Luteranos em Contexto



ID: 2650

Liturgia para o Culto da Reforma - 2015

22/09/2015

 

LITURGIA PARA O CULTO DA REFORMA – 2015

Material necessário: Na chegada, distribuir cartões postais com as histórias das mulheres da Reforma. Caso não seja possível fazê-lo, ou se as pessoas já receberam estes cartões em outra oportunidade, modificar a liturgia, fazendo menção a eles, ou simplesmente usar os exemplos sem nominar os cartões. Seria bom que, pelo menos a equipe litúrgica tivesse os cartões para mostrar.

Liturgia da entrada

Acolhida

L. Queridas irmãs e queridos irmãos, estamos aqui para celebrar nosso culto a Deus e comemorar a Reforma Luterana que, em 2017 completará 500 anos. Igrejas Luteranas de todo o mundo estão se preparando para esta grande celebração.
Neste dia queremos recordar de forma especial algumas mulheres que foram fundamentais para este movimento de reforma eclesial. Mulheres, cujas histórias não são muito conhecidas. Algumas e alguns de vocês receberam um cartão postal com a história de uma destas mulheres. Tenham esse cartão em mãos durante o culto, já que logo o mencionaremos.

Invocação

L. Reunimo-nos aqui em nome de Deus que nos inspira e fortalece. O mesmo Deus que inspirou mulheres e homens do movimento da Reforma. Amém.

Canto: Vento (321 HPD2)

Confissão de pecados

L. Deus de amor, confessamos que nem sempre temos coragem para denunciar injustiças ou para reformar em nossas vidas ou em nossa igreja o que tu nos pedes. Nem sempre temos coragem para enfrentar conflitos e trabalhar para uma igreja mais amorosa e inclusiva. Perdoa-nos quando nos cremos autossuficientes e quando não vemos as pessoas em necessidade. Perdoa-nos porque seguindo o nosso orgulho e desejo de poder tornamos invisíveis tantas irmãs e irmãos que, com amor e fidelidade, trabalham pelo teu Reino. Ajuda-nos a ver-te em nossa próxima e em nosso próximo. Dá-nos força, confiança e amor para sermos sinais de teu Reino em nosso meio. Em nome de Jesus.

C. Amém.

Palavras da graça

L. Somos pessoas amadas por Deus, que nos aceita por graça e fé. Deus nos perdoa e nos chama para o caminho do amor. Assim como Jesus disse à mulher no monte das Oliveiras depois que os homens que a queriam apedrejar se foram, Jesus nos diz hoje: “Eu também não te condeno”! (Jo 8.10s)

L. Damos graças a Deus por seu perdão e recordamos as palavras de Martin Lutero que diz:
“A vida cristã não consiste em sermos pessoas piedosas, mas em nos tornarmos piedosas. Não em sermos saudáveis, mas sermos curadas. Não importa o ser, mas o tornar-se. A vida cristã não é descanso, mas é um constante exercitar-se. Ainda não somos o que devemos ser, mas em tal seremos transformadas. Nem tudo já aconteceu e nem tudo já foi feito, mas está em andamento. A vida cristã não é o fim, mas o caminho. Ainda nem tudo está luzindo e brilhando, mas tudo está melhorando”.

Oração do dia

L. Deus de amor, te damos graças pelas mulheres e homens que receberam o chamado para te seguir. Pedimos-te para que nos ilumines, como iluminaste aquelas pessoas da reforma, e nos ajudes a sermos testemunhas fiéis de ti em cada momento. Pedimos por uma igreja universal unida em teu amor. Ensina-nos o caminho da unidade em respeito às diferenças. Em nome de Jesus.
C. Amém.

Canto

Liturgia da Palavra

Leituras bíblicas

Ouçamos a leitura de Romanos 3.19-28

C. Pela palavra de Deus, saberemos por onde andar. Ela é luz e verdade, precisamos acreditar.

 

Aclamação do Evangelho
L. Aclamemos o Evangelho, cantando:

C. Aleluia

Evangelho segundo João 8.31-36

L. (leitura) Palavras do Senhor

C. Louvado sejas, Cristo.

Prédica

(Em anexo, alguns apontamentos para a prédica)

Confissão de fé

Canto
(recolhimento das ofertas, quando, no culto, não houver Santa Ceia com)

Oração geral da Igreja

L. Deus de amor, te damos graças por Elizabeth e Argula, mulheres que foram tão importantes para o movimento da Reforma protestante. Graças pela coragem que elas tiveram para enfrentar as dificuldades causadas por suas convicções.

C. Graças te damos, Deus de amor.

L. Graças te damos pelos homens que se solidarizaram e apoiaram Elizabeth e Argula, respeitando suas opiniões mesmo quando eles mesmos tiveram que sofrer as consequências. Graças pela coragem desses homens.

C. Graças te damos, Deus de amor.

L. Pedimos-te pelas mulheres jovens de nossa igreja. Ajude-as nas decisões que devem tomar nessa fase da vida. Dá a elas esperança e sabedoria na fé. Ajude-nos a apoiá-las para que construam suas vidas em liberdade e segurança. Ajude-nos a ouvi-las quando trazem propostas para a nossa igreja e a respeitar e valorizar seus aportes.

C. Isso te pedimos, Deus de amor.

L. Graças te damos por todas as mulheres que foram importantes para a história de nossa igreja. Graças, também, por todas as mulheres que hoje fazem parte dessa igreja. Graças por suas contribuições.

C. Isso te pedimos, Deus de amor.

(Se por algum motivo, a Santa Ceia não for celebrada, conclui-se a Oração Geral com o Pai-nosso)

Liturgia da ceia

Preparação da mesa:

L. A nossa oferta em dinheiro é um gesto de gratidão a Deus e de solidariedade para com as pessoas. Ofertando, nos colocamos como o barro nas mãos do Oleiro, e nos comprometemos com o serviço e a comunhão com Deus, com a próxima e o próximo. As ofertas deste culto estão destinadas para .....

L. Enquanto cantamos o canto....... as ofertas serão recolhidas e os elementos da Ceia serão trazidos ao altar.

Canto

L. Louvamos-te, Deus de bondade, por teu agir bondoso e amoroso em nosso viver. Louvamos-te pelas dádivas da tua criação, pelas ofertas aqui trazidas, pelo pão e o fruto da videira presentes nesta mesa. Louvamos-te pelo teu amor que nos molda e nos capacita para te servir. Que a ceia que aqui vamos celebrar seja um sinal concreto da salvação que teu filho Jesus Cristo nos oferece. Que ela nos fortaleça no testemunho da verdadeira comunhão.

C. Amém.

L. (Diálogo) O Senhor esteja com vocês.

C. E também com você.

L. Vamos elevar nossos corações a Deus.

C. Ao Senhor os elevamos.

L. Demos graças ao Senhor, nosso Deus.

C. Isso é digno e justo.

Oração Eucarística

L. Ó Deus, tu que nos moldas e nos transformas. Nós te rendemos graças e louvores pela tua forma amorosa e acolhedora de agir. Louvamos-te por que chamaste a homens e mulheres e confiaste a eles e a elas a tua missão de anunciar e propagar o teu reino de amor, bondade, justiça, respeito e cuidado. Inscreveste ao longo da história a lei do amor nos corações humanos e fizeste com que teu povo te servisse e fosse fiel a ti e ao teu querer. Por isso, ó Deus, o teu nome exaltamos cantando.

C. ♪ Santo, santo, santo, meu coração te adora. Meu coração só sabe dizer: Santo és, Senhor. (364 HPD 2)

L. Louvado sejas, Deus de amor, por teu Filho, Jesus Cristo, que foi fiel ao teu chamado e morreu e ressuscitou por nós, por amor ao mundo. Ele veio nos salvar e nos motivar a agir com gestos de partilha, justiça, em diálogo e harmonia com nossos irmãos e irmãs.

L. Jesus Cristo, teu filho que te serviu até o fim, reuniu-se com seus companheiros e companheiras da caminhada. E na noite em que foi traído, tomou o pão e, tendo dado graças, o deu às pessoas ali reunidas, dizendo: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. Por semelhante modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice e disse: Este cálice é a nova aliança no meu sangue; fazei isto, todas as vezes em que o beberdes, em memória de mim.

L. Derrama, ó Deus da vida, o teu espírito de igualdade, força e criatividade sobre nós, o mesmo que enviaste a teus discípulos e discípulas, aos homens e mulheres da Reforma da Igreja e a todas as pessoas que por ti foram chamadas e moldadas ao longo da história. Envia teu Espírito de amor e nos transforma para vivermos em comunhão.

C. ♪ /: Envia teu Espírito, Senhor, e renova a face da Terra.:/

L. Lembramos, Deus do amor, das pessoas que serviram a tua Igreja nas gerações passadas e em todos os tempos, deixando marcas de renovação e testemunho de amor entre nós. Reúne-nos com elas à festa da alegria no Reino pleno de paz e justiça.

L. Como barro em tuas mãos, queremos fazer tua vontade neste mundo, servindo-te com alegria, coragem, sabedoria e fé, na certeza de que a lei do amor domina nossas mentes, corpos e ações. À uma só voz, oramos como teu Filho Jesus Cristo, nos ensinou:

PAI NOSSO

Gesto da paz

L. Vamos desejar a paz de Cristo que molda nosso agir, pensar e falar, com um aperto de mão ou um abraço aos nossos irmãos e nossas irmãs enquanto cantamos:

C. ♪ A paz de Jesus eu te dou, a paz do Senhor e o seu amor! (369 HPD 2)

Fração

L. O cálice da bênção pelo qual damos graças é a comunhão no sangue de Cristo. O pão que partimos é a comunhão no corpo de Cristo.

C. ♪ Nós, embora muitos, somos um só corpo.

Comunhão

L. Venham, pois tudo já está preparado. Participemos com alegria da mesa da comunhão que nos une e fortalece na missão da Igreja.

C. ♪ Este é meu corpo partido por ti;
traz salvação e dá a paz;
tome e come, e quando o fizeres,
faze-o em amor por mim.
Este é o meu sangue vertido por ti;
traz o perdão e liberdade;
Toma e bebe e quando o fizeres,
faze-o em amor por mim.
(357 HPD 2)

Oração pós-comunhão

L. Deus de bondade, agradecemos-te pela tua misericórdia e acolhida em tua mesa. Renova-nos na fé, na esperança e no amor e ajuda-nos para que, ao sairmos daqui, o corpo e o sangue de Jesus Cristo nos sustente na caminhada como Igreja que vive e celebra a comunhão. Molda a vida de homens e mulheres para um mundo solidário, justo e amoroso. É o que te pedimos em nome de Jesus Cristo, teu Filho amado, nosso Salvador.

C. Amém.

Liturgia da Saída

Avisos

Canto final

Bênção

A benção do Deus de Sara, Abraão e Agar
A benção do Filho, nascido de Maria
A bênção do Espírito Santo de amor
Que cuida com carinho,
Qual mãe cuida da gente
Esteja sobre nós. Amém

Envio

L. Vamos em paz e sirvamos a Deus com alegria.

C. damos graças a Deus.

* Liturgia elaborada pela Pa. Ma. Adriana Gastellú Camp
Igreja Luterana da Suécia
Rede de Mulheres e Justiça de Gênero das Igrejas Luteranas da América Latina e Caribe membros da FLM


ANEXO

Apontamentos para a prédica

A história da Reforma nem sempre tem sido justa com as mulheres. Escutamos sobre Martin Lutero, Felipe Melanchton e sobre outros homens reformadores. No entanto, pouco ou nada sabemos sobre as mulheres que foram fundamentais para que o movimento da reforma se expandisse pela Europa e, mais tarde, para o nosso continente.

Nos cartões postais que vocês receberam temos alguns exemplos de mulheres que foram fundamentais para a reforma.

Por causa do tempo, quero hoje destacar somente duas delas, mas recomendo que vocês leiam a história de outras mais.

Argula von Grumbach (as pessoas que tem o cartão postal de Argula poderiam ergue-lo) nasceu na Baviera no mesmo ano em que Colombo chegava em nosso continente (1492). Tinha apenas 17 anos quando ficou órfã de pai e mãe. Aos 6 anos, seu pai a presenteou com uma Bíblia, presente muito caro, que poucas pessoas tinham acesso. Na época, poucas mulheres tinham o privilégio de saber ler e escrever. Quando tinha 23 anos, Argula se casou com Frederico von Grumbach, que era regente de uma região da Baviera. Hoje seria algo como prefeito ou governador.

Argula era uma jovem corajosa. Em um tempo onde as mulheres não podiam expressar-se livremente, ela escreveu cartas a importantes professores de universidades da Baviera, queixando-se do silêncio imposto a professores simpatizantes das ideias de Lutero. Ela também escreveu ao governador da Baviera, queixando-se da proibição de se ler qualquer texto de Lutero. Assim como muitas vezes hoje acontece, Argula não recebeu nenhuma resposta, mas isso não impediu que sofresse represálias. Seu esposo, Frederico, perdeu o cargo de regente. O argumento foi, que se não conseguia colocar ordem na própria casa e reprimir a mulher, não era capaz de governar uma região.

Na história de vida de Argula podemos ver também a importância de homens valentes que se animaram a ir contra os preceitos de sua época. O primeiro é o pai de Argula, que lhe presenteou com uma Bíblia e lhe deu uma educação superior à maioria das mulheres de sua época. Seu pai a incentivou a ler e a pensar de forma independente. O segundo foi o esposo de Argula, que inclusive perdeu seu emprego por causa de sua esposa, e que não podou sua liberdade, pelo contrário, a apoiou.

Naquela época, assim como hoje, é necessária a solidariedade entre mulheres e homens para se construir um mundo mais justo pata todas as pessoas, mesmo sabendo que o preço a ser pago pode ser alto.

Outra mulher que quero destacar é Elizabeth von Brandemburgo (caso se queira, pode-se pedir às pessoas que tem o cartão postal dela, que o levantem), que nasceu em 1510 em Kölln Com apenas 15 anos, foi dada em casamento a um homem 40 anos mais velho, duque Erich I, regente de uma região da Alemanha.

Ainda menina, Elizabeth, por intermédio de sua mãe e avó, que eram da Dinamarca, teve contato com as ideias de Lutero Quando ficou viúva, ela assumiu o posto de seu esposo e introduziu as ideias de Lutero na região que governava. Essa região é, hoje, onde há maior influência luterana da Alemanha.

Elizabeth herdou de sua mãe e avó a coragem e determinação. Foi através dessas mulheres que ela conheceu as ideias luteranas e se apaixonou por elas. Isso mostra quão importante é a solidariedade entre as mulheres, neste caso, mulheres da mesma família.

Estes são exemplos de duas mulheres jovens que foram muito importantes para a Reforma. Assim como Argula e Elizabeth, as histórias das mulheres de nossas igrejas, no mundo inteiro, são raramente contadas. As mulheres são a maioria em nossas igrejas, mas pouco se fala delas nas histórias de nossas igrejas.

Qual a importância que damos hoje à participação das mulheres na edificação de nossas comunidades, de nossa igreja?

Apoiamos o trabalho e a participação de mulheres em nossa comunidade e sociedade?

Apoiamos nossas filhas e as incentivamos a estudar, a pensar por si e a serem independentes?

Que tal resgatarmos e contarmos as histórias de vida das mulheres que contribuíram para a edificação de nossa comunidade?

(veja: Campanha Em Comunhão com as ViDas das mulheres )


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O santo povo cristão é reconhecido exteriormente por meio da salvação da santa cruz.
Martim Lutero
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