho com a existência do pecador. O dom de Deus deve corporificar - se em atitude e ação do homem, ou seja, o homem deve aprender o amor, a esperança, a liberdade e as demais dimensões da fé.
c) A esta educação pertence intrinsecamente o aspecto da maturação, respectivamente da aprovação da fé na vida cotidiana. A fé fez experiências na realidade vivencial, quer positivas, quer negativas. Seguir a Jesus pode dar a sensação de imensa felicidade, mas pode ser também caminho áspero, cheio de obstáculos, de sofrimento e provação. Ambas as experiências não se excluem na verdade só em conjunto promovem o amadurecimento e o crescimento do Cristão. É a aprendizagem resultante da confrontação da fé com a realidade do mundo e da necessidade de uma contínua confirmação do batismo pela conduta.
d) Todos estes aspectos confluem e, de certo modo, alcançam o seu ápice num último: Ser discípulo significa aprender o cumprimento da missão cristã. Deus não quer apenas a nossa salvação individual, ele quer a salvação do mundo (!). Por isto Jesus envia os seus discípulos para serem arautos do reino de Deus, sal da terra e luz do mundo. Salvação é oferta universal, razão pela qual Jesus reservou uma tarefa a seus discípulos que os faz devedores de todos os homens. O desempenho desta missão requer:
- Amor ao mundo e à criação de Deus. Isto significa que o cristão deve aprender a ser reflexo do amor com que ele mesmo, por Deus, é amado. Este amor inclui responsabilidade pelo mundo, o empenho em conservá-lo e em relembrar-lhe a libertação que Deus lhe destinou. Isto não será possível sem a denúncia das injustiças e dos pecados por um lado e o anúncio da obra redentora de Deus por outro.
- Tradução da mensagem evangélica em testemunho autêntico. Existe o testemunho pela palavra e o testemunho pela ação. Testemunho autêntico é o conjunto de ambos.
- Interpretação correta do Evangelho. Visto que Jesus não deu a seus discípulos um código de leis suscetíveis de serem aplicadas mecanicamente em qualquer situação, mas uma nova mentalidade e uma nova orientação, ele exige dos seus discípulos considerável trabalho, a saber, buscar em responsabilidade própria as respostas aos problemas atuais a partir do espírito do Evangelho que é o Espírito Santo.
- Análise do mundo, ao qual o Evangelho se destina. Este mundo é, antes de mais nada, o ambiente imediato em que o cristão, respectivamente a comunidade se encontra. Os discípulos não serão entendidos e o seu serviço, ainda que bem-intencionado, será ineficaz, de atuarem num mundo existente unicamente na sua imaginação. Neste caso estará sendo impedida a encarnação do Evangelho que, por isto mesmo, não se comunica.
- O cristão é convocado a aprender a concreticidade do Evangelho. A mensagem salvífica se projeta para dentro de todos os setores da vida humana, ela possui consequências na esfera espiritual e corporal e tem por meta a salvação do homem todo, isto é, a eliminação e superação de todos os males que o aflige. A manifestação desta concreticidade do Evangelho exige coragem e intrepidez por parte dos discípulos.
Os aspectos mencionados nos itens a) a d) estão estreitamente ligados entre si e não toleram ser divorciados. Onde a ênfase recair de modo unilateral em um deles, surge o perigo de o Evangelho ser adulterado e a Igreja sofrer sério prejuízo. Aprendizagem cristã é um processo complexo, incapaz de ser atendido por alguns cursos, concluído com certa idade e encerrado com uma série de experiências espirituais. Do mesmo modo, porém, a referida complexidade não encontra atendimento adequado na solidão do indivíduo. Jesus congrega os seus discípulos em comunidades. A vinculação dos discípulos entre si constitui outra componente essencial do discipulado, razão pela qual ela merece especial atenção.
Posicionamento Discipulado Permanente – Catecumenato Permanente – 1974
Texto completo do Posicionamento
2. Desdobramentos práticos referente ser membro:
A filiação como membro se dá via-de-regra, mas não necessariamente, na área de residência do membro abrangida geograficamente pela Comunidade. Contudo, particularmente nas cidades maiores e metrópoles a escolha da Comunidade de filiação como/pelo membro pode se dar por outros critérios ou razões (relacionamentos, mudança de local de residência, estilo de trabalho da Comunidade etc.). Os documentos normativos estabelecem um critério geográfico determinado apenas para os sínodos (Const. Art. 15 e RI Art. 28). Esses sim são claramente delimitados em sentido de extensão geográfica. Quanto ás comunidades há variações possíveis, embora todas elas estejam abrangidas por um sínodo.
Quanto ao batismo, essencial para quem é membro, o guia para vida comunitária intitulado “Nossa Fé – Nossa Vida” ainda esclarece que os membros o são em virtude do batismo administrado ou reconhecido pela IECLB. Ou seja, a IECLB, para além dos batismos por ela mesmo efetuados, em uma de suas comunidades, reconhece o batismo de outras igrejas, sempre que tiver sido ministrado com água e em nome do Trino Deus, recusando, por conseguinte, qualquer prática de rebatismo. Precisamente aí residiu o contencioso com o movimento carismático no debate interno recente na IECLB.
Pessoas oriundas de outras igrejas são, então, admitidas, conforme “Nossa Fé – Nossa Vida”, pelo reconhecimento de seu batismo e “mediante profissão de fé, após ter recebido a necessária instrução sobre a doutrina e vida comunitária da IECLB”. Fica desta forma resguardada também a segunda condição de membresia, o reconhecimento das bases confessionais, naturalmente assumidas numa profissão de fé pessoal.
O RI ainda estabelece que “a admissão de menores de quatorze (14) anos deverá ser requerida pelo responsável por sua educação” (Art. 13).Via-de-regra isso se dá conjuntamente com a solicitação do batismo para filhos e filhas. No batismo então efetuado, as pessoas responsáveis (pai, mãe, padrinho, madrinha, além da própria comunidade) assumem o compromisso da educação evangélica. Mas as pessoas batizadas, também crianças, passam a ser efetivamente “membros” da Comunidade.
Assim todos os membros admitidos à Comunidade por seu Presbitério (através do batismo ou mediante profissão de fé) devem nela ser inscritos como tal (RI Art. 15). Portanto, a Comunidade deve manter um cadastro de seus membros. A partir dos quatorze anos, idade em que em muitas comunidades ocorre a confirmação, os membros o são por vontade própria e deveriam ser arrolados como tais, inclusive para efeitos de contribuição financeira, mesmo que esta venha a ser mais de cunho simbólico pela não existência efetiva de rendimentos.
A Comunidade, junto com pais, mães, padrinhos e madrinhas, tem uma responsabilidade contínua de instrução na fé para com as pessoas que tenha batizado ou admitido na Igreja. Contudo, embora a Igreja deva se empenhar com afinco e seriedade pela educação cristã contínua, não se pode entender o conhecimento detalhado da fé cristã de confissão luterana como pré-condição para a membresia na IECLB, mas sim um conhecimento básico da fé, a ser complementado pela educação continuada que se estende por todas as etapas da vida.
Por isso, os documentos normativos falam de “reconhecimento das bases confessionais da IECLB”, ou seja, não poderia ser aceito como membro quem, conscientemente, rejeita as bases confessionais da IECLB; portanto, não as reconhecendo. Inversamente: não se estabelecem para a condição de membro na IECLB critérios quantitativos, como, por exemplo, um “profundo” conhecimento das Escrituras e da doutrina luterana, uma piedade particularmente “acentuada”, uma contribuição financeira “generosa” ou exigências semelhantes. Exigências desse tipo descambam fatalmente para legalismos e práticas de exclusão, ambos característicos antievangélicos.
(...)Uma das formas de participação do membro na vida da Comunidade (e, assim, da Igreja) é a contribuição financeira. É, pois, preocupante quando membros, que estão em condições de contribuir, não o façam. Mas também aí, o chamamento é em primeiro lugar à própria Comunidade, no sentido de perguntar-se pelas razões que levam pessoas a não contribuirem, quando podem fazê-lo, e de buscar alternativas de motivação à contribuição financeira como expressão da gratidão dos membros a Deus. No programa “Fé, Gratidão e Compromisso” a IECLB busca permanentemente motivar a contribuição dos membros, em termos de dedicação, dons e dádivas.
No entanto, os documentos normativos não dão sustentação à exclusão de membros por não contribuírem financeiramente. Eles são claros quanto às conseqüências para quem não contribui financeiramente: “É condição para o exercício do voto e de elegibilidade a regularidade de sua situação como contribuinte.” (RI Art. 14, parágrafo único) Ou seja: o membro não contribuinte perde o direito de votar e de ser eleito, mas não sua condição de membro.
Abstraindo da hipótese óbvia de óbito, alguém deixa de ser membro da IECLB logicamente se não desejar mais sê-lo. Isso poderá ocorrer quando o membro pedir seu desligamento como membro da Comunidade em que estava inscrito. Também poderá ocorrer quando tiver se afiliado a outra igreja, portanto deixando de reconhecer as bases confessionais da IECLB.
A exclusão também poderá ocorrer por decisão do Presbitério da Comunidade (RI Art. 15), mas, naturalmente, observada a determinação normativa acerca dos critérios. O Presbitério não terá autonomia para colocar novas exigências, mas deve seguir o estabelecido nos documentos normativos da IECLB. Ou seja: a exclusão por iniciativa do Presbitério se dará, normalmente, por comprovado não-reconhecimento das bases confessionais da IECLB. Ressalva-se ainda que neste caso o membro a ser excluído deve ter tido “prévia oportunidade de ampla defesa e contraditório” (RI Art. 15, § 3o). Quem tenha sido excluído como membro ou não tenha sido admitido como tal tem ainda o direito de “recorrer sucessivamente às instâncias constituídas, sendo a última o Conselho Sinodal” (RI Art. 15, § 2o).
“Nossa Fé – Nossa Vida” estabelece ainda que membros poderão ser exortados, suspensos ou excluídos quando causarem escândalo, conflitos ou divisão no seio da Comunidade e forem recalcitrantes a todas as iniciativas de conciliação e correção. Observe-se, porém, que esse dispositivo, como caso extremo, está relacionado no contexto da “disciplina fraternal”, cujo objetivo é “restabelecer e manter a união”. Se, ainda assim, houver a “suspensão parcial ou total” da condição de membro, este poderá recorrer às instâncias diretivas da Igreja.
Em suma: a exclusão de membros da IECLB é uma medida restringida e regulamentada, aplicando-se apenas em casos extremos. Normalmente, prevalecem a responsabilidade da Comunidade em animar o membro à participação na vida comunitária e o recurso à disciplina fraternal para preservação da unidade.
Posicionamento Quem é membro da IECLB? - 2007
Texto completo do posicionamento