Às Paróquias e Comunidades do Sínodo Mato Grosso
Virtualmente em 26 de junho de 2021
Pela segunda vez as lideranças do Sínodo Mato Grosso se reuniram virtualmente na tarde do dia 26 de junho de 2021 para a realização da XXV Assembleia Sinodal. Quando nos despedimos ao final da XXIV Assembleia Sinodal realizada em 26 de setembro de 2020 tínhamos grande esperança de que nossos encontros em 2021 seriam presenciais.
O tempo passou! Nove meses para sermos mais exatos. E novamente a tela de nossos computadores e celulares foi o nosso local de encontro. Mais uma vez ficamos sem nossas rodas de conversas e nossos abraços fraternos.
Como Igreja de Jesus Cristo, mesmo diante de tantas adversidades e dificuldades, mas também de alegrias e realizações, colocamo-nos a caminho, cuidando e sendo cuidados. O evangelho continuou sendo anunciado e nossas mãos estavam mais dispostas à diaconia. Tudo isso na certeza de que Deus nos encoraja, fortalece e sustenta.
Quando olhamos para o passado, olhamos para a nossa história. O dia de ontem é história. Nós enquanto luteranos e luteranas reunidos e reunidas no Sínodo Mato Grosso temos uma história. Pertencemos a uma igreja histórica. Igreja esta com mais de 500 anos de história. Mas, hoje, olhamos para o presente. O presente é incerto e assustador diante da pandemia da Covid-19.
Se olhamos para o passado e vemos nossos 500 anos de história, olhamos para o presente e chocados presenciamos a perda repentina de mais de 500 mil vidas. São dois quinhentos totalmente opostos. Um é histórico e de alegria; o outro é presente e de tristeza. No histórico olhamos para os nossos antepassados que lutaram para erguer nossa história enquanto igreja da palavra. Foram corajosos, audaciosos, não se deixaram moldar à moda do mundo, mas viveram e pregaram o evangelho puro e transformador. É no histórico que vamos ver nossas comunidades, paróquias e Sínodo Mato Grosso nascerem. Já no presente contabilizamos em estatísticas as nossas perdas. Perdas estas que têm nome, sobrenome, idade e que deixam saudade.
Também é no presente que vamos ver uma igreja que tem se amoldado ao mundo, diante do discurso de ser acolhedora. É preciso cuidado e sobriedade diante de discursos polarizados para não perdemos a nossa essência, afinal, a comunidade cristã só existe de forma consistente se está centrada em Jesus Cristo crucificado e ressuscitado. Quando Jesus não é o centro, então a comunidade deixa de ser consistente e relevante para a salvação das pessoas. Quando a comunidade deixa Jesus de lado e traz para dentro dela os modelos do mundo, então ela perde a sua centralidade e a sua relevância no plano de salvação de Deus.
Assim nos despedimos da XXV Assembleia Sinodal do Sínodo Mato Grosso. Mais uma vez com o coração aquecido diante daquilo que vimos e ouvimos. Em 500 anos de história muitas pessoas tiveram suas vidas transformadas pelo evangelho. No presente nos assustamos com as 500 mil vidas perdidas. Mas tanto no passado quanto no presente é possível ver a bondade e a misericórdia de Deus na vida daqueles que foram transformados pelo evangelho ou curados da Covid-19.
Nossos 500 anos de história e nossas 500 mil perdas nos trazem uma pergunta: O que o futuro no reserva?
Lutero, referindo-se ao tempo de pandemia que viveu, lembrou às pessoas que elas deveriam confiar na fidelidade e nas promessas de Deus, em particular na promessa da vida eterna, como Paulo escreveu: “Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. De sorte que, ou vivamos ou morramos, somos do Senhor (Romanos 14,8).
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Confira a mensagem gravada: