Eu vivo comunidade! Eu não me coloco do lado de fora, me coloco ao lado das outras pessoas que, como eu, pecadores e pecadoras, vivem da graça e glória de Deus, reúnem-se em torno de Cristo, abraçam a causa do Reino e cuidam bem desta comunhão.
Dietrich Bonhoeffer, no seu livro Vida em Comunhão (p.5-17), escreve que corremos o perigo de esquecer que a comunhão dos irmãos crentes é um presente gracioso procedente do Reino de Deus, presente esse que nos pode ser tirado a qualquer hora, que talvez um prazo muito curto nos separe da mais profunda solidão. Por isso, quem até hoje pode viver em comunhão com outros crentes, esse louve a graça de Deus no fundo do coração, agradeça a Deus de joelhos e reconheça: é graça, nada mais do que graça o fato de ainda podermos gozar a comunhão de irmãos crentes.
Neste ano, a IECLB, você e eu, estamos sendo convidados a refletir acerca do nosso ser comunidade! As palavras do Pastor Bonhoeffer apontam para uma dimensão fundamental do ser comunidade nos nossos dias: não é natural para o cristão poder viver entre cristãos! Natural é isolar-se, concorrer, não apostar em ações conjuntas pautadas pelos valores do Reino de Deus anunciadas por Cristo. Se você vive comunidade, você é uma pessoa privilegiada! É graça de Deus! A comunidade não é posse minha nem de grupos, Ministros ou Ministras, Presbitérios ou de quem quer que seja!
No seu livro Como Jesus queria as comunidades?, Gerhard Lohfink nos dá algumas pistas desta verdadeira comunhão cristã: O que se tem em mente não é uma Igreja em que não haja culpa, mas uma Igreja na qual da culpa perdoada cresce esperança infinita. O que se tem em mente não é uma Igreja em que não haja divisões, mas uma Igreja que encontra reconciliação por cima dos seus abismos. O que se tem em mente não é uma Igreja em que não haja conflitos, mas uma igreja que resolve os conflitos de maneira diferente da sociedade restante. O que se tem em mente, por fim, não é uma Igreja em que não haja cruz nem histórias de sofrimento, mas uma igreja que constantemente pode festejar a Páscoa, porque ela morre, na verdade, com Cristo, mas também ressuscita com Ele (p. 202).
Eu vivo comunidade... e você?
P. NESTOR FRIEDRICH
Pastor Presidente da IECLB