Sínodo Mato Grosso



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ID: 10

Relatório Sinodal 2003

22/06/2003

RELATÓRIO DO PASTOR SINODAL

“Portanto, amem o Senhor, nosso Deus, com todo o coração, com toda a alma e com todas as forças. Guardem sempre no coração as leis que
lhes estou dando hoje e não deixem de ensiná-las aos seus filhos.” (Deuteronômio 6.;5-7)

I – INTRODUÇÃO
 O que é amar ao Senhor? Esta pergunta foi feita como introdução numa pregação, no domingo passado. Alguém ao meu lado disse: “é uma resposta muito difícil”. Fiquei refletindo sobre a pergunta e sobre a resposta. Tanto um como a outra não deveria ser difícil responder.
Amar a Deus significa não dar e nem receber amor de nenhuma criatura, objeto, poder ou ordem. É adorar exclusivamente a Deus, em Jesus Cristo. Poderíamos responder mais sucintamente com as palavras do 1º e do 2º Mandamento. É fácil responder. Deveríamos ter esta resposta na ponta da língua.

II – REALIDADE
A realidade que vemos e sentimos nos traz perguntas. O que há com o mundo? O que está acontecendo com a nossa sociedade? O que há com o ser humano? Os meios de comunicação e também os nossos olhos assistem e vêem cada dia mais violência, sofrimento, morte, miséria, crueldade, indiferença provocada pelo homem e pela mulher. A ganância por dinheiro e poder não tem limites e transformam pais e mães em algo disforme, não há semelhança de Deus. É a bestialidade que toma forma de rosto humano.
A violência, as indiferenças diante do sofrimento, à maldade passam a ser protótipos formadores de gerações de seres humanos. Crianças e jovens são submetidos a um bombardeio diário da desumanização e da exclusão de valores geradores de vida.
A realidade social não coopera e nem ajuda a enfrentar a situação. A grande maioria vem sofrendo um gradativo e constante empobrecimento que geram um quadro agudo de exclusão social. Para muitos, na faixa dos 50 anos, não nenhuma perspectiva de conseguir trabalho. Aos que estão entrando no mercado apresenta-se um quadro de incerteza e dúvidas. A angústia e o medo do desamparo gera agressividade e violência. Não tenho a intenção de justificar e explicar todas as formas de violência.
O mundo, com sua violência e agressividade, tem afastado as pessoas uma das outras. Ninguém confia em ninguém. O mundo é dos mais fortes e rápidos. As relações das pessoas estão deterioradas. Há nas pessoas um grande vazio e uma procura pelo sentido da sua vida. Onde podemos encontrar o sentido da vida?
Você, eu e nós sabemos que o sentido da vida está em amar a Deus. Ou melhor, permitir que o amor de Deus tome conta das nossas vidas. Deixar que o amor nos impulsione e faça fazer a diferença no mundo. Amar a Deus significa permitir que Deus nos use como instrumentos da reconstrução do mundo, dos valores, do fim do sofrimento, da ganância, da injustiça e da exploração. Nos use para levarmos pessoas a descobrirem o sentido para as suas vidas, a esperança da ressurreição e vida eterna. Sim, o novo mundo.
Poderíamos encarar a realidade e o mundo de uma forma indiferente e sem nenhum sentimento de responsabilidade. Deus criou homem/mulher e os colocou como responsáveis pela Sua criação. Enquanto eu viver e respirar Deus me chama a responsabilidade. Amar a Deus é se sentir responsável pelo mundo, pelo irmão e irmã. É sentir-se responsável pelo seu corpo e pela sua alma. Se não ajudá-lo para que tenha o “pão nosso” sou responsável pela sua morte. Se não ajudá-lo para que viva e responda ao seu Batismo sou responsável pela sua perdição. A resposta de Caim quando Deus pergunta por seu irmão Abel não serve para nós: “-Não sei – Por acaso eu sou o guarda do meu irmão?”.
Como seus “jardineiros” não temos alternativas e nem desculpas. Só nos resta zelar e sermos bons despenseiros do mundo de Deus. O “jardineiro” não se conforma com o inço e as pragas que atacam o belo jardim. Buscam limpar, sarar, adubar, reconstruir e edificar. Se alguma coisa não está bem ele busca consertar e, se for necessário reconstrói. Amar a Deus significa gostar e apaixonar-se pela Sua criação. É amá-la com responsabilidade e comprometimento.
Amar a Deus significa levar o irmão e a irmão a um porto seguro. Ali onde pode sentir-se acolhido, aceito, respeitado, valorizado e amado. O lugar onde não precisa ter medo e nem receio. A este porto seguro é muito fácil de chegar, pois está sempre de portas e braços abertos. É a Comunidade cristã. Amar a Deus significa encher de homens e mulheres o porto seguro. É vibrar com a vinda de cada coração “quebrado”. Significa que me disponho a ajuntar todos os “cacos” quebrados e reconstruir, com o poder e o amor de Jesus Cristo, todos os vasos - grandes, pequenos, brancos, negros, amarelos.
Amar a Deus significa que, como parte da comunidade, recebo a todas as pessoas e faço delas parte da minha existência, parte do meu corpo, da minha vida, dos meus bens, da minha família de sangue. Amar a Deus significa que passo a viver na Grande Família da Cruz. A cruz que me lembra do que o amor de Deus já fez por mim. Lembra-me que vivemos na lembrança e esperança da ressurreição dos mortos e da vida eterna. Lembra-me de que não vivemos para construção de castelos e impérios, mas para a eternidade. Se amar a Deus é viver nesta realidade então sou livre para partilhar, para preocupar-me com o semelhante, para falar sobre Jesus Cristo, para buscá-lo onde estiver e viver na alegre família de Deus.
Amar a Deus é também viver e ser parte da Linda e Alegre Família Luterana.

III - COMUNIDADES E PARÓQUIAS
O Sínodo tem 18 Paróquias e 55 Comunidades e, aproximadamente, 8.000 pessoas batizadas. Entraram poucas planilhas de estatísticas das comunidades. A sensação é que não houve um crescimento considerável no número de membros. Como desafio para a Diretoria do Conselho Sinodal desejaria que até no próximo Conselho Sinodal houvesse uma estatística mais completa possível sobre o nº de Comunidades, pontos de pregação e nº de pessoas batizadas. Estes números mostram a realidade e ajudam a planejar ações e a própria missão.
Desde 1º de janeiro/2003 está em atividade a mais nova Paróquia do Sínodo. É a Paróquia de Sorriso que se desmembrou da Paróquia de Lucas do Rio Verde. Já nos primeiros dias do ano recebeu, enviado pela Igreja, o seu Pastor. Percebe-se que há entusiasmo e vibração por parte dos membros desta recém criada Paróquia. Desejo-lhes ânimo e muito empenho nesta caminhada.
Também receberam os seus Pastores, enviados pela Igreja, as Paróquias dos Chapadões, Paróquia de Tangará da Serra, Lucas do Rio Verde, Porto dos Gaúchos e Matupá. Algumas estavam a mais ou a menos tempo vagas. A que estava mais tempo era a Paróquia de Matupá – 2 anos; a menos foi a de Lucas do Rio Verde – 30 dias. Trouxeram alegria, renovação e motivação para junto as Comunidades. Desejamos que Deus os inspire e os encha de sabedoria para possam cumprir a sua responsabilidade com equilíbrio e bom senso.
Durante o mês de maio, dias 05 a 12 esteve visitando o Sínodo e diversas Paróquias/Comunidades o Pastor Presidente da IECLB Walter Altmann. Além de conhecer a realidade das comunidades aproveitou a oportunidade para ordenar 4 novos Obreiros ao Ministério Pastoral. O Pastor Presidente esteve visitando, em algumas de rápida passagem, Tangará da Serra, Diamantino, Nova Mutum, Lucas do Rio Verde, Porto dos Gaúchos, Sinop, Sorriso e Cuiabá. Para a grande maioria foi a 1ª visita de um Pastor Presidente, motivo de orgulho e de alegria. Não mediram esforços para reunir as pessoas e o acolher. Para o Pastor Presidente, segundo seu próprio relato na internet, foi uma experiência extremamente gratificante. O impressionou a alegria e a motivação com que muitos das comunidades se desprendem em função da vivência comunitária. De como conseguimos superar dificuldades com criatividade e disposição.
Particularmente, eu o sinto, que uma parcela das pessoas das Comunidades ainda não aprendeu a sentir orgulho pela sua Igreja, muitos menos pelo seu Presidente. A visita do nosso Pastor Presidente não necessitaria com que alguns tenham que correr para convidar, insistindo, para estarem presentes num momento especial como este. Ainda bem que não são tantos. Precisamos resgatar o nosso bom e saudável orgulho em sermos luteranos. Em podermos encher a boca e dizermos esta é a minha Igreja, sem sentimento de inferioridade, de vergonha ou de indiferença.
A liderança fica com o coração na mão pensando será que as pessoas virão quando o Pastor Presidente estiver presente. Enquanto temos estes pensamentos e estas sensações é porque ainda nos falta alguma coisa, falta nos valorizarmos.
Atualmente estão vagas as Paróquias de Vila Rica, Água Boa.
A Paróquia de Vila Rica abriu a vaga para ser preenchida a partir de julho. O seu desejo é que a Igreja envie um recém formado. Cremos que é de suma importância o envio de um obreiro/a, pois a Paróquia está sem Pastor/a a mais de três anos. A liderança tem dado continuidade aos trabalhos regulares da comunidade. Também é atendida, em torno de 3 vezes por ano, pelas Paróquias de Querência, Canarana e Água Boa. Em nome do Sínodo agradeço o empenho e a boa vontade destas Paróquias e seus obreiros no auxílio à Paróquia de Vila Rica.
A Paróquia de Água Boa vagou em abril. Já está fazendo contatos com obreiros para a apresentação. Segundo o definido em Conselho Paroquial é seu desejo que a vaga pastoral seja preenchida o mais breve possível.
A paróquia de Sinop esteve vaga durante um ano e meio. Depois de enorme dificuldade em conseguir um obreiro foi eleito o Pastor Dilmar Devantier para exercer a função. A sua vinda será nos primeiros dias de janeiro de 2004. A impossibilidade de transferir-se antes é devido ao motivo que Dilmar é professor na Faculdade Luterana em Mato Preto – SC. Desejamos a Paróquia de Sinop um fraterno convívio. Que juntos possam edificar e construir comunidade.
Em sua maioria as Paróquias sentem e passam por dificuldades econômicas. Algumas estão em atraso com a subsistência pastoral e com demais responsabilidades para com o Sínodo. Estes atrasos podem ser, em muitas situações, motivos de desânimo e desmotivação das lideranças. Levam sempre o sentimento que estão correndo atrás de algo que não conseguem alcançar.
Outra preocupação é em relação à disposição dos membros das comunidades em se oferecerem, ou simplesmente aceitarem a assumir um cargo no presbitério. Em algumas comunidades achar um Presidente ou Tesoureiro, que aceite e assuma, é uma tortura psicológica sem tamanho. Parece que o Espírito Santo não está mais chamado. Ou será que não o queremos escutar? Porque não o queremos ouvir? A resposta não precisa ser dada a Pastor Sinodal, a Diretoria e ao Conselho Sinodal, ou a Assembléia. É diante de Deus que coloco todos os meus dons e talentos. É a Ele que responderei.
Por outro lado, e é muito maior, vejo muitos e muitos homens e mulheres, jovens e crianças, adultos e idosos que não medem esforços, nem tempo ou bens para que a Igreja seja alegre e restauradora, curadora e libertadora, acolhedora e transformadora. Transformaram as suas vidas e comunidades numa grande mesa de refeição onde sempre tem lugar para mais um, mais dois, mais ... Sim, um grande número descobriu-se como parte da Igreja. Descobriu-se amado, respeitado, reintegrado. Descobriu-se chamado pelo Espírito Santo para a tarefa de construir comunidade de Jesus Cristo. É esta Comunidade que fala que “Deus enxugará dos olhos toda lágrima”. E ela faz sentir ao mundo de que é instrumento de Deus para enxugar as lágrimas de tantos homens e mulheres.
Nestes 10 meses não consegui visitar 2 Paróquias, Matupá e Rurópolis. Existe previsão de vista para estes locais para agosto e outubro respectivamente. Em todos os lugares visitados sempre fui recebido fraternalmente e com muito carinho. A alegria der estar com os irmãos e irmãs é revigorante. Reconheço que em muitas visitas faltou tempo para sentar e conversar, tempo para escutar, tempo para refletir e celebrar.
Queridos e Queridas líderes: não deixem abater-se quando têm a sensação de que as coisas não andam ou não funcionam. Não trabalhamos para a nossa honra e glória, mas para o Senhor.

IV – OBREIROS E OBREIRAS
Atualmente o Sínodo tem a presença de 19 obreiros/as ordenados. São 18 ao Ministério Pastoral e 1 ao Ministério Catequético: 16 estão em funções pastorais regulares integralmente; 1 trabalho voluntário; 1 trabalho parcial e 1 em função de P. Sinodal.
Na Reunião do Conselho Sinodal de dezembro/2002 havia a preocupação pelo grande número de Paróquias vagas que havia. A princípio não havia nenhuma perspectiva de preenchimento. A realidade mudou quando a Secretaria de Formação enviou 6 obreiros recém formados para cá. Todos os enviados aceitaram e foram aceitos pelas comunidades. Uma nova perspectiva se abriu.
Chegaram as Paróquias: Pastor Adriano Otto (Paróquia de Matupá), Pastor Paulo R. de Souza (Porto dos Gaúchos), Pastor Francisco R. S. dos Santos (Sorriso), Pastor Daniel Schneider (Lucas do Rio Verde), Pastor Deolindo Feltz (Tangará da Serra), Pastor Daniel Schorn (Chapadões).
Dos 6 recém chegados o Pastor Presidente ordenou 4: Deolindo Feltz, Daniel Schneider, Paulo R. de Souza e Francisco R. S. dos Santos). O Pastor Daniel Schorn será ordenado no dia 29/06 em Chapadão do Sul. Pastor Adriano Otto será ordenado no dia 12/10 em Matupá.
Os seis novos Pastores da IECLB no Sínodo, 1/3, trazem fôlego e ânimo para o conjunto de obreiros. Rapidamente se integraram ao conjunto e somam nos trabalhadores da seara. É Deus quem propicia o convívio fraterno. Que seja ele o nosso guia e não nossas vaidades e desejos.
Uma preocupação comum a todos é a nova regra do INSS. Pela lei todos são obrigados a descontarem em folha 20%, até R$ 1.539,00, da subsistência. Até o momento a Secretaria Geral da IECLB orientou para que os obreiros/as continuem pagando conforme vinha fazendo no modelo antigo. A preocupação é real e o futuro não está definido. Sinto que esta perspectiva gera preocupações e ansiedade. É necessário aguardar. Aliado a questão financeira alguns obreiros sentem na carne a dificuldade financeira pela qual algumas paróquias estão passando. A motivação e alegria de anunciar, de pastorear não vêm do dinheiro. Não são mercenários. Mas os obreiros/as são completamente humanos e as dificuldades financeiras geram e criam conflitos sociais e familiares. Estes conflitos perturbam e podem desestruturar ao obreiro. O obreiro é responsável pela reta pregação do Evangelho e administração dos Sacramentos. A Paróquia é responsável para que o Obreiro tenha as condições necessárias para o desempenho da função, ou seja, o pagamento da subsistência.
Dois Obreiros Pastores saíram do Sínodo: Pastor Oscar Jans e família transferiram-se para São Leopoldo onde fará mestrado na Escola Superior de Teologia. A Pastora Andrea L. Mühlhäusser e esposo transferiram-se para Santo Amaro – SP. Agradecemos pelos anos de dedicação a este Sínodo e que o Senhor os acompanhe no novo campo de trabalho.

V - SÍNODO
O Sínodo está a volta de conseguir fazer andar o Projeto Comunidade Missionária de Santarém. Vontade e ânimo não faltam. O problema é os detalhes, ou seja, finanças. Muitas pessoas que já estão residindo no local aguardam ansiosamente pelo desenrolar dos fatos. Não é mais possível conceber o projeto conforme a idéia inicial. Há necessidade de estruturar, minimamente, uma Comunidade/Paróquia. Esta instalação mínima exige um valor elevado. Junto a OGA estamos pleiteando grande parte dos recursos. Precisamos enviar o Projeto para aprovação da OGA. Esta definição só teremos conhecimento em setembro.
Atualmente estamos recebendo recursos do Fundo de Solidariedade dos Sínodos (R$ 36.286,03) e do Projeto Missão Global (R$ 51.040,00). Em 2006 não receberemos mais recursos do Projeto Missão Global. É preocupante. Exigirá criatividade e cooperação das Paróquias.



 


 


Autor(a): Sínodo Mato Grosso
Âmbito: IECLB / Sinodo: Mato Grosso
ID: 59026

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