Mensagem da Presidência - Páscoa 2017
Estimados irmãos e estimadas irmãs da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil!
No Domingo de Ramos, a Igreja celebra a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. Jesus foi aclamado pelo povo: Bendito o que vem em nome do Senhor. Hosana nas maiores alturas! (Mateus 21.9). A presença de Jesus alvoroçou a cidade.
Na Sexta-Feira Santa, rememoramos a crucificação de Jesus. Diz a Bíblia que lideranças políticas e religiosas da época persuadiram o povo a gritar: Crucifica-o! Crucifica-o!
Uma entrada triunfal é seguida da morte cruel – na cruz.
O apóstolo Paulo escreve: A mensagem da morte de Cristo na cruz é loucura para os que se perdem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus (1Coríntios 1.18).
Uma morte vista como loucura e poder de Deus. Como assim? Como entender esta contradição?
No Domingo da Páscoa, a Igreja celebra uma convicção: Sabemos que Cristo foi ressuscitado e nunca mais morrerá, pois a morte não tem mais poder sobre ele (Romanos 6.9). O Cristo crucificado ressuscitou e vive. A morte perdeu o seu poder. A morte revelou o poder de Deus. A Páscoa nos convida a não nos dobrarmos diante da morte!
Como sustentar esta convicção em nossos dias? Alguém poderá dizer: Acorde! Olhe ao seu redor! Veja quanto medo! A morte está solta... lá no campo, nas cidades, na nossa rua. Apenas um exemplo: Nesta Páscoa, quantas famílias choram a morte de pessoas jovens brutalmente assassinadas somente em 2017?
Como afirmar que é Páscoa? Como celebrar Páscoa?
Neste momento, setores da política brasileira querem condenar boa parte do povo brasileiro a uma “eterna Sexta-feira Santa”. A propósito, lembro um trecho da Carta Pastoral que emitimos sobre a Reforma da Previdência: “vicejam notícias de que assuntos diretamente relacionados à vida da população sofrida são decididos sem compromisso com o povo aflito. A legitimidade dos atuais Legisladores está abalada na sua essência, mesmo com exceções. Que autoridade lhes resta para revisar e definir reformas? O descolamento da classe política do povo brasileiro é notório. Se sobra alguma relação, ela é cínica e dissimulada”.
É em meio a esta realidade que a mensagem da Páscoa conclama a Igreja cristã e o povo brasileiro a acordar. A Páscoa convida a, alegres, jubilar e a afirmar a esperança quando tudo conspira contra a vida e contra a própria esperança! Esta é a nossa loucura! Essa é a loucura da Igreja Cristã! Como diz a Palavra de Deus: a mensagem da morte de Cristo é loucura. Contudo, para quem nele crê, é poder de Deus.
Sim, essa é a contradição. Em meio à morte e aos seus tentáculos, a Páscoa celebra a vitória da vida, a mensagem da esperança de que o sofrimento e a injustiça que experimentamos hoje não precisam ser assim, não devem ser assim, pois o Cristo morto e ressuscitado é o mesmo que proclama, em alto e claro tom: Eu vim para que vocês tenham vida e vida em abundância.
É aqui que entra o nosso protagonismo enquanto pessoas cristãs e cidadãs, você e eu.
Para cada um e cada uma de nós, a notícia de que Cristo ressuscitou e vive quer revigorar a nossa fé, fé que se expressa e se traduz em protagonismo: protagonismo que proclama a mensagem da vitória da vida sobre a morte e protagonismo que impulsiona para a vivência da fé por meio da cidadania nos trilhos da democracia, tornando-se chama de esperança em meio à escuridão.
A Páscoa nos faz cantar com o Poeta Thiago de Mello: Faz escuro, mas eu canto, porque a manhã vai chegar. Vem ver comigo a cor do mundo mudar. [...] Vamos juntos, multidão, trabalhar pela alegria, amanhã é um novo dia.
Páscoa nos faz cantar neste ano em que celebramos o Jubileu da Reforma:
Cristãs e cristãos, alegres, jubilai, felizes exultando; com fé e com fervor cantai, a Deus glorificando. O que por nós fez o Senhor, por seu divino excelso amor, custou-lhe a própria vida.
É Páscoa! Alegres, jubilai! Igreja sempre em Reforma: agora são outros 500!
É Páscoa! No Cristo ressuscitado, vivemos, nos movemos e existimos.
É Páscoa! Amanheceu! É novo dia!
Feliz Páscoa!
Pastor Nestor Friedrich
Pastor Presidente da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB)