LUTERO E A EDUCAÇÃO
Prédica sobre Mt 28.18-20 Leitura: Deuteronômio 6.1-9
“Lâmpada para os meus pés e luz para os meus caminhos, é a tua palavra Senhor” Salmo 119.105
Estimada Comunidade! Quem de nós não se lembra do Catecismo Menor de Martim Lutero? Lembramos do catecismo, no qual nós aprendemos a base de nossa fé evangélica luterana na doutrina/ensino confirmatório. Quem de nós não se lembra da pequena oração “Ich bin klein mein Herz ist rein, soll niemand drin wohnen als Jesus allein” (trad. Livre “eu sou pequenino meu coração é limpo/puro, ninguém além de Jesus deve morar nele); Quem de nós não lembra de textos bíblicos e hinos que aprendemos em nossas casas, contados pelos nossos pais e nossas mães, pelos professores/as, pastores/as e catequistas?
Todas essas lembranças estão relacionadas à temática de hoje que nos quer falar acerca de Lutero e a Educação. Os textos bíblicos nos falam de educação e ensino. Na fé nós não nos formamos, mas estamos em constante processo de formação, desde a largada que foi dada no dia do nosso batismo. O batismo é o nosso primeiro passo na fé cumprindo com a ordem de nosso Senhor: “Ide e fazei discípulos de todas as nações... batizando-os... e ENSINANDO-OS a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado”, ou seja, as coisas que Cristo nos ordenou. Esta ordem de Mateus 28 também está em nosso Catecismo Luterano.
O Catecismo Menor de Martim Lutero, é para a nossa Igreja um dos Documentos norteadores de nossa confissão de fé, junto à Confissão de Augsburgo (Confessio Augustana inalterada), Credos Antigos e as Sagradas Escrituras na forma do AT e NT.
Lutero escreveu o catecismo Menor com o desejo de que cada pessoa cristã estudasse sobre a sua vida de sua fé em família. Cada pai e mãe de família deveria ensinar a fé cristã aos seus filhos. Por isso encontramos o Catecismo Menor tão bem elaborado e sucinto.
Lutero sempre se preocupou com a Educação do povo, tanto no ensino religioso, como no ensino secular. Ele traduziu a Bíblia para o vernáculo, a fim de que as pessoas pudessem ter acesso às Sagradas Escrituras. Com isso, contribuiu para a unificação do idioma alemão, tal qual como o conhecemos hoje, além de ter contribuído junto com Gutenberg no aperfeiçoamento da prensa tipográfica (imprensa).
A preocupação com a Educação do povo, para Lutero sempre foi uma constante. Em 1524, ele escreveu uma carta aos prefeitos e conselheiros das cidades alemãs, pedindo que as autoridades organizem e mantenham escolas. Para ele está claro que a tarefa da educação cabe às autoridades, e deve ser algo prioritário, pois não há nada que se compare ao desleixo em relação à educação de uma criança. Lutero defende principalmente a oportunidade àquelas crianças que não têm pais, pobres e miseráveis que não têm condições de dar um bom estudo a seus filhos. Ele exigiu que as autoridades mudassem suas mentalidades: Ele diz: “Seria bom e justo que sempre que se dê um centavo para a luta contra os turcos se deem cem para a educação”. Ou seja, ao invés de investir em guerras, melhor investir na educação.
Lutero pede que os pais mandem seus filhos para a escola. Se dediquem ao ensino, sobretudo, ensino cristão. Se nos redirecionarmos ao início da prédica, veremos que nós herdamos nosso jeito de orar da proposta de Lutero. Mesmo que, infelizmente, hoje pouco se use o Catecismo Menor nas famílias. Mas vale salientar que essa herança acerca da educação foi trazida junto com os imigrantes, e com ela trouxeram a sua maneira de viver a fé. Seja ela, a educação, religiosa ou secular. Cada família trouxe sua Bíblia, seu hinário e seu catecismo. Isso foi fundamental para o início da educação cristã e na fé nos primórdios de nossa história enquanto IECLB.
As comunidades surgiram e ao lado de cada comunidade, a escola. A fé evangélica luterana e a educação sempre andaram uma ao lado da outra. Na falta de professores e pastores, pessoas mais doutas e com certa liderança eram escolhidas para essas funções.
Cara Comunidade:
Podemos observar ainda hoje na IECLB, que muitas escolas luteranas se encontram ao lado de uma Igreja. Uso o exemplo do Colégio Martinus próximo à Comunidade do Redentor, aqui no sínodo Paranapanema. A compreensão é de que a Educação cria sujeitos, pessoas com discernimento e pessoas autônomas. Tanto a Educação Cristã, quanto a Educação secular libertam o ser humano.
Infelizmente, segundo os últimos Censos realizados, cerca de 13 milhões de pessoas ainda são analfabetas; Quase 9,7% da população brasileira tem nível superior, isso é considerado uma porcentagem baixa.
No entando, também podemos celebrar algumas iniciativas como PROUNI e o sistema de cotas que estão dando possibilidades de estudo para muitas pessoas que antes nem imaginavam estudar.
A Educação tem poder transformador e por isso a educação deve e pode contribuir para a construção de um mundo mais justo e digno para todas as pessoas. É a proposta de Jesus (Jo 10.10).
Em Deuteronômio 6.7-6, lemos: “Guardem sempre no coração as leis que eu lhes estou dando hoje, e não deixem de ensiná-las aos seus filhos”. Como famílias e comunidades cristãs temos a tarefa de preparar as gerações para os valores da vida e construir um mundo mais justo e fraterno.
Também pela promessa batismal “...ensinado os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado...”, pais e padrinhos, mães e madrinhas, bem como toda a comunidade têm a importante responsabilidade de instruir na fé. Como dito antes, na fé nós não temos formatura, mas constantemente estamos sendo animados e inspirados pelo Espírito Santo de Deus na nossa formação cristã contínua na via de mão dupla. Por um lado, ensinamos, por outro, aprendemos e nos deixamos educar.
Que Deus nos ajude a não fraquejarmos e que Ele nos encoraje para promovermos a educação em todas as esferas da vida! Amém!!
Pastor Luiz Temóteo Schwanz
Paróquia de Assis/SP
Sínodo Paranapanema