“Que a graça e a paz do nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão com o Espírito Santo estejam com vocês hoje e sempre”. Amém!
Estimados membros da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil! Irmãos e irmãs em Cristo!
Neste mês de outubro, lançamos um convite: que todas as Comunidades vinculadas à Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil fizessem uma parada para refletir sobre o tema Liberdade. Todas as Comunidades foram chamadas para meditar, pregar, cantar, estudar e celebrar a liberdade, pois este é um tema central da tradição evangélica luterana.
Quero propor a você a reflexão sobre este tema a partir de dois textos:
No livro “Da Liberdade cristã”, escrito por Martim Lutero, destaco as seguintes palavras:
Para conhecermos a fundo o que seja um cristão e sabermos em que consiste a liberdade que Cristo para ele adquiriu e ofertou, de que São Paulo tanto escreve, quero frisar estas duas frases: “Um cristão é senhor livre sobre todas as coisas e não está sujeito a ninguém. Um cristão é servidor de todas as coisas e sujeito a todos. “O cristão é livre, sim, mas deverá tornar-se de bom grado servo, a fim de ajudar a seu próximo, tratando-o e obrando com ele, como Deus tem feito com ele mesmo por meio de Cristo. O cristão fará tudo sem esperar recompensa, mas unicamente para agradar a Deus [...]”. Serei para com o meu próximo um cristão, à maneira como Cristo foi comigo, não empreendendo mais que aquilo que o meu próximo necessite, lhe seja proveitoso, salvador, que já possuo todas as coisas em Cristo, pela minha fé.
No texto bíblico de Gálatas 5.1 e 13-15, lemos:
“Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais de novo a jugo de escravidão. 13 Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor. 14 Porque toda a lei se cumpre em um só preceito, a saber: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. 15 Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede que não sejais mutuamente destruídos”.
O Apóstolo Paulo não fala a respeito de qualquer liberdade, mas da liberdade para a qual Cristo nos libertou. Esta liberdade tem como princípio o amor, o cuidado para com o próximo, a causa de Deus como fim último! Liberdade cristã caminha de mãos dadas com dever e responsabilidade! Fazer esta distinção é fundamental! Por quê? Porque há uma liberdade que mata, escraviza, nos devora e destrói (v.15), que não é autêntica. Sintoma mais evidente desta falsa liberdade, deste jugo de escravidão é o sofrimento humano fruto da violência.
No mês de setembro, a convite da Igreja Evangélica Luterana na Baviera, ocorreu em São Paulo, a Segunda Consulta com as Igrejas Luteranas da África, América Latina, Austrália, Ásia e Europa. O tema da consulta foi “Como as Igrejas contribuem com a sociedade para superar a violência”.
Dentre as causas e expressões da violência, constatamos:
- o abismo que há entre pobres e ricos, fruto de estruturas econômicas, políticas injustas;
- a falta de uma boa gestão de Governo e infraestrutura nas cidades, o que leva à corrupção e ao esfacelamento da coesão social;
- o abuso do poder pelas autoridades, como Políticos e a própria Polícia;
- a falta de educação, de serviços de saúde, que se materializa em um sistema que não é acessível a todos;
- a hostilidade ou a desarmonia entre denominações, religiões e outros grupos da sociedade civil;
- a discriminação de gênero e outras formas de negação dos direitos humanos;
- a violência doméstica, principalmente contra mulheres, crianças e idosos, como uma das formas mais comuns de violência;
- o abuso de álcool e outras drogas;
- o comportamento agressivo e irresponsável nas estradas.
Durante a nossa Consulta, ouvimos muitas histórias de esperança diante da violência que fragiliza vidas, escraviza. Histórias de pessoas que se perceberam como parceiras de Deus, comprometidas não com a dominação do próximo, mas com o resgate da sua liberdade, dignidade, com a superação da violência. A mensagem que resultou desta consulta começa com um desafio que brota da convicção no agir libertador que brota da fé em Cristo e que não nos deixa conformados diante da realidade: Nunca desista! Quem desiste abre mão da sua liberdade!
Liberdade cristã é também um exercício comunitário. Esta dimensão da fé está presente no Tema do Ano da IECLB, que diz: Ser, Participar, Testemunhar - Eu vivo comunidade!
Ser tem a ver com a liberdade que brota da fé em Cristo! Somos filhas e filhos de Deus. Somos iguais. Diante de Deus, temos o mesmo valor. Não somos concorrentes, mas irmãos e irmãs comprometidos e comprometidas com a mesma causa, a causa do Reino de Deus!
Participar tem a ver com a fé que se torna ativa no amor, em uma postura protagonista, que não terceiriza responsabilidades, que busca ser propositiva, construtiva.
O testemunho, por sua vez, se mostra na alegria e na confiança com que interagimos uns com os outros, na gratidão que constrói caminhos que nos colocam ao lado de irmãos e irmãs, nos gestos de paz e justiça e na capacidade de recuar para que o irmão e a irmã possam dar um passo à frente.
“Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais de novo a jugo de escravidão.”
“Que Deus toque tuas mãos, para que sejam sempre generosas e solidárias.
Que Deus toque teus pés, para que teus passos sejam firmes no caminho da paz.
Que Deus toque teus ouvidos, para que permaneçam abertos à voz do Senhor e ao clamor do teu próximo.
Que Deus toque tua boca, para que pronuncies palavras que consolam e curam.
Que Deus toque teus olhos, para que brilhem com a luz da esperança e reflitam o seu amor.
Amém!”
Pastor Nestor Friedrich
Pastor Presidente
da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil