Música na IECLB


Música em Comunidades frente à Pandemia do Covid-19: Orientações para cultos online, lives e retorno aos cultos presenciais.

12/06/2020

 

Música em Comunidades frente à Pandemia do Covid-19:
Orientações para cultos online, lives e retorno aos cultos presenciais.

11 de junho de 2020

“A música não pode parar, só precisamos encontrar novos jeitos”.
                                                                                                                                    Soraya Eberle

A pandemia do novo Coronavírus, Covid-19, pegou o mundo de surpresa, mas fomos ainda mais surpreendidos e surpreendidas com a notícia que nos causa, além de espanto, tristeza. Estudos revelam que as práticas musicais coletivas envolvendo atividades movidas pela respiração humana (portanto, canto e instrumentos de sopro) estão entre as potencialmente mais perigosas na proliferação do vírus. E, como igreja, faz-se necessário rever práticas que nos são caras e importantes. Canto coral, canto comunitário e grupos de sopros são as práticas que despertam mais alertas.

Enquanto a pesquisa continua, o Conselho Nacional de Música e a Coordenação de Música da IECLB emitem o presente documento, procurando apontar cuidados, riscos e oportunidades para a música em contexto comunitário.

Que informações básicas se deve saber sobre a relação entre o contágio do novo Coronavírus, Covid-19, e as atividades musicais?
- Há muitas dúvidas em relação às formas de contaminação pelo Covid-19; os estudos são recentes e estão em andamento; o que significa que estas orientações podem sofrer alterações;
- Quanto maior a distância entre as pessoas, menor a chance de contaminação;
- Quanto menor o número de pessoas em um mesmo ambiente, menor o risco de contaminação;
- Quanto maior o tempo de exposição, maior a chance de contaminação;
- Observe, abaixo, as possibilidades de contágio em ordem decrescente de risco; ou seja, da que mais propicia o contágio à que menos risco envolve:

1 - Cantar
2 - Falar
3 – Tossir
4 – Espirrar
5 – Sussurrar
6 – Respirar pela boca
7 – Respirar pelo nariz

1. Qual espaço físico devo utilizar e de que forma?

- Utilize preferencialmente espaços ao ar livre ou átrios abertos;

- Quando a opção for por um ambiente fechado, utilize o maior espaço disponível, indiferente do número de participantes. Quanto maior a altura (pé direito) melhor;

- Quando houver a possibilidade, utilize portas diferentes para entrar e para sair (fluxo único);

- Mantenha janelas e portas abertas para que haja a maior circulação possível de ar;

- Não utilize ventiladores;

- Evite o uso de ar condicionado. Quando necessário, utilize apenas se a fonte de ar for externa, posicionando as aletas de tal forma a não serem direcionadas para as pessoas;

- Aconselhe as pessoas a evitar utilização dos banheiros, circulação ou permanência nas áreas comuns;

- Os locais utilizados devem ser higienizados antes e depois do uso.

2. Onde e como devo posicionar musicistas em um culto presencial?

- Preferencialmente, as pessoas que irão cantar/tocar (executantes) coloquem-se voltados na mesma direção da comunidade (p. exemplo, coloquem-se, como a comunidade, voltados ao altar).

- Evite quando possível que musicistas fiquem de frente para a comunidade; se for absolutamente necessário, deve ser observado o distanciamento mínimo de 5 (cinco) metros entre musicistas e comunidade.

- Considere a utilização de algum átrio ou câmara(p. exemplo, sacristia). Evite o uso do mezanino para canto e sopro, mas se for absolutamente necessário, que seja em direção oposta à comunidade.

3. Quais as orientações a ser observadas na execução musical por grupos e musicistas nas lives, cultos presenciais e on-line?

- Reúna a menor equipe de música possível. A primeira alternativa deve ser musicista que toque um instrumento harmônico e cante. Não havendo essa possibilidade, opte por uma pessoa que toque um instrumento harmônico e uma pessoa vocalista (cantor ou cantora). Dê preferência a duplas que residam no mesmo espaço físico;

- Utilize microfones durante o canto, minimizando assim a emissão de gotículas. De preferência que cada celebrante e cantor tenha o seu e que ele seja higienizado antes e depois do uso;

- Prefira a utilização de pedestal para o microfone, evitando assim a manipulação de fios e do próprio microfone;

- Cada musicista deve utilizar o seu próprio material, evitando ao máximo compartilhar (hinários, pastas, estantes, garrafas e copos d’água). Mesmo os equipamentos e materiais de uso individual devem ser higienizados após a utilização. Esta recomendação é especialmente crucial em relação aos microfones que acumulam secreção: não devem jamais ser partilhados ou trocados.

- Instrumentistas que não cantam devem permanecer de máscara todo o tempo. Para quem canta, é necessário utilizar máscara sempre que não estiver cantando.

- Órgãos, pianos, teclados e demais instrumentos de uso comum devem ser higienizados antes e depois do uso.

- Se necessário ensaio prévio, o faça em sua residência.

4. Como proceder em relação aos instrumentos de sopro?

- Quanto menor o grupo, melhor; considerando a possibilidade de um ou dois instrumentistas de sopro somente;

- Nos metais, considere a utilização de um tecido fino de trama fechada (TNT, seda), na saída do instrumento;

- Quando possível, tenha uma proteção de acrílico entre o instrumento e o público;

- Os líquidos (umidade condensada, saliva) armazenados nos instrumentos devem ser coletados em lenços descartáveis ou tapetes higiênicos, que devem ser colocados em sacos plásticos e descartados adequadamente;

- Deve ser evitado expelir líquidos das chaves soprando violentamente durante as pausas;

- A higiene do instrumento deve ser feita pelo músico em ambiente separado e com materiais descartáveis.

5. Que outras recomendações são importantes de serem observadas?

- Avalie a duração da atividade. Considere deixá-la mais curta que o usual;

- Organize prelúdios e poslúdios instrumentais (evitando assim o canto); utilize hinos mais conhecidos dos musicistas, evitando dessa forma ensaios conjuntos;

- Instrua a todos que evitem aglomerações na chegada e saída das atividades;

- Musicistas devem evitar ensaiar antes das atividades, repassando somente as partes estritamente necessárias;

- As informações sobre a atividade devem ser passadas com antecedência para os musicistas;

- Não faça intervalos nas atividades;

- Deve ser evitado o uso de hinários e folhas para a comunidade. Caso possível, fazer a projeção de hinos, textos e liturgia.

6. Quais as possibilidades de musicistas exercerem seu trabalho, neste momento, na comunidade?

- Ensaios de grupos podem ser realizados de forma virtual;

- Se não há acesso à internet ou dificuldades para utilizá-la, regentes podem gravar as partes e enviá-las de outras formas mais facilmente acessíveis a coralistas (CD, pendrive, e-mail, etc…);

- Musicistas podem fazer música ao ar livre. Uma possibilidade de trazer alento no distanciamento social é fazer “serenatas” para pessoas idosas, doentes, enlutadas. Sem entrar nas casas, no princípio da “visita de portão” (vide recomendações diaconais), respeitando o distanciamento social;

- Musicistas podem organizar lives, desde que com grupos muito pequenos, utilizando máscaras sempre que não estiverem cantando, com distanciamento devido e seguindo todas as recomendações;

- Regentes, educadores e educadoras musicais fazem uso de diversas possibilidades do fazer musical; podem gravar vídeos ou fazer lives promovendo: cursos de teoria e percepção musical, cursos de fisiologia da voz, apreciação comentada de obras musicais, hinologia, etc;

- Musicistas podem gravar vídeos e áudios para participar dos cultos online (não-presenciais); assim a comunidade testemunha a valorização do sacerdócio geral. As gravações podem ser feitas no templo, observando o distanciamento, mas é um fator extra de proteção se forem realizadas em casa;

- Aulas individuais presenciais de instrumentos podem ser realizadas, desde que as pessoas utilizem máscaras e não toquem o mesmo instrumento, além de observar o distanciamento;

- Aulas de canto, técnica vocal e instrumentos de sopro presenciais, mesmo individuais, não são recomendadas; mas podem ocorrer online.

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7. Como proceder com o canto comunitário?

Durante tanto tempo, a teologia luterana tem ressaltado que o canto comunitário é a voz do povo na liturgia. No canto comunitário, as pessoas se sentem pertencentes, identificadas, e até dizemos que o canto comunitário “forma comunidade”.

Nenhuma das afirmações acima deixa de ter validade. E é provável que o atual cenário nos ajude, inclusive, a valorizar ainda mais o nosso canto; tão nosso, tão luterano, tão orgânico em nossos cultos e celebrações que não os imaginamos sem ele.

No entanto, seria irresponsável ignorar o cuidado com a vida e não alertar para o potencial de contaminação do canto comunitário. Então com aperto no peito e lágrimas nos olhos, precisamos afirmar: não é tempo de cantar comunitariamente.

Por isso, precisamos também de uma atitude solidária: musicistas irão desempenhar um importante papel, carregando e recolhendo em si o canto da comunidade. De forma vicária, emprestando sua voz para que a comunidade cante através dela, e a comunidade participa de forma reflexiva. Nossa voz poderá ainda ser ouvida no canto nos lares, nas lives, em programas ao ar livre.

Então, vemos três momentos diferentes que irão se suceder, oportunamente, num lento movimento de abertura e retomada:

1. Neste primeiro momento o canto comunitário não é indicado em cultos presenciais de nenhuma forma, mesmo com máscara.

2. Mais adiante, dependendo da situação em cada sínodo e comunidade, se observado o distanciamento e o uso de máscara, a comunidade poderá entoar, sem ser a plenos pulmões, o canto; especialmente na modalidade boca chiusa (cantar com a boca fechada).

3. Só posteriormente, haverá a possibilidade de incluir uma ou duas partes litúrgicas cantadas, um hino alternado entre cantor/cantora (executa as estrofes) e comunidade (entoa o estribilho) ou um corinho breve.

Para fazer a transição de um momento para o outro, as comunidades precisam estar atentas às orientações de sínodos e da IECLB e à atualização deste documento.

Salientamos que a música, na pandemia, é especialmente relevante para a vida, o consolo, o sentimento de pertença à comunidade e identidade confessional. Por isso, deveria fazer parte da prática comunitária nessa nova forma de ser igreja e com criativas maneiras de execução. Que Deus nos abençoe e, sempre, Soli Deo Gloria!

Conselho Nacional de Música da IECLB

Lislie Moraes de Carvalho - coordenadora
Wagner Petry Moraes - 1. vice-coordenador/ Sínodo Nordeste Gaúcho
Vinícius Ponath Alves - 2. vice-coordenador/ Sínodo Espírito Santo a Belém
Ana Cristina Dill Moser - Sínodo Centro-Campanha-Sul
Beatriz Rieck - Sínodo Sudeste
Dieison Gross Ferreira - Sínodo Brasil Central
Elenir Maria Dietterle Schulz - Sínodo Planalto Rio-Grandense
Elisiana Klabunde - Sínodo Norte Catarinense
Ernesto Kramer - Sínodo Rio Paraná
Gleidson Ademir Fritsche - Sínodo Sul-Rio-Grandense
Ilíria François Wahlbrinck- Sínodo Uruguai
Ingo Valter Schreiner - Sínodo Vale do Taquari
Jeison Uliana Mohr- Sínodo Vale do Itajaí
Neri de Oliviera Quitaiski - Sínodo Noroeste Rio-Grandense
Valmiré Martin Littig - Sínodo Mato Grosso
Pauline Roeder Siqueira - Sínodo Paranapanema
Roberto Krauzer - Sínodo da Amazônia
Volmir Adolfo Jung - Sínodo Rio dos Sinos
Simone Vesper Binow - Obra Missionária de Metais Acordai
Soraya Heinrich Eberle - Coordenação de Música - Secretaria Geral da IECLB


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