Hoje meu dia de atividades pastorais começou bem cedo. Foram cultos, visitas, encontros de jovens e as longas viagens entre uma comunidade e outra. Já eram quase 20hs quando retornei pra minha cidade sede.
Minha última tarefa do dia seria simplesmente reabastecer o carro da Paróquia e voltar pra minha casa pra descansar. Foi aí, quando eu pensei que nada mais poderia acontecer, que me surpreendi com uma situação muito interessante:
Cheguei ao posto de combustível, encontrei o frentista Miguel, que já me conhece bem. Ele já sabia o que eu queria: - “Completa o tanque com gasolina comum, olha a água e verifica o óleo, por favor!”
Enquanto ele abastecia a gente jogava conversa fora. Até aí, tudo normal. Como sempre acontece! Na hora de ir para o caixa é aconteceu algo diferente.
O Miguel estava imprimindo o cupom fiscal, enquanto eu lhe pagava o combustível e chega um senhor, pedindo: - “Troca uma nota de 50 reais por quatro de 10 e duas de 5 pra mim, por favor.”
- “Desculpe, mas eu não tenho muito trocado aqui no caixa.” Disse o Miguel. Aquele senhor tentou insistir novamente que precisava trocar o dinheiro, mas Miguel mostrou: - “Só tenho essa nota de cinco e o restante não dá pra trocar para o senhor.”
O senhor então resolveu mudar de argumento: - “Faz o seguinte, me empresta esses 5 reais que eu deixo minha nota de 50 reais aqui e depois eu pego de volta.”
Eu olhei aquela cena e esse argumento me chamou muito a atenção. Não aguentei e perguntei: - “Mas, porque o senhor quer tanto uma nota de 5 reais a ponto de deixar a sua de 50 reais aqui, como garantia?”
O senhor foi categórico: - “Eu estou indo pra Igreja e preciso dar a minha oferta!”
Abri a minha carteira e vi que eu tinha duas notas de 20 reais e também duas de 5 reais. Troquei o dinheiro para aquele senhor e fiquei ali parado. Enquanto ele guardava seu dinheiro na sua carteira, eu o observava com mais atenção.
Ele deve ter por volta de uns 70 anos. Como falava muito alto e olhava com atenção pra minha boca, percebi que possivelmente ele não ouve muito bem. Continuei observando e percebi que ele pegou uma velha bicicleta e saiu montado nela. Junto com ele seguia um magro e feio cachorro. E assim foi aquele senhor que “precisava dar a sua oferta”.
Depois de um longo dia de pregações e atividades pastorais o Evangelho me ensinou mais uma lição. Foi ao final do dia, quando tudo já estava feito, que eu entendi o amor e a dedicação pela causa do Evangelho.
Quantas vezes, você ou eu nem pensamos em dar a oferta no culto? Quantas foram as vezes que a oferta foi anunciada no culto e a gente procurou, cautelosamente, uma “notinha” de 2 reais ou “umas moedinhas”.
Aquele senhor, que não sei o nome, que não sei de qual Igreja é, ele fez diferente. Ele foi para a Igreja motivado a dar sua oferta. Ele se preparou para dar de coração seus 5 reais.
Acho que precisamos reaprender um pouco mais com os velhos senhores que andam de bicicleta. Acredito que precisamos reaprender a doar nossa vida em favor do Evangelho!
Pastor Marcelo Peter
Alta Floresta – Rondônia
Sínodo da Amazônia