DECLARAÇÃO DA IECLB
ACERCA DO DOCUMENTO DO VATICANO
RELATIVO A ALGUNS ASPECTOS DA DOUTRINA SOBRE A IGREJA
Ao tomarmos conhecimento do Documento da Congregação para a Doutrina da Fé, do Vaticano, intitulado “Respostas a questões relativas a alguns aspectos da doutrina sobre a Igreja”, a primeira sensação que temos é de desalento.
A Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) expressa em sua Constituição ter um “vínculo de fé” com todas as igrejas que confessam a Jesus Cristo como Senhor e Salvador e tem mantido relações estreitas com as igrejas que compartilham seu compromisso ecumênico. Nesse contexto, ela tem em alta conta a trajetória comum e fraterna com outras igrejas em nosso país e no mundo, também com a Igreja Católica Romana. Conseqüentemente, a IECLB não nega a classificação de igreja a nenhuma das igrejas centradas na fé em Cristo, e tampouco passará a fazê-lo em relação àquelas igrejas que, em sua autodefinição, não a reconhecem como igreja em sentido pleno.
Assim, em segundo lugar, no compromisso ecumênico, o desalento deve vir acompanhado, ainda que com dificuldade, do pleno respeito à definição eclesiológica de cada igreja. A IECLB registra ainda que as respostas do novo documento se voltam, a rigor, ao público interno da Igreja Católica Romana, um indicador inequívoco de que há em seu interior um processo de reflexão teológica em torno da natureza da Igreja e das relações ecumênicas entre as confissões cristãs. Não pode surpreender, porém, que posições internas de cada igreja tenham também repercussão nas demais igrejas, e estas, por sua vez, podem e devem externar suas próprias preocupações com o futuro do ecumenismo.
Por fim, embora o documento classifique que na Igreja Católica ocorrem “desvios geradores de dúvidas”, o diálogo acerca da natureza da Igreja se faz indispensável hoje não apenas no interior de cada igreja, como também entre as igrejas. É por isto que o movimento ecumênico tem chamado, com razão, as igrejas a uma reflexão conjunta e fraterna acerca do seu próprio “ser-igreja”. Esse chamado se torna, pois, ainda mais necessário e urgente.
Porto Alegre, 10 de julho de 2007.
Walter Altmann
Pastor Presidente