Nossa IECLB é uma igreja inserida, em sua maior parte, em cidades de pequeno porte e de interior. Poucas são as comunidades fixadas em grandes cidades/ metrópoles. 

Aqui no Sínodo Sudeste, somos parte dessa minoria, onde os sinos de muitos dos nossos templos tentam chamar à atenção para a presença de uma comunidade cristã-luterana em meio ao corre-corre, barulho, construções, grandes shoppings, opções de lazer diversificada e toda agitação das grandes cidades. Aliás, nosso sínodo compreende as três maiores metrópoles do país (São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais).

Fiquei surpreso ao perceber que já no final do mês de setembro, surgiam na vitrine de algumas lojas, enfeites e luzes para decorar um Natal a ser celebrado somente três meses depois. A pergunta pelo verdadeiro sentido do Natal sempre vem à tona.

Mas percebo que neste mundo globalizado, onde tudo se espalha e alastra tão rapidamente, esta pergunta também se encaixa em locais de pequeno porte ou interior onde nossas comunidades estão inseridas.

O que é o Natal? Uma professora perguntou aos alunos e alunas de sua classe de jardim de infância. – É o dia de o papai Noel trazer presentes! Responderam. A professora insiste: Mas por que ganhar presentes no Natal? E veio a resposta coletiva: Por que nos comportamos bem com nossos pais!  Pergunto eu: Onde está a verdadeira essência do Natal? Pergunta que sempre de novo precisamos refletir! Como nós, cristãos, luteranos e luteranas, membros da IECLB no Brasil, cremos, vivemos e testemunhamos esta boa nova, este grande presente de Deus?

Na família do presépio encontramos um casal que se agoniou, pois não havia lugar para seu filho nascer. Eles bateram de porta em porta! Encontraram apenas um lugar sujo, no meio de animais, fezes, mau cheiro, insetos...   A partir desta imagem, podemos perceber quantos presépios encontramos em baixo de viadutos, em becos escuros. Quantas famílias batem à nossa porta pedindo ajuda. Às vezes, quem sabe, olham pela janela de nossa casa e nos veem reunidos na noite de Natal, se divertindo, comendo, bebendo...

Será que é só isso que temos no coração neste momento? Ainda hoje, Jesus continua a bater, a nos chamar. Ele bate à porta do teu e do meu coração. Estamos abrindo estas portas ou as fechando, como muitas pessoas fizeram no passado e tem feito no presente? Teu coração tem lugar para acolher Jesus?

Martin Lutero, sabiamente escreveu: “De nada adiantaria Cristo ter nascido mil vezes em Belém, seu não nasce diariamente em nosso coração”.  Que este Natal, tenhamos momentos de alegria, troca de presentes, comunhão ao redor da mesa, oração, partilha... Mas que seja também um momento de refletirmos na imagem do presépio, do menino que antes mesmo de nascer foi rejeitado e após ter nascido, foi enrolado em trapos e deitado em meio à palha num cocho de animais. Refletir nas pessoas que hoje, do jeito que nossa sociedade pós-moderna nos impõe, estão em situação semelhante e, diante disso, que somos chamados por Cristo a amar e servir.

Que na simplicidade do presépio, possamos também reconhecer que o sentido do Natal é muito mais do que decoração, luzes, presentes, roupas, comida ou bebida. Mas que sua essência está no maior presente que já recebemos em nossa vida. Este presente nos foi dado antes mesmo de nós nascermos e está a nossa disposição e a disposição de todas as pessoas que creem. Este presente não é conquista nossa, não é fruto de nosso pedido, mérito ou barganha com Deus, mas sim, é dádiva, é graça de Deus em nosso favor! É Jesus Cristo, nosso Senhor!

Que por graça e fé, possamos desfrutar de todos os benefícios a nós trazidos e conquistados e oferecidos apenas por Cristo Jesus. E que este Deus de Deus, luz de luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, esteja presente a cada dia no coração, nos pensamentos e ações, desde quem vive numa grande metrópole até quem vive no interior.

A todas as pessoas que leem esta mensagem, desejo um feliz e abençoado Natal do nascimento de nosso Salvador Jesus Cristo. Amém.