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Mateus 21.33-44

Prédica - Dia da igreja - Sínodo Nordeste Gaúcho - 2012

03/06/2012

Histórias de vida e fé
Dia da Igreja - Sínodo Nordeste Gaúcho
3 de junho de 2012 - Igrejinha/RS

Ouçamos o Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, conforme MATEUS 21.33-44:

33 Jesus disse:
— Escutem outra parábola: certo agricultor fez uma plantação de uvas e pôs uma cerca em volta dela. Construiu um tanque para pisar as uvas e fazer vinho e construiu uma torre para o vigia. Em seguida, arrendou a plantação para alguns lavradores e foi viajar.
34 Quando chegou o tempo da colheita, o dono mandou alguns empregados a fim de receber a parte dele.

35 Mas os lavradores agarraram os empregados, bateram num, assassinaram outro e mataram ainda outro a pedradas.

36 Aí o dono mandou mais empregados do que da primeira vez. E os lavradores fizeram a mesma coisa.
37 Depois de tudo isso, ele mandou o seu próprio filho, pensando: “O meu filho eles vão respeitar”.
38 Mas, quando os lavradores viram o filho, disseram uns aos outros: “Este é o filho do dono; ele vai herdar a plantação. Vamos matá-lo, e a plantação será nossa”.
39 — Então agarraram o filho, e o jogaram para fora da plantação, e o mataram.
40 Aí Jesus perguntou: — E agora, quando o dono da plantação voltar, o que é que ele vai fazer com aqueles lavradores?
41 Eles responderam: — Com certeza ele vai matar aqueles lavradores maus e vai arrendar a plantação a outros. E estes lhe darão a parte da colheita no tempo certo.
42 Jesus então perguntou: — Vocês não leram o que as Escrituras Sagradas dizem?
“A pedra que os construtores rejeitaram veio a ser a mais importante de todas. Isso foi feito pelo Senhor e é uma coisa maravilhosa!”
43 E Jesus terminou: — Eu afirmo a vocês que o Reino de Deus será tirado de vocês e será dado para as pessoas que produzem os frutos do Reino. 44 Quem cair em cima dessa pedra ficará em pedaços. E, se a pedra cair sobre alguém, essa pessoa vai virar pó.

L.: ESTA É A PALAVRA DO SENHOR

C.: Grupo Anima: Louvado sejas Cristo!

“Que a graça e a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão com o Espírito Santo esteja conosco hoje e sempre. Amém!”
Meus irmãos e minhas irmãs do Sínodo Nordeste Gaúcho! Com muita alegria, eu quero saudar a todos vocês! Que bom poder estar com vocês nesta manhã, em mais este Dia da Igreja!

• Pastor Sinodal Altemir Labes,
• Diretoria do Sínodo, lideranças de nossas Comunidades, Paróquias!
• Estimados/as Pastores, Pastoras, Catequistas, diáconos/as, missionários/as!
• Grupo Anima, Coralistas!
• Nosso Professor e Pastor Dr. Martin Dreher!
• Autoridades Civis! Prefeito, Representante do Governador do Estado Tarso Genro, Secretário Estadual da Justiça e dos Direitos Humanos, Querida Comunidade aqui reunida!
• Irmãos e irmãos que nos acompanham pela Internet, Rádio União!

Contar histórias, visitar um álbum de fotografias, resgatar histórias tem um efeito mágico! Abre horizontes onde tudo parecia fechado! Lembra de onde viemos, traz à memória aqueles que viveram antes de nós e que nos marcam, ainda hoje, com o legado que deixaram!

Ter história nos ajuda a olhar para o tempo presente, para a nossa vida, e para o futuro de uma forma nova! Relembrar a luta de nossos antepassamos, a superação diante das inúmeras situações de sofrimento, nos inspira a lutarmos da mesma forma, a nos engajarmos, fazermos história!

O que vocês aqui, no Sínodo Nordeste Gaúcho, iniciaram ao resgatar partes de uma história de 190 anos, é algo muito bonito. O tempo dirá o quanto isto foi significativo para a vida de cada um, mas também para nossa caminhada enquanto Igreja! Por sinal, recorrer àquilo que aconteceu no passado era prática recorrente na história do povo de Deus desde o seu início!

Ao recapitular os mandamentos que Deus havia dado ao seu povo, Moisés diz: no futuro, quando seus filhos perguntarem: mas que leis são estas?, vocês dirão: depois que Deus tirou nossos antepassados da escravidão do Egito, ele nos deu esse conjunto de leis para preservarmos a liberdade conquistada (Deuteronômio 6). Mais tarde, ao entrar na terra prometida, o povo de Deus foi admoestado a sempre rememorar: nossos antepassados viveram na escravidão do Egito. Eles sofreram muito. Viveram como escravos. Se nós estamos aqui, prestes a tomar posse desta terra boa e farta, é porque Deus nos trouxe para cá (Deuteronômio 26).

Quando este mesmo povo experimentou o exílio, a destruição do templo, queda da monarquia e caiu numa crise sem precedentes, o que fizeram? Revisitaram sua história, para entender o que aconteceu, assumir culpa, confessar culpa, retomar a história, voltar-se novamente para Deus! Papel fundamental tiveram os profetas ao rememorar a ação libertadora de Deus e confrontar a vontade de Deus com a realidade presente. Nós gostamos de esquecer! Isto explica a rejeição e perseguição que sofreram os profetas.

Não esquecer a história, o testemunho daqueles que antes de nós viveram, nos ajuda a construir a nossa identidade, evita repetir erros, nos dá segurança, parâmetros, orientação, sinaliza para os desafios que temos diante de nós!

É deste testemunho passado de geração em geração que viveu o povo de Deus no Antigo Testamento! É do testemunho dos primeiros cristãos e cristãs acerca da ação de Deus, do seu amor que vive a Igreja de Cristo hoje, é do testemunho que os nossos antepassados nos legaram que vivemos nós. Este testemunho fala de Jesus Cristo, fala da Páscoa, fala da esperança no Reino de Deus, fala de uma missão a nós confiada pelo próprio Deus – cuidarmos da sua vinha, nossa Igreja, nosso mundo, este planeta, cuidarmos das pessoas – irmãos e irmãs na fé.

A parábola que Jesus conta mostra como a humanidade reagiu ao amor de Deus revelado em Cristo. Na verdade, a parábola conta uma história triste, uma tragédia!

O dono da vinha faz um contrato de arrendamento, entrega a sua propriedade aos cuidados de lavradores. Confia! Quando chega o tempo da colheita o dono da vinha envia empregados para buscar a parte que lhe pertence. A surpresa está na reação dos lavradores, que não cumprem o combinado. A cada nova tentativa do dono da vinha, a intensidade da violência aumenta até culminar com o assassinato do filho deste. Na lógica dos lavradores, uma vez morto o filho, seriam donos da vinha.

Esta parábola de Jesus é instigante. O jeito deste dono da vinha surpreende. Sempre de novo envia empregados. É perseverante, não desiste. Inverte a lógica ao não reagir às injustiças cometidas com as mesmas armas dos lavradores. Humanamente falando, quem de nós iria enviar o seu filho ou a sua filha para uma tarefa destas? Como acreditar que enviando o filho, mudariam de atitude? “O meu filho, eles vão respeitar!” É loucura o que este dono da vinha faz.

No entanto, o que os lavradores fazem carece de lógica. Mesmo que matem a todos, enquanto o dono estiver vivo, não terão a posse da vinha! Será que não se deram conta disto?

Em um gesto radical, Deus envia o seu Filho. Contudo, novamente acontece a rejeição. A Sexta-feira Santa marca este momento trágico. Revela a arrogância humana de achar que pode se apoderar da vinha de Deus, de ignorar a realidade de Deus, pior, de não perceber que, ao querer emancipar-se de Deus, caem em nova escravidão: não tenho tempo; competimos; Rio + 20: futuro do planeta; mudanças climáticas; religião virou mercadoria; Deus virou refém de pastores – são eles que mandam em Deus: eu te ordeno; Deus foi substituído por milagres e demônios!

Perdemos a nossa identidade como filhos e filhas de Deus – somos uma sociedade doente, não conseguimos conviver: trânsito e consumo de remédios são evidências disto! Abrimos mão da nossa história! Não sabemos mais quem somos!

O erro dos lavradores foi o de ignorar que não dá para matar Deus! Ele é senhor da história! Eles tomam por fraqueza o que, na realidade, é amor, graça, paciência de Deus, confiança!

Ao mesmo tempo, ela aponta para a radicalidade da inconformidade de Deus com a morte.

É desta história que fala a parábola e é esta história que deu origem à Igreja. Nós somos cristãos e cristãs por causa de Jesus Cristo, a pedra principal. É por causa do amor de Deus que, hoje, estamos aqui e anunciamos ao Cristo Vivo, a pedra principal, a partir da qual construímos as nossas histórias de vida e fé - e esta história continua através de mim e através de você, através do nosso testemunho em comunidade, porque, hoje, a vinha de Deus está confiada a nós, seus filhos e suas filhas!

Igreja viva é uma Igreja que faz história em Comunidade. Eu pude acompanhar muitos momentos da preparação deste Dia da Igreja. É muito legal constatar que há muita vida pulsando em nossas Comunidades. Há histórias bonitas, mas também tristes. Contudo, em todas elas transparecem a paixão e a confiança em Deus. O testemunho de muitos de vocês no site do Sínodo Nordeste Gaúcho evidencia isto:

- tive força de cuidar minha mãe durante 15 anos;
- passei por muitos sofrimentos, pelo fracasso – superei!
- pretendo continuar o trabalho até que Deus me permitir.
- minhas atitudes já mudaram outras pessoas no modo de pensar e viver.
- me sinto bem. Dia mais importante foi quando me convidaram.
- OASE – orientação para a caminhada, onde vou encontrar estímulo.
- se saio triste de casa – o canto no coral me renova que nem a Palavra de Deus.
- faço visitação.
- superação diante da perda prematura da mãe.
- cura através da fé.
- amor e sacrifício.
- gratidão – superação vício!
- feliz por estar de bem com a vida!
- sempre ajudando!

Estes testemunhos me marcam, porque mostram que, muitas vezes, pecamos pela falta de sensibilidade e perdemos o foco da missão. Acolher, fomentar comunhão, abraçar, trabalhar juntos, estes são alguns dos elementos fundamentais do trabalho na vinha do Senhor!

As Histórias de vida e fé rememoradas traduzem o empenho das famílias luteranas que se instalaram nessa região, hoje, abrangida pelo Sínodo Nordeste Gaúcho. Falam em dificuldades enfrentadas, conflitos, alegrias, superações, festas, construções, grupos, esperança e fé. É, pois, a história da própria IECLB.

Que Deus, em seu amor que liberta para uma viva esperança, possa abençoar as nossas histórias de vida e fé e a história que vamos construir daqui para frente. Que o Evangelho de Jesus Cristo, a pedra principal, fonte de toda a nossa fé e da nossa história, possa nos inspirar para um testemunho vibrante, convicto e ativo no amor, hoje e sempre. Que o Espírito Santo acenda e fortaleça em nós o testemunho vivo deste Deus que é presença libertadora.

“Que a paz de Deus que excede todo o entendimento guarde os nossos corações e as nossas mentes em Cristo Jesus, nosso Senhor. Amém!”
 


Autor(a): Nestor Paulo Friedrich
Âmbito: IECLB / Instância Nacional: Presidência
Testamento: Novo / Livro: Mateus / Capitulo: 21 / Versículo Inicial: 33 / Versículo Final: 44
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 15205

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