Luteranos em Contexto



ID: 2650

A Reforma do século 16 e o homem

Meditação

24/10/2003


Quem já se ocupou com a história sabe da profunda influência da Reforma no mundo. Passaram-se 486 anos e o mundo mudou muito. Veio o Iluminismo, a Revolução Industrial, a técnica, a computação, o avanço do homem na área da genética, o clone....

Qual o valor do homem em nossos dias? A Reforma do século 16 tem algo a dizer ao homem do século 21?

Martinho Lutero, o reformador, sofria com a situação pessoal e a da Igreja de Cristo.

Lutero não quis brilhar, nem ser um revolucionário, mas seu coração ardia pela causa do Evangelho. E o Evangelho não é uma grandeza em si, mas relaciona-se com o ser humano.

Para externar suas inquietações usou o meio usual da época. Em 3l de outubro de 1517 afixou 95 teses na porta da igreja de Wittenberg. A amplitude da repercussão (ajudada pela invenção da imprensa por Gutenberg) nem Lutero esperava.

Interessante ressaltar: a consciência de um homem influenciada pela palavra de Deus chegou a abalar o mundo.

Habituamo-nos a achar que mudanças na história se dão junto de revoluções em que o poder econômico ou o poderio bélico determinam a derrubada das instituições vigentes. A Reforma é uma mostra de que o poder da palavra de Deus na vida de um homem é capaz de produzir profundas transformações na Igreja e no mundo.

Lutero, a partir da Bíblia, teve uma pergunta básica: Como um homem pecador pode subsistir diante de um Deus justo?

Para o homem moderno, essa pergunta é um tanto difícil de entender devido a sua idéia de Deus e de pecado!

Que vale é meu bem-estar, meu progresso, ou meu sucesso (dentro e fora da Igreja), mesmo que isto venha em detrimento do outro.

Não esqueçamos, porém, que, como seres humanos, somos passageiros e um dia haveremos de confrontar-nos com a pergunta: Como viveste a tua vida?

Qual a saída que Lutero encontrou? Mediante o estudo da Bíblia firmou-se a certeza: mesmo que muita coisa me separe de Deus, Deus quer chegar-se a mim, e isso Ele evidenciou na pessoa de Jesus Cristo. Seu filho. O Deus eterno se mostra solidário com o ser humano em toda a sua miséria e perdição. A Reforma expressa esta redescoberta do Evangelho com a doutrina da justificação pela fé.

Nas religiões a premissa é: fazer algo de bom para ser aceito por Deus. No Evangelho, Deus vem a nós em Jesus Cristo para que nós aceitemos a Deus.

O que significa isso para nós hoje?

A tendência de nosso tempo é a massificação e a despersonalização. A pessoa é apenas um número, já não se conhece seu nome, é descartável, tem cada vez menos valor.

Para dentro dessa situação, o Evangelho diz: Deus te ama! Deus te leva a sério! Ele te conhece pelo teu nome! Tu tens valor não pelo que produzes, mas pelo que és! Ninguém! Ninguém pode roubar-te essa dignidade que Deus te conferiu.

Ari Henrique Bencke
pastor da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB)
na Paróquia São Marcos
em Joinville - SC
Jornal ANotícia - 24/10/2003


Autor(a): Ari Bencke
Âmbito: IECLB / Sinodo: Norte Catarinense
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Luteranos em Contexto
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 7994

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