“Façam tudo para preservar, por meio da paz que une vocês, a unidade que o Espírito dá.” Efésios 4.3
Viver em união e integrar-se em uma unidade de vivência da fé em comunidade é a singular vocação, a missão do povo cristão. Porém, uma tarefa humanamente impossível.
Outras unidades são mais fáceis de construir ou constituir. Por exemplo: Construir uma unidade escolar... Constituir uma unidade de industrialização e distribuição de alimentos... Fundar uma cooperativa.
Também sabemos que exercitar e desenvolver rituais que preservam uma espiritualidade individual não é uma ação muito difícil. Mas, como viver a unidade, exercitar a união entre diferentes, em contextos e ambientes comunitários? Como fazer parte da comunhão com Deus, tendo como vínculo a paz e a fé, através de comunidades? Cremos ser essa uma opção muito especial.
As pessoas cristãs são chamadas e vocacionadas para preservar a unidade, a comunhão, vivida pelo vínculo da paz. E fazer isso em comunidade.
Isso é possível porque cremos na unidade, na comunhão, dádiva do Espírito, que procede de Deus. Humanamente somos incapazes de criar unidade entre diferentes. A UNIDADE E A PAZ, na realidade de cruz, pela fé, são possíveis quando criadas e concedidas pelo Espírito Santo. Nossa resiliência sozinha não consegue a unidade humana, mesmo movida pelos valores da paz. A história é testemunha dessa falência.
Entretanto, compreendemos que o nosso papel é o de preservar a unidade, que transcende nossa condição humana, pelos critérios e valores da paz. Melhor dizendo: Cuidar das relações humanas com generosidade, despidos dos valores hierárquicos, que acirram as diferenças e geram opressão, violência e morte.
As pessoas que vivem em comunidade cristã, compostas por pessoas diferentes, aprendem das diferenças. Percebem que a preservação da unidade entre diferentes exige conhecimento mútuo, respeito, amor, dignidade e a partilha da existência acompanhada por tarefas e desafios. Testemunham internamente e para fora que, a princípio, as diferenças não concorrem com a unidade, com a comunhão, antes revelam a grandeza da prática do vínculo comum, conservado pelos valores da paz.
A vivência na unidade entre os diferentes se fundamenta e acontece na condição existencial já criada, dada por Deus. Assim como uma mãe e um pai podem criar uma vivencia digna e criativa, uma unidade familiar, entre diferentes filhos e filhas, também Deus cria e recria a unidade para possibilitar o exercício da fé, da esperança e do amor. A unidade, dádiva de Deus, ao reunir os diferentes revela ao mundo sinais da vida livre, plena e digna.
A unidade dada por Deus transforma. As comunidades cristãs têm o potencial de gerar constantemente forças transformadoras da sociedade. Preservar e cuidar da unidade entre os diferentes aproxima as pessoas da maravilhosa Criação de Deus, abre horizontes e cria nas pessoas o espírito bom e a dimensão da eternidade.
Pastor Guilherme Lieven