Ainda estamos perplexos e angustiados com o brutal assassinato da irmã Doraci J. Edinger, missionária da IECLB em terras moçambicanas. Inúmeros testemunhos de pessoas de vários países que a visitaram, testificam que ela desenvolvia um extraordinário trabalho de constituição de comunidades, edificação espiritual e apoio concreto na melhoria das condições de vida da população. Ela sempre falava com carinho e amor pelas pessoas empobrecidas que acompanhava e atendia. Fez sacrifícios de toda ordem, também materiais, destinando boa parte de sua subsistência para ajudar outras pessoas mais necessitadas.

Ainda assim, ela também falava de dificuldades e de oposição a seu trabalho. O que, porém, poderia motivar uma ou mais pessoas e planejar e executar seu assassinato? Não foi assalto, não houve violência sexual. Foi sua eliminação. A IECLB, a Federação Luterana Mundial e o Governo Brasileiro estão envidando todos os esforços a seu alcance, para que as autoridades de Nampula descubram quem perpetrou o crime e quais suas motivações. A própria Igreja Evangélica Luterana em Moçambique (IELM) emitiu declaração exigindo das autoridades não deixar pedra no caminho do total esclarecimento do crime.

Mas já sabemos a dimensão teológica mais profunda dos acontecimentos. A trajetória, as cartas e os relatórios da irmã Doraci não deixam dúvidas: ela fizera uma radical opção de vida. Servir a Deus nos mais pequeninos era seu incondicional desejo. Nos momentos de dúvida ou solidão, Deus lhe dava novas forças. Literalmente, como o Senhor Jesus que ela seguiu, também ela deu sua vida pelas ovelhas que lhe foram confiadas (Jo 10.11). E não há maior amor do que este. 

A missão da IECLB recebeu seu batismo de sangue. Nossa esperança, porém, está em Deus que pela ressurreição de Cristo também destruiu o poder da morte. Em Deus a Irmã Doraci descansa. As sementes que ela disseminou, haverão de produzir abundantes frutos.