Presidência da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil



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Mensagem da Presidência - Páscoa 2014

20/04/2014


Estimados membros da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil!

Irmãos e irmãs em Cristo!

O ano de 2014 promete! Temos a Copa do Mundo pela frente. Teremos eleições estaduais e em nível federal. No mês de julho, em torno de mil jovens da IECLB irão se encontrar na cidade de Espigão do Oeste, no Estado de Rondônia, no Sínodo da Amazônia, para o 22º Congresso Nacional da Juventude Evangélica, o Congrenaje.

Na IECLB, em 2014 celebramos os 190 anos de história da nossa Igreja. É ano de Concílio da Igreja, que será realizado na cidade de Rio Claro, em São Paulo, no Sínodo Sudeste. Também é expressivo o número de Comunidades que celebram datas marcantes neste ano. A nossa agenda, portanto, será intensa.

Por outro lado, se olharmos para trás, 2014 é um ano em que muito já aconteceu. Tivemos chuvas demais e água de menos. Lembro dos nossos irmãos e das nossas irmãs do Estado do Espírito Santo, mas também de Rondônia e do Acre. Houve quem colheu em abundância e houve quem viu a sua lavoura se afogar. Também a seca deixou as suas marcas.

Tivemos debates e embates no âmbito da política. Como consta na Declaração pública “Compromisso coletivo pela democracia no Brasil: ditadura nunca mais!”, lançada pelo Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC), em parceria com a Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE), o Conselho Latino-Americano de Igrejas (CLAI) e o Instituto de Estudos Socioeconômicos (INESC), “há 50 anos, o Presidente João Goulart foi deposto e instaurou-se uma ditadura no Brasil, que durou 21 anos. Ao longo deste período, movimentos estudantis, de trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade, intelectuais e grupos religiosos lutaram arduamente pela democracia. Muitos foram assassinados, torturados, exilados e “desaparecidos”. [...] Grupos ligados às Igrejas, em conjunto com muitos movimentos da sociedade, foram imprescindíveis para a superação deste período”.

Há expectativas quanto aos rumos da nossa economia. Não menos significativas são as perguntas e constatações sobre os rumos da educação e a triste realidade da saúde no Brasil. A violência assusta, impressiona e revolta, pela sensação de impotência e desgoverno. Quantas vidas são ceifadas diariamente! Quantas famílias a lamentar, a lutar, a resistir. Há muita coisa fervilhando nesse nosso Brasil!

Pois é nessa realidade que nós vivemos! Esse contexto nos atinge direta e indiretamente! É mergulhada nesta realidade que a Igreja Cristã novamente celebra a Páscoa. Também nós, da IECLB, celebramos Páscoa.

Páscoa! No Evangelho de Mateus 28.5-6, lemos: “O anjo, dirigindo-se às mulheres, disse: Não temais; porque sei que buscais a Jesus, que foi crucificado. Ele não está aqui; ressuscitou, como tinha dito”.

Convido vocês para dar atenção a duas afirmações nesse texto. A primeira: “Ele foi crucificado”. A Teóloga Dorothee Sölle, em uma reflexão sobre cruz e ressurreição, escreve o seguinte: “A nossa cultura nos convida a não enxergar a cruz”. [...] “devemos nos alegrar com praias bonitas, modas, receitas”. [...] “A cruz se torna, então, um símbolo bonitinho, puramente religioso no âmbito eclesial”. [...] “A cruz, porém, não é ‘algo religioso’, é realidade terrivelmente sangrenta. A cruz está do lado da pequena menina que sofreu abuso sexual”. [...] “A cruz significa a violência sem piedade que pessoas exercem sobre outras pessoas”. [...] “A cruz expressa a profundidade amarga, realista da fé, é um símbolo do aquém, da história”. A Teóloga complementa: “O Império Romano imaginou este método, a fim de intimidar pessoas que ouviam o chamado da libertação, torturando-as lenta e publicamente até a morte” (Deve haver algo mais: reflexões sobre Deus, p.85-87).

É para este contexto de crueldade e violência que nos remete a afirmação “ele foi crucificado”! Foi assassinado por indivíduos e instituições que acreditavam na força e na violência como instrumentos para organizar a vida em sociedade. A segunda afirmação no texto de Mateus diz: Ele não está aqui. Ele ressuscitou!

A Páscoa lembra-nos que não é Deus quem ergue as cruzes em nosso mundo! Não é Deus quem nos quer fazer sofrer. A Páscoa lembra-nos que, no centro do Evangelho, está o Cristo crucificado e ressurreto, o Deus que ama as pessoas fragilizadas, destituídas dos seus direitos. Lembra-nos, ainda, que Deus quer nos tornar vivos, engajados contra a violência, a maldade. A Páscoa, a ressurreição de Cristo, nos convida a viver e festejar a nossa história em comunidade, a optarmos por caminhos que conduzam a viDas em comunhão.

É por isso que nós, na IECLB, podemos propor como Lema deste ano o convite do profeta Jeremias: Procurai a paz da cidade para onde vos desterrei e orai por ela ao Senhor, porque na sua paz vós tereis paz (Jeremias 29.7).

É porque Jesus Cristo vive e está entre nós que temos esperança e nos engajamos para buscar a paz da cidade, apesar das cruzes e em meio às cruzes que ainda hoje se erguem.

É porque cremos no Cristo crucificado que não renunciamos à esperança nem nos conformamos com o mal. Ao contrário, apostamos em valores como: civilidade, paz, justiça, democracia, cuidado, liberdade, diversidade, presença, diaconia, ecumenismo, fé, vínculo, harmonia, gratidão, respeito, esperança, diálogo e partilha.

Desejo a cada um e a cada uma de vocês que a mensagem da Páscoa, da ressurreição do Cristo crucificado, fortaleça e inspire a sua vida de fé na promoção da paz e lhe acompanhe durante este ano de 2014.
Amém!

Pastor Nestor Friedrich
Pastor Presidente da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil
 

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