1. Fundamentação:
O que diz o guia Nossa Fé – Nossa Vida sobre missão:
Como igreja cristã, o Espírito Santo nos chama a participar do serviço de Cristo no mundo, no ambiente em que vivemos. Somos, desta forma, Igreja de Jesus Cristo no Brasil.
(...)
A IECLB é instrumento através do qual Deus nos faz proclamar e viver a boa-nova da salvação, testemunhada nas Sagradas Escrituras do Antigo e do Novo Testamentos.
Através dela, Deus nos faz viver o amor, empenhando-nos pelo bem-estar e pela salvação do próximo.
Através dela, Deus nos faz viver em comunhão, como membros de seu povo no mundo.
Guia Nossa Fé – Nossa Vida
Texto completo do Guia
O que diz o PAMI sobre missão:
A missão é de Deus, não é nossa. É Deus quem vem ao mundo para nos salvar. É ele quem nos procura, torna-se gente como nós, vive em nosso meio, sofre a injustiça da cruz e, finalmente, vence a cruz e a morte e absolve os arrependidos de todo o pecado. A missão de Deus é amar ao mundo de tal maneira que aquele que se encontra com seu Filho, Jesus Cristo, e nele crê, é nova criatura, passou da morte para a vida e vive da esperança confiada de que o reino de Deus já está aqui, em forma de sinais visíveis e virá em plenitude no final dos tempos. A missão de Deus cumpriu-se em Jesus Cristo e se atualiza diariamente na comunhão dos santos, na existência no mundo da igreja de Cristo. A missão é de Deus. Mas ela é a paixão da sua igreja.
(...)
....a essência da igreja cristã ser missionária. Anunciar o evangelho é a sua razão de ser, o seu ponto de partida e seu ponto de chegada. Considerar a missão como o cerne de nossa existência como Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil é reconhecer que toda a nossa prática comunitária volta-se para levar o evangelho até os confins da terra a partir do lugar onde nos encontramos.
(...)
A igreja desenvolve a sua missão num determinado contexto histórico e cultural. Ela é porta-voz da boa notícia da salvação de Deus, em Cristo Jesus. O conteúdo da proclamação do evangelho é o mesmo em todos os tempos e lugares. Esse conteúdo, porém, sempre precisa ser atualizado para o contexto no qual as pessoas vivem. Jesus Cristo, o Verbo encarnado de Deus, assumiu plenamente a sua condição humana e, portanto, viveu e testemunhou o amor de Deus no seu próprio contexto social e cultural. O evangelho não se confunde com a cultura, mas esta é condição necessária para a sua encarnação. Por isso, como igreja de Cristo, necessitamos compreender a nossa cultura para sermos fiéis à dinâmica da encarnação da palavra de Deus.
(...)
As culturas e suas transformações podem servir como vasos para a palavra de Deus, mas também podem ameaçar a vida. Tudo o que é humano está impregnado de vida e de morte. Só o sopro de vida produzido pelo Espírito de Deus cria a diversidade reconciliada na cruz de Cristo, em contrapartida à diversidade em competição, tão a gosto do mercado. Nesta perspectiva, a reconciliação é mais que global, é universal. Porque em Cristo foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades: tudo foi criado por ele e para ele. Logo, Cristo não está em tudo, mas tudo está em Cristo.
(...)
... só faz sentido sermos igreja cristã se assumimos o dom de Deus como serviço evangelizador e solidário ao povo brasileiro, sem fazer distinção de classe, etnia, gênero ou credo religioso. Deus nos chamou para ser igreja no Brasil e para servir a este povo, compartilhando a fé em Cristo que recebemos por graça, para vivermos em amor e solidariedade com todas as demais pessoas no caminho das quais somos enviados como crentes e como comunidade missionária que anuncia esperança.
(...)
... a igreja de Cristo é essencialmente missionária. A missão de anunciar e viver o evangelho não é um programa ou uma tarefa entre outras. Missão faz parte da própria autocompreensão do povo de Deus, do povo de Cristo neste mundo e, particularmente, na realidade onde somos convocados como comunidade a serviço do evangelho da paz.
(...)
4.1. A paixão de Deus na criação
Falar da paixão de Deus pelo mundo é falar de um Deus que faz missão com um olhar de amor. Desde o começo da história de Deus com o mundo, o seu olhar sempre foi de bondade, misericórdia e compaixão. O olhar amoroso e apaixonado de Deus para com o mundo inicia com a criação. Começa com o seu gesto que dá forma, ordem, luz e vida ao caos e à escuridão que cobria o universo. Inicia com o seu ato de amor que cria homem e mulher à sua imagem e semelhança.
Deus nos fez à sua imagem e semelhança não por acaso. Ao fazê-lo, ele nos convida, como homem e mulher, a vivermos uns com os outros o que de mais belo e maravilhoso nos é dado na sua criação: o amor. É o amor de Deus que dá vida ao universo, que nos convida à solidariedade, à fraternidade, à partilha e à comunhão uns com os outros. É esse amor que nos chama à reconciliação e nos leva a contemplar e cuidar da criação de Deus com paixão e amor. É o amor de Deus que nos faz ver com ele que tudo o que ele fez é bom.
Mesmo depois do ser humano ter quebrado a harmonia da criação ao desobedecer a ordem divina, Deus se revela misericordioso e amoroso ao tentar restabelecê-la com o dilúvio. Porém, a resposta humana, manifestada na torre de Babel, mostra novamente a nossa presunção em sermos os construtores da ponte entre a terra e o céu.
O olhar de amor de Deus, no entanto, vem novamente restabelecer a ordem da criação, organizando a sociedade humana em família. Infelizmente, ao gesto de amor de Deus, nossa resposta é a escravidão.
Diante da escravidão, Deus volta a buscar refazer a harmonia da criação com o gesto de amor de libertar e dar uma terra. A terra da promessa, conhecida como terra que mana leite e mel, porém, torna-se lugar para oprimir, escravizar e sufocar a vida. Através dos profetas, Deus procura chamar o seu povo de volta à verdade e à justiça. No entanto, percebendo que a humanidade caminhava para um caos ainda maior, onde a própria lei divina, dada a Moisés para libertar, foi usada para oprimir, excluir e marginalizar, Deus realiza a sua maior demonstração de amor pela humanidade ao enviar ao mundo o seu querido e amado Filho, Jesus Cristo.
4.2. A paixão de Deus em Cristo
É em Cristo Jesus que Deus revela o seu maior e mais belo gesto de amor a todas as pessoas. É em Cristo que os sinais do reino de Deus já se tornam realidade em nosso meio: doentes são curados; crianças são valorizadas; mulheres são defendidas contra os homens acusadores; leis que ferem o amor ao próximo são questionadas; pecadores e pessoas de má fama são ouvidos, valorizados e transformados; estrangeiros são abençoados; mortos são ressuscitados; o verdadeiro servir é ensinado.
A nossa resposta ao amor de Deus revelado em Jesus Cristo, porém, é: “Crucifica-o!”. Jesus, no entanto, intercede por nós: “Pai, perdoa esta gente! Eles não sabem o que estão fazendo”. Portanto, é na cruz que Deus revela o seu amor e paixão maior pelo mundo. O evangelista João afirma: “Porque Deus amou o mundo tanto, que deu o seu único Filho, para que todo aquele que nele crer não morra, mas tenha a vida eterna”. A paixão de Deus pelo mundo é amor. É na cruz, na ressurreição de Jesus Cristo, que Deus nos liberta da escravidão do pecado e nos presenteia com a salvação. É na cruz que Deus se reconcilia conosco em Jesus Cristo e constrói a ponte que liga o céu à terra.
4.3. O Espírito Santo e a paixão de Deus
Por amor à humanidade Deus ressuscita a Jesus Cristo e atende o pedido do Filho: “Eu pedirei ao Pai, e ele lhes dará outro Auxiliador, o Espírito da verdade, para ficar com vocês para sempre”. É sob o poder do Espírito Santo que toda a comunidade cristã – dispersa, abatida e amedrontada com a morte de Jesus Cristo – é reanimada para a vida: “Porém, quando o Espírito Santo descer sobre vocês, vocês receberão poder e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria e até nos lugares mais distantes da terra”. É sob o poder do Espírito Santo que os apóstolos são animados a testemunhar aquilo que viram e ouviram da paixão de Deus revelada em nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. É sob o poder do Espírito Santo que homens e mulheres, no transcorrer da história cristã, não se deixaram intimidar por pessoas e autoridades civis e religiosas, que usurparam e usaram o evangelho para os seus próprios interesses. É sob o poder do Espírito Santo que os dons se manifestam e se colocam a serviço da vida.
Desde Pentecostes, somos animados pelo poder do Espírito Santo ao testemunho e à ação. Somos animados a falar da paixão e do imenso amor que Deus tem pela sua criação e humanidade. Somos incentivados a pôr em prática o convite de Jesus: “Vão a todos os povos do mundo e façam com que sejam meus seguidores, batizando esses seguidores em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinando-os a obedecer a tudo o que tenho ordenado a vocês. E lembrem disto: eu estou com vocês todos os dias, até o fim dos tempos”.
4.4. A paixão de Deus na solidariedade
Falar da paixão de Deus pelo mundo é falar de um Deus que faz missão com um olhar de amor. Com um olhar sensível à fraqueza, à angústia e à necessidade humana.
(...) Deus não olha para o que nós podemos lhe dar em troca pela salvação em Cristo Jesus. O seu olhar é amor ao outro como outro. É olhar sem espera de retorno. É olhar que consegue estender a mão sem a teologia da retribuição. É olhar que enxerga a nossa dor, a nossa agonia e a nossa angústia. É olhar que vem para se tornar próximo. É olhar que vem para aliviar as nossas cargas, para nos libertar da culpa e para nos convidar a ser próximos uns dos outros, como aliás afirma o novo mandamento de Jesus: “Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros”.
(...) A missão que o olhar amoroso de Deus em Cristo Jesus nos confia é a que sabe ouvir o choro, a dor, a necessidade e a aflição das pessoas. Não é a missão onde cada um dispara sozinho para os interesses e glória próprios. Porém, é a uma missão que sabe ouvir, dialogar, reavaliar o curso e descobrir que a vitória da vida se dá no caminhar solidário e fraterno com o outro. É a missão que consegue caminhar de mãos dadas com a outra pessoa em direção ao reino de Deus.
A paixão de Deus pelo mundo, realizada desde o começo da criação até os dias de hoje, nos inspira a ser Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil a serviço da missão de Deus no mundo com este olhar de amor que dialoga, refaz, restaura, dignifica e reconcilia a vida sob o poder do Espírito Santo.
4.5. Construindo comunidades missionárias - Dimensões da igreja missionária
Deus é o fundamento e o sujeito da missão que ele mesmo realiza através de sua obra criadora e mantenedora, redentora e santificadora. Deus inclui a igreja – a comunhão dos agraciados por fé – neste movimento em prol da cura e salvação do mundo. A missão da igreja, pois, não é outra do que inserir-se na missão divina e dispor-se a ser instrumento do agir salvífico de Deus.
Como a missão pertence à essência do ser igreja, ela deve tornar-se perceptível nas dimensões fundamentais da vida de cada comunidade, bem como na vida de cada pessoa cristã. A missão integral de Deus, compreendida como a comunicação do amor de Deus, dá-se no testemunho missionário da fé (evangelização), na vivência concreta do Corpo de Cristo (comunhão), no agir restaurador e curador (diaconia), na celebração do amor divino (liturgia). É aí, portanto, que a paixão de Deus pela humanidade se revela ao mundo através da vida da igreja.
Nosso compromisso com a missão de Deus prevê, além da renovação das comunidades existentes, também a criação de novas comunidades. Quando pensamos em criar novas comunidades devemos olhar necessariamente para as Escrituras. Elas descrevem o início das primeiras igrejas e nelas encontramos o relato da atividade missionária do apóstolo Paulo. No início, ele, sem dúvida, estabeleceu um modelo básico de implantação de novas comunidades cristãs. No livro de Atos e nas cartas de Paulo, percebemos que ele foi um missionário apaixonado. Sua paixão evangelística o levou a ultrapassar barreiras geográficas, étnicas, culturais e religiosas para compartilhar a boa nova de Jesus. O livro de Atos descreve esta peregrinação incansável do apóstolo. Quando uma nova comunidade nascia, nós o vemos cuidando dos seus filhos espirituais para que cresçam na fé. As cartas a Timóteo refletem isso. Por fim, ele, sob a inspiração do Espírito Santo, sistematizou as bases do ensino cristão, como vemos nas suas cartas às igrejas. Portanto, o apóstolo Paulo pregou o evangelho em diferentes lugares, cuidou das comunidades nascentes e deu contornos mais definidos aos princípios da fé cristã.
Também precisamos destacar a estratégia missionária de Paulo. Ele sempre tinha como objetivo em suas atividades missionárias difundir o evangelho e formar igrejas. Escolhia como alvo cidades-polo de sua época, na expectativa de que as igrejas que nelas surgissem, por sua vez, evangelizassem a circunvizinhança. Isto mostra uma ênfase urbana em suas atividades. Ele ajudou a formar novas comunidades em ao menos quatro províncias do Império Romano (Galácia, Macedônia, Acaia e Ásia), num período de dez anos (de 47-57 d.C).
Quando olhamos para esta intensa atividade do apóstolo Paulo, podemos ser tomados por um sentimento de que este modelo é elevado demais e que está distante de nossa realidade. Na verdade, as convicções que o levaram a formar comunidades cristãs podem inspirar-nos e motivar-nos para orientar e avaliar criticamente nossas motivações missionárias hoje. Para isso, necessitamos perceber as pontes que nos unem a Paulo e sua realidade.
A primeira ponte entre o apóstolo Paulo e nós é a motivação escatológica: ele, como nós, entendia que o reino de Deus foi inaugurado com a vida, morte e ressurreição de Jesus e haverá de completar-se na sua volta gloriosa! Quem lê as cartas que Paulo enviou para as igrejas percebe que ele esperava que Cristo voltasse em breve. Em Cristo, o final dos tempos é antecipado e chegou à plenitude. Este fato fazia com que o apóstolo tivesse um senso de urgência muito grande, que o levava a não desperdiçar o tempo: sem dúvida alguma, aquele era o momento de anunciar a salvação. Formar novas comunidades era uma resposta a esta urgência da missão. Ele não tinha tempo a perder. Jesus estava batendo à porta. O próprio Paulo foi alcançado graciosamente pelo evangelho e por isto ele semeia incansavelmente a boa semente e estabelece igrejas antes do retorno de Cristo.
A segunda ponte é que Paulo acreditava que o evangelho era (e é) o instrumento “essencial” para a edificação de uma nova comunidade. Ao edificar uma nova comunidade Paulo tinha uma preocupação básica com o alicerce dela. O fundamento, a base, a pedra angular, tinha de ser Cristo, o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê. Esta concentração no evangelho permitia ao apóstolo ser muito flexível para fazer “tudo para todos, para, por todos os meios, chegar a salvar alguns”. Por isto, Paulo veio a ser apóstolo dos gentios, pois era capaz de adaptar-se aos mais diversos contextos culturais. Ele não negociava o conteúdo básico do evangelho, de que o Filho de Deus veio ao mundo para resgatar-nos, com sua morte e ressurreição, do pecado e da morte e para vencer o poder do diabo. Alicerçada neste valor divino a comunidade cresce. Nenhum método nem filosofia alguma podem substituir este evangelho. É o evangelho que nos capacita para plantar, regar e fazer crescer a nova comunidade de Cristo. A mensagem dos cristãos no Novo Testamento é cristocêntrica. O padrão apostólico de igreja não reúne pessoas em torno de algo que não seja o próprio Cristo. Este é o resultado que também nós devemos almejar: igrejas firmadas em Cristo, que não abrem mão da boa nova de que Jesus nos veio salvar e que, ao mesmo tempo, são flexíveis em relação à diversidade de costumes e culturas à sua volta.
A terceira ponte a ser destacada é uma profunda convicção ministerial: o apóstolo sabia-se chamado para edificar a igreja de Jesus Cristo. Deus prometera, no passado, que restauraria Israel e que criaria um novo povo. Este povo viveria em santidade, de maneira diferente, sob os valores de Deus. Na igreja, estas promessas se realizaram, pois nela havia um convívio comunitário de judeus e gentios, homens e mulheres, libertos e escravos. Já não havia mais barreiras na igreja de Jesus, que personifica o próprio Cristo. Na igreja que vive o evangelho desta maneira, o Cristo ressurreto está presente na história. Assim, quando Paulo plantava uma nova igreja ele cria que a presença de Jesus se concretizava neste mundo. Por isso, também nós precisamos estar tão focados em plantar, edificar, construir, regar, fazer crescer a igreja pela qual Cristo se quer fazer presente neste mundo.
A quarta ponte que une o ministério de Paulo ao nosso é a dimensão da igreja local. Os novos cristãos se reuniam em comunidades locais, casas, dentro das quais continuavam a ouvir o evangelho, a crescer na fé e no conhecimento das coisas do Pai. É importante observar que estas comunidades não viviam somente do carisma, das coisas espirituais, mas procuravam criar uma pequena e flexível estrutura que as ajudasse na vida em comunidade. Vemos isto na eleição de suas lideranças. Era dentro desta realidade de comunidades locais, muitas das quais compostas por pequenos grupos reunidos em casas, que Paulo encontrava a liderança. Neste contexto, acontecia o discipulado permanente e surgiam pessoas que assumiam o cuidado das necessidades de seus membros. Assim, estas igrejas logo começavam a andar com seus próprios pés, de modo a liberar o apóstolo para a próxima empreitada. Quando possível, Paulo retornava em suas viagens para supervisioná-las, ou então lhes escrevia cartas para ensinar e corrigi-las ou lhes enviava seus colaboradores.
A compreensão destas quatro convicções de Paulo tem conexão conosco e com nossa realidade. Elas podem ajudar-nos como igreja na tarefa de criar novas comunidades, em nossos distintos contextos. Por exemplo, permanece atual o desafio de a IECLB se fazer presente em todas as capitais brasileiras, nas cidades com mais de 200 mil habitantes e nas diferentes regiões do país. Mas também é necessário olhar para os bairros e vilas de nossas cidades, pequenas e médias, para ali levar o evangelho. Da mesma forma, é atual o desafio de que as paróquias com grande número de membros se estruturem de tal maneira que nenhuma pessoa-obreira tenha mais do que aproximadamente mil membros sob seus cuidados. Permanece igualmente atual o desafio de ampliarmos a nossa presença e atuação comunitárias em escolas, hospitais, empresas, associações, etc. Esses são apenas alguns exemplos de possibilidades de criação de novas comunidades, que, por fidelidade ao evangelho e por compromisso com nosso contexto, somos também chamados a assumir.
PAMI – Plano de Ação Missionária – texto-base
Texto-base completo
A missão de Deus é amar o mundo e mostrar ao mundo o seu amor (João 3.16). O sinal mais claro e inequívoco do amor de Deus pelo mundo é seu Filho Jesus Cristo. Ele tornou-se gente como nós. Viveu e morreu crucificado, mas Deus o ressuscitou. Em tudo se mostra a paixão divina por toda a sua criação. Essa é a missão de Deus: amar o mundo a ponto de entregar o seu próprio filho. E é essa missão de Deus que constitui a nossa paixão.
É nossa paixão em um duplo sentido. É um modo de amor ardente, um entusiasmo, um fogo que nos arde no coração, que faz sentirmo-nos vivificados, perpassando todo o nosso corpo, emoção e razão. É um envolvimento completo, um encontro sublime, único e verdadeiro com o amor de Deus. Mas também é paixão como despojamento, sacrifício e desprendimento. Cristo, o Filho de Deus, sofreu até a cruz por amor. Seus discípulos, ao longo da história da Igreja, sofreram por causa de Cristo. Muitas pessoas foram presas, torturadas e mortas por causa da sua paixão pelo evangelho. Mas graças a elas, a missão de Deus nos alcançou. Fazemos parte dessa comunhão de “apaixonados”, que se entrega ao amor de Deus e assume as consequências desse amor na vida diária.
(...) a vivência missionária da igreja tem quatro dimensões principais, ou seja, a evangelização, a comunhão, a diaconia e a liturgia. Essas quatro dimensões são articuladas entre si por três eixos distintos: a formação, a sustentabilidade e a comunicação. As dimensões e seus eixos visam a criar e recriar comunidades cristãs firmadas em Cristo, e, ao mesmo tempo, flexíveis em relação à diversidade de costumes e culturas à sua volta.
A tarefa de planejamento missionário, portanto, é, primeiramente, das comunidades, porque a missão acontece efetivamente a partir e através das comunidades. Todas as demais instâncias da IECLB são chamadas a planejar as suas ações missionárias em função da missão que acontece na base comunitária. Ou seja, o planejamento dos sínodos, departamentos, setores de trabalho, instituições, secretaria geral, presidência e conselho da igreja deve estar a serviço das comunidades, facilitando e colaborando para que elas possam cumprir bem e cada vez melhor os seus planos de ação missionária.
(...) É regra quase geral que as instituições se definam pela sua missão. Também uma igreja tem sua existência dada pela sua missão. A missão é o que identifica a igreja, mostra onde ela se encontra e lhe dá o rumo e a motivação para sua atuação. A Missão da IECLB está expressa – e ampla e sinteticamente manifesta – no artigo 3º da sua Constituição:
Em obediência ao mandamento do Senhor, a IECLB, através de suas Comunidades, tem
por fim e missão:
I - propagar o Evangelho de Jesus Cristo;
II - estimular a vivência evangélica pessoal, familiar e comunitária;
III - promover a paz, a justiça e o amor na sociedade;
IV - participar do testemunho do Evangelho no País e no mundo.
No entanto, no contexto do PAMI e dentro da ideia de planejamento institucional, adotamos aqui uma redação menos estatutária, a saber: A missão da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil é propagar o Evangelho de Jesus Cristo, estimulando a sua vivência pessoal na família e na comunidade e promovendo a paz, a justiça e o amor na sociedade brasileira e no mundo.
3.2 Visão
Além da missão, as organizações têm elaborado a sua visão. A visão é o que se sonha para a Igreja, indica para onde vamos, é o passaporte para o futuro e aquilo que inspira seus membros a atuarem. Ela é formulada na perspectiva de como queremos ser reconhecidos no mundo onde atuamos, ou seja, que impacto queremos causar. O reconhecimento expresso na visão não pode ser mascarado, porque será reflexo do que realmente somos. Ela está em consonância com a Missão e com os valores que assumimos como nossos. A visão implica em uma avaliação pelo olhar do outro e não pelo nosso próprio olhar, por isso é formulada na forma de “ser reconhecido como sendo alguma coisa” e não como “ser alguma coisa”.
(...) A visão está em consonância com nossa missão, nossos valores e com o Objetivo Geral. A visão da IECLB é aqui articulada da seguinte maneira, à base de uma reflexão sobre algumas palavras- chave, tais como, missão de Deus; compromisso; crescimento; olhar do amor; paixão; capacidade de responder às necessidades do mundo:
Ser reconhecida como igreja de comunidades atrativas, inclusivas e missionárias, que atuam em fidelidade ao evangelho de Jesus Cristo, destacando-se pelo testemunho do amor de Deus, pelo serviço em favor da dignidade humana e pelo respeito à criação
3.3 Objetivo geral
O objetivo geral é aquele que aponta para uma transformação mais ampla, relacionada com a Missão da instituição. Tem a ver com o impacto do planejamento. O objetivo geral do PAMI 2008-2012 é o seguinte:
Ampliar e consolidar a ação missionária da IECLB.
(...) 3.4 Objetivos específicos
Definidas as três grandezas orientadoras da atuação da IECLB – Missão, Visão e Objetivo Geral – resta-nos, como IECLB em suas diversas instâncias, articular um planejamento estratégico que permita organizar e concatenar as ações em cada uma de suas instâncias de atuação, desde as comunidades/paróquias até as instâncias diretivas e vice-versa. Para isso, entendemos que será útil que tenhamos pelo menos alguns objetivos específicos comuns. Eles são de caráter operacional, ou seja, apontam para os resultados concretos do planejamento e podem ser alcançados a partir do próprio planejamento. Levando-se em conta as quatro dimensões principais do PAMI, segundo o texto-base, a saber, evangelização, comunhão, diaconia e liturgia, os quatro principais objetivos específicos são os seguintes:
1. Testemunhar o Evangelho de Jesus Cristo a todas as pessoas no seu
contexto – Evangelização
2. Promover a vivência da fé em Jesus Cristo em comunidade –
Comunhão
3. Praticar a misericórdia e a justiça – Diaconia
4. Celebrar o amor de Deus no mundo – Liturgia
PAMI – Plano de Ação Missionária – Linhas Mestras
Texto completo das Linhas Mestras
O que o Plano de Educação Cristã Contínua diz sobre missão:
(...) A missão é obra de Deus. Ele é o doador e o executante da tarefa. A missão é um dom da graça de Deus. Não depende da igreja e tampouco do ser humano. Ambos são instrumentos do agir de Deus em favor de seu mundo. Essa forma de entender a missão faz de cada pessoa e da comunidade toda testemunhas do evangelho, que abraçam a fé e promovem a paz na terra. A missão de anunciar e viver o evangelho não é um programa ou uma tarefa entre outras. Missão faz parte da própria compreensão do povo de Deus presente na realidade, na qual é convocado a ser o evangelho da paz.
(...) A igreja que brota da ação missionária e redentora de Deus tem a comunhão em sua essência. A edificação de comunidades missionárias em nosso meio passa pela conscientização de que o evangelho proclamado vai refletir a comunhão comunitária. O jeito de ser da comunidade (acolher, integrar, incluir, valorizar, cuidar) tem um grande impacto missionário.
A comunidade voltada para o objetivo de vivenciar a comunhão está disposta a refletir sobre como se estabelece a interação entre as pessoas, como são tomadas as decisões, como é oportunizada a participação dos membros.
O conteúdo da proclamação do evangelho é o mesmo em todos os tempos e lugares. No entanto, esse conteúdo precisa ser atualizado para o contexto no qual as pessoas vivem. Por contexto entende-se a realidade na qual as pessoas estão inseridas. A realidade agrega várias dimensões que compõem o contexto: dimensões social, política, econômica, religiosa e cultural. O contexto é o conjunto dessas dimensões. Esse conjunto molda e influencia a compreensão que cada pessoa tem do mundo, do evangelho e de si mesma e, ao mesmo tempo, cada pessoa molda e influencia o contexto em que vive. O contexto é, portanto, uma referência metodológica que deve fazer parte do planejamento das ações de educação cristã.
Além de ser um referencial metodológico, o contexto oferece temas para serem estudados. A igreja deve ocupar-se com os temas que fazem parte da vida das pessoas e da comunidade. Olhar para o contexto e refletir sobre ele, orientado pela palavra de Deus, ajuda na definição da tarefa missionária da igreja. Por isso é imprescindível que as ações de educação cristã propostas em todas as instâncias da IECLB contemplem o estudo de temas que perpassam a vida pessoal e comunitária nos contextos social, político, econômico, cultural e religioso.
(...)A missão de Deus no mundo acontece em diferentes contextos. A IECLB é chamada a assumir sua tarefa missionária na realidade social, política, econômica, cultural e religiosa brasileira. Isso implica reconhecer-se como parte dessa realidade, com um papel importante no anúncio do reino de Deus. Ela precisa olhar para sua história no país, reconhecer o seu potencial eclesiológico e teológico e traduzi-lo para o lugar específico onde cada pessoa vive e testemunha sua fé de confissão luterana.
Plano de Educação Cristã Contínua – PECC
Texto completo do PECC
O que dizem manifestos e posicionamentos da Direção da IECLB sobre missão:
A história de Jesus é a história da vida que vence a morte! A história do Deus Conosco, que rompe com o círculo vicioso da morte, rompe com as nossas próprias amarras e nos possibilita vislumbrar um novo horizonte! Este é o testemunho dos primeiros discípulos de Jesus e das mulheres: na Páscoa, Jesus aparece vivo!
Esta mensagem transformou realidades e deu um novo sentido às suas vidas! A esperança brotou com força redobrada e se traduziu em um compromisso com a vida! Tanto isto é verdade que hoje nós estamos aqui. Hoje nós somos comunidade de Jesus Cristo!
Paulo, Pedro, as mulheres que testemunharam a ressurreição abraçaram a missão de Deus e foram para as ruas e caminhos deste nosso mundo! O que os movia, o que carregavam no coração era o Evangelho que falava na morte de Jesus em nosso favor e na ressurreição, ressurreição também em nosso favor! Esta certeza os tornou protagonistas no mundo, se traduziu em fé cidadã e levou a um engajamento construtivo!
Mensagem da Páscoa – 2015
Texto completo da Mensagem
Em Pentecostes, neste ano celebrado no dia 8 de junho, lembramos de forma especial que Deus age, que Deus indica o rumo. Para a comunidade cristã, Pentecostes é o evento que supera a solidão, o vazio, a sensação de não saber para onde ir. Pentecostes nos reafirma: o Espírito de Deus move na caminhada da fé!
O Novo Testamento descreve a ação do Espírito Santo como o vento: “O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito” (João capítulo 3, versículo 8). Na sua comparação, Jesus deixa claro que a ação do Espírito de Deus não se limita ao que sabemos ou ignoramos. A ação do Espírito de Deus é geradora de novas perspectivas, de novas possibilidades e de renovada segurança, mesmo em meio ao caos e à indefinição. O Espírito Santo age e mobiliza as pessoas à dedicação e à participação nas ações da comunidade cristã. ... Em meio às vias que se cruzam, diferentes possibilidades se colocam diante das viDas. O Espírito Santo de Deus nos acompanha neste caminho e indica a direção acertada! Ele é a bússola que auxilia na nossa jornada de fé, no fortalecimento das viDas em comunhão.
Mensagem de Pentecostes e Campanha Vai e Vem – 2014
Texto completo da Mensagem
Igreja viva é uma Igreja que dá testemunho! Tem algo a dizer a partir da confiança e esperança na ação consoladora do Espírito Santo. (...)
Uma Igreja que testemunha, que fala sobre o agir de Deus e corresponde aos valores do seu Reino é uma Igreja que faz história e tem uma história! Igreja assim não deixará de convidar outras pessoas, não deixará de falar, de compartilhar, de testemunhar!
Fazer história é muito mais do que apenas recontar um fato do passado ou narrar algo de forma imparcial, descompromissada, indiferente. Fazer história é permitir que Deus atue em nossas vidas através do Espírito Santo e nos ajude a vencer a timidez, a aperfeiçoar os dons que nos concede, a termos a coragem para arriscar mais. Trata-se de andar no Espírito, em oposição ao que é velho e não edifica a Igreja (1Coríntios, capítulo 14), como escreve o apóstolo Paulo aos Gálatas no capítulo 5: 16 Quero dizer a vocês o seguinte: deixem que o Espírito de Deus dirija a vida de vocês e não obedeçam aos desejos da natureza humana. 17 Porque o que a nossa natureza humana quer é contra o que o Espírito quer, e o que o Espírito quer é contra o que a natureza humana quer. Os dois são inimigos, e por isso vocês não podem fazer o que vocês querem. 22 Mas o Espírito de Deus produz o amor, a alegria, a paz, a paciência, a delicadeza, a bondade, a fidelidade, 23 a humildade e o domínio próprio.
As palavras do apóstolo Paulo são extremamente realistas! A sua mensagem nos mostra que testemunhar a fé em nosso mundo não é tarefa fácil! O livro de Atos dos Apóstolos é evidência suficiente dessa realidade! Onde o Espírito de Deus age, há oposição, resistência, pessoas são intimidadas! O que dizer de Estevão, Pedro, Paulo, suas prisões, seus apedrejamentos? Ainda assim, o seu testemunho foi fundamental e marcou, transformou e ainda marca e transforma a história da humanidade!
Há um hino de Pentecostes no HPD 1, o hino 76, que gosto muito. Ele diz o seguinte: No tempo em que vivemos, imprescindível é que sempre confessemos bem claro a nossa fé. Ainda que soframos perseguição e dor, que Sempre enalteçamos o teu eterno amor!
Mensagem de Pentecostes – 2012
Texto completo da Mensagem
Missionária é a Comunidade que inicia e assume projetos e ações concretas de missão. Missionária também é a Comunidade que se envolve, que participa, apoiando estas iniciativas e projetos. O resultado? Uma Igreja viva!
Mensagem para a Campanha Vai e Vem – 2012
Texto completo da Mensagem
Cremos no Espírito Santo, que pela Palavra e pelos sacramentos cria e mantém a Igreja. Esta é formada não por pessoas isentas de culpa, mas por pecadores justificados pela graça de Deus, pessoas que são chamadas a constituir comunidade, prestar culto a Deus e a testemunhar sua fé num mundo marcado pelo pecado. Esta fé move a Igreja e todos seus membros a viver em amor e a doar-se no serviço ao próximo, em especial aos mais pequeninos e fracos, aos desamparados e desconsolados, aos injustiçados e que padecem qualquer tipo de necessidade. Enquanto instituição humana, a própria Igreja e seus membros deixam questionar-se, pela Palavra, em suas falhas, a fim de que seu serviço seja mais consoante com a vontade de Deus.
(...) Enfim, reconhecemos que a Igreja, como comunhão de comunidades centradas em Cristo, procura manter-se fiel ao Deus da Vida. Assim, torna-se, pelo Espírito Santo, instrumento de animação, articulação e realização da promessa e vocação evangélicas de ser luz do mundo, sal da terra e fermento na massa. O Espírito Santo nos desperta e nos abre os olhos para uma nova visão. Inspira-nos para agir com criatividade e destemor. Liberta e capacita-nos para a colocação de sinais concretos da nova vida em partilha solidária, segundo a vontade de Deus.
Manifesto de Chapada dos Guimarães – 2000
Texto completo do Manifesto
E o Verbo se fez carne prega o evangelista João no início de seu evangelho. Dessa forma testemunha a encarnação de Deus. Já que Deus se torna concreto e palpável, também a igreja procura testemunhar, de maneira concreta, o amor divino para dentro de cada contexto novo. Já que os tempos e as situações mudam, a igreja precisa redefinir conteúdo e jeito de seu testemunho, seja por meio da pregação, da vivência ou através da ação diaconal.
Esse redefinir implica considerar o evangelho e os escritos confessionais em seus contextos distintos bem como levar a sério a realidade atual.
(...)... redescobrimos que a missão abarca todas as necessidades de vida das pessoas bem como de toda a criação. Falamos, portanto, em dimensão holística da missão. A alternativa entre missão pela palavra ou missão pela ação diaconal devemos ter como superada. Palavra e ação não se excluem, nem podem ser colocadas em sequência prioritária. Muito antes, ambas necessitam uma da outra. Elas se mesclam e se complementam mutuamente, visando à salvação integral em nível pessoal, sócio-estrutural, bem como cósmico. Segundo o evangelista Mateus, a missão se resume no peregrinar pelas vilas e cidades ensinando, pregando e curando (Mt 4.23; 9.35). De fato, Jesus viu as multidões e delas se compadeceu (Mt 9.36).
Posicionamento IECLB no Pluralismo Religioso – 2000
Texto completo do Posicionamento
A Igreja de Jesus Cristo, por natureza e incumbência, é Igreja missionária. Está comissionada a propagar o Evangelho por palavra e ação, preparando a vinda do reino de Deus e congregando as pessoas em comunidade. O Evangelho se destina a toda criatura e chama para a aprendizagem da fé, da esperança e do amor. Evangelização, pois, é mandato de todos os cristãos e de cada Igreja em particular.
Posicionamento Missão e Proselitismo - Uma palavra orientadora da IECLB – 1994
texto completo do Posicionamento
A mensagem da Igreja cristã visa à salvação do homem salvação que transcende as possibilidades humanas, inclusive as políticas. É mensagem de Deus - não deste mundo. Mas ela é destinada a este mundo e quer testemunhar Jesus Cristo como Senhor e Salvador do mundo. Por isso a Igreja não pode viver uma existência sectária, guardando para si mesma a mensagem que lhe foi confiada. Ela tem o ministério de testemunhar a palavra de Deus, ministério do qual ela não se poderá esquivar, a não ser pelo preço da desobediência para com seu Senhor.
A mensagem da Igreja sempre é dirigida ao homem como um todo, não só à sua “alma”. Por isso, ela terá consequências e implicações em toda a esfera de sua vivência - inclusive física, cultural, social, econômica e política. Não tenderá apenas a regular as relações entre cristãos, mas visará igualmente ao diálogo com outros cidadãos ou agrupamentos, sobre todas as questões relacionadas com o bem-comum.
A mensagem “pública” da Igreja cristã, no que se refere aos problemas do mundo, não poderá ser divorciada do seu testemunho “interno”, já que este implica naquela. Assim, a Igreja não pode condicionar seu testemunho público aos interesses de ideologias políticas momentaneamente em evidência, ou a grupos e facções que aspiram ou mantêm o poder. Em seu testemunho público, não poderá ela usar métodos incompatíveis com o Evangelho.
Manifesto de Curitiba – 1970
texto completo do Manifesto
2. Desdobramentos práticos de Missão:
A IECLB precisa ser missionária se é que quer ser da Igreja de Cristo. Precisa crescer, portanto, no sentido mais amplo da palavra. Contudo, não queremos crescer a qualquer preço, aceitando acriticamente conceitos da teologia da autojustificação, ou seja, da prosperidade, da justificação por obras. Tampouco podemos aceitar práticas litúrgicas alheias à confessionalidade luterana. Queremos e devemos crescer, sim! Mas crescer, sobretudo, na fé que age por meio do amor (Gl 5.6). A aprendizagem e a prática da fé representam a qualidade do crescimento que, certamente, terá também consequências numéricas e quantitativas.
Posicionamento sobre Unidade – 2001
Texto completo do Posicionamento
“Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu.” (1 Pedro 4.10)
Conforme o testemunho bíblico e o Reformador Martim Lutero, a fé jamais ficará ociosa. Por conseguinte, os cristãos de confissão luterana são chamados a:
• Renegar a ideologia que dá suporte à acumulação e concentração de riqueza em benefício de minorias e em detrimento do atendimento das necessidades básicas do ser humano e da manutenção da boa criação de Deus.
• Renegar a adoração do capital e da religião do consumo como definidora do sentido da vida.
• Renegar modelos econômicos que desconsideram a necessidade e urgência de um desenvolvimento auto-sustentável que preserva a vida no planeta.
• Renegar todas as formas de individualismo voltado tão-somente para a auto-satisfação, desconsiderando a importância das relações coletivas e comunitárias, bem como o serviço mútuo e a solidariedade.
• Renegar toda e qualquer forma de competição proselitista entre as igrejas, mas afirmar a necessidade e as possibilidades da cooperação ecumênica.
• Renegar todo tipo de intolerância e desrespeito para com pessoas de orientação religiosa distinta e diferente da cristã, mas valorizar todos os empreendimentos em favor da paz e da vida.
Manifesto de Chapada dos Guimarães – 2000
Texto completo do Manifesto