Sínodo Sudeste



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ID: 18

Sínodo Evangélico do Brasil Central

Caminhada comum na diáspora do país

logomarca sinodo brasil central
Pastor Ludwig Hoepffner
Primeiro manual de cultos e ofícios em português
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O processo imigratório do século XIX propiciou o surgimento de várias comunidades evangélicas no contexto dos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo. Entre elas está a mais antiga comunidade filiada à Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil - Nova Friburgo/RJ fundada em 1819 segundo pesquisas históricas mais recentes. As comunidades evangélicas tinham uma vida muito independente e estavam muito isoladas umas das outras. Os pastores enviados pela Alemanha tinham como tarefa precípua o acompanhamento e atendimento aos imigrantes e/ou descendentes de fala alemã.

Inícios

Neste cenário de dispersão ocorre sob os auspícios do P. Dr. Martin Braunschweig, enviado do Conselho Superior Eclesiástico de Berlim, uma articulação que redunda na realização de várias conferências de pastores. A primeira conferência ocorreu por ocasião da inauguração definitiva do templo da comunidade evangélica na cidade de São Paulo em 1909. As conferências posteriores no Rio de Janeiro (1910) e em Petrópolis (1911) propiciam o estreitamento dos laços e preparam o terreno para fundação do Sínodo Evangélico Brasil Central nos dias 28-30 de junho de 1912. A caminhada conjunta sob o nome “Brasil Central” tem a ver com o fato de a região ser neste período o centro do poder político e econômico do país. O foro do Sínodo ficava na então capital do Brasil – Rio de Janeiro.

Fizeram parte do Sínodo as Paróquias de Rio Claro/SP, Campinas/SP, São Paulo/SP, Santos/SP, Rio de Janeiro/Guanabara, Petrópolis/RJ, Nova Friburgo/RJ, Juiz de Fora/MG, Belo Horizonte/MG, Teófilo Otoni/MG, Salvador/BA, Recife/PE , Belém/PA, Campinho/ES, Leopoldina/ES, Califórnia/ES, Rio Ponto/ES. As comunidades capixadas viviam uma certa tensão com o Sínodo Evangélico Luterano (Caixa de Deus). Conversações e entendimentos posteriores resultaram na transferência e integração delas ao Sínodo Luterano.

O primeiro presidente sinodal (Praeses) foi o P. Ludwig Hoepffner que atuou no Rio de Janeiro durante 40 anos. Durante a sua gestão houve a edição do primeiro manual de cultos e de ofícios em língua portuguesa(1915) e a fundação da Obra Gustavo Adolfo. Graças à iniciativa do Pastor Theodor Koelle de Rio Claro/SP e também pelo suporte do Sínodo, a Obra Gustavo Adolfo conseguiu ampliar a área de atuação da igreja e pode assistir pastoralmente os evangélicos dispersos nas fazendas de café e núcleos de colonização no interior de São Paulo (região oeste e Vale da Ribeira) e Mato Grosso. Deu impulsos para o atendimento e constituição de núcleos comunitários nas cidades limítrofes das Estradas de Ferro Santos-Jundiaí e Central do Brasil. Propiciou o surgimento de comunidades no Estado de Minas Gerais e impulsionou a visitação e atendimento das principais cidades litorâneas do Nordeste e Norte do país. Registre-se que além da locomoção e comunicação por navios na costa brasileira, as estradas de ferro foram meios integradores importantes da região.

O Sínodo Evangélico Brasil Central teve também a sua atenção voltada para a educação. Neste sentido deu suporte ao estabelecimento de uma Escola-Internato na cidade de Rio Claro/SP. Este empreendimento procurou atender aos jovens das famílias evangélicas dispersas nas vastas áreas do sudeste brasileiro e impedidas de qualquer acesso à educação.

Presidente sinodal leigo

O evento da II Guerra Mundial trouxe grandes contratempos aos trabalhos comunitários. O Sínodo, igualmente marcado com a morte do Pastor Ludwig Hoepffner em 1941, precisou encontrar uma forma nova de articulação. Este momento novo trouxe à cena um leigo que exerceu papel muito importante ao longo das décadas posteriores. Seu nome foi Benno Kersten.

Tendo como mentor espiritual o Pastor Wilhelm Freyer, ele exerceu o mandato de presidente do sínodo. Esta função era ocupada normalmente só por pastores. Empreendeu visitas às comunidades, pregou, administrou sacramentos, investiu pastores em suas funções, fez lançamento de pedras fundamentais de templos, enfim, ocupou um espaço raramente conferido a um leigo.

Pela sua localização geográfica o Sínodo Evangélico Brasil Central foi instado a participar de atividades interdenominacionais já que outras expressões do protestantismo no Brasil tinham presença hegemônica no sudeste brasileiro e estavam à frente das primeiras iniciativas ecumênicas brasileiras . Assim, houve presença junto à Associação Cristã de Moços (ACM), participação em congressos nacionais e internacionais para o fomento da Escola Dominical, o acompanhamento de atividades da Confederação Evangélica do Brasil, presença junto ao trabalho com refugiados estrangeiros e envolvimento na fundação da Sociedade Bíblica do Brasil.

Esta presença privilegiada fez com que o Sínodo Evangélico Brasil Central tivesse um papel estratégico na articulação da Federação Sinodal. Sua meta foi a construção de uma instituição eclesiástica de caráter nacional com identificação com a realidade brasileira. Como o centro da vida política pulsava no centro do país e como a Federação Sinodal tinha como propósito ser Igreja de Jesus Cristo no Brasil, o Rio de Janeiro (capital do Brasil) serviu de foro para o registro de toda a sua documentação legal. O Sr. Benno Kersten foi procurador da Federação Sinodal ( e depois da IECLB ) até a década de sessenta. Quando a capital do Brasil mudou para Brasília e os sínodos, que formavam a Federação Sinodal se dissolveram, o foro legal mudou para Porto Alegre/RS.

Independente do fato de ter sido foco prioritário do trabalho pastoral o atendimento dos imigrantes alemães e/ou descendentes com identidade evangélica, a caminhada comum das comunidades evangélicas a partir da articulação do Sínodo Evangélico Brasil Central para além das fronteiras do sul do país (com exceção, é claro, das comunidades do Espírito Santo pertencentes ao Sínodo Luterano) teve um papel e um significado importante para a consolidação das bases da atual igreja na região.

Rolf Schünemann


Veja também a publicaçãoSínodo Evangélico do Brasil Central - 50 Anos - 1912-1962
 


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