Há embalagens que vem com a seguinte informação: “Cuidado! Frágil!”. Quer dizer, o conteúdo é delicado e precisa ser manuseado com cuidado para não sofrer dano. Essa inscrição é válida para cada pessoa. Sim, a vida é tão preciosa, ao mesmo tempo tão frágil. A falta de cuidado traz grande sofrimento. Exemplo disso é a comoção com os atentados na Europa, a mancha de lama da mineradora Samarco continua levando destruição e morte por onde passa.
Além disso, temos as fragilidades pessoais. A preocupação com a saúde ocupa o topo da lista de prioridades da vida. Quando ela falta, ficamos “sem chão”. São momentos que gostaríamos de avançar no tempo e nos vermos livres do mal ou, ainda, desejamos que tudo volte a ser como era antes. São muitas as perguntas que uma doença e um sofrimento nos fazem! Fica difícil encontrar sentido quando nos percebemos em nossa fragilidade ou na de quem amamos.
No evangelho de Marcos 1.29-39 somos convidados a passar algumas horas com Jesus em meio à fragilidade humana. Ninguém como ele esteve cercado de pessoas doentes, perturbadas, fragilizadas, desprezadas. Acredito que quando olhamos para Jesus aprendemos a confiar e a ter esperança. No texto bíblico, temos o relato da sogra de Pedro que estava com uma febre violenta. Isso com certeza mexeu com a rotina de todos da casa. Ali vemos três coisas importantes: primeiro, “logo lhe falaram a respeito dela” (v.30). As pessoas contaram para Jesus a respeito do que ela passava. Aqui está algo que devemos fazer sempre quando nos deparamos com a fragilidade da vida: levar a necessidade ao Senhor. Aqui aprendemos de modo simples o que é interceder: é contar logo para Jesus! Segundo, “aproximando-se” (v.31). Jesus se aproxima dela. Jesus sempre se aproxima de quem está doente ou de alguma forma fragilizado. Ele não as evita! O sentimento de fragilidade diante de algo que nos limita jamais quer dizer que o Senhor não esteja perto. Terceiro, “tomou-a pela mão” (v.31). Isso fez muito bem para ela! Isso faz muito bem para nós! A pessoa fragilizada sente-se amparada e amada. Em meio à fraqueza que ela sentia, Jesus revela a presença de Deus que cuida e restaura. Por fim, a febre “a deixou, passando ela a servi-los” (v.31). Aqui vemos o que é uma vida verdadeiramente saudável: é a vida que faz bem aos outros! A fragilidade humana não é combatida com força, mas sim com interesse e cuidado de uns pelos outros. As pessoas precisam aprender que no servir está o remédio dos males que assolam a vida.
No final desta linda passagem bíblica temos ainda algo muito especial. Após um dia em que Jesus se deparou com muitas pessoas lhe trazendo a fragilidade de sua vida, ele descansa. Ele para. Mas não bastava renovar o vigor físico. Algo mais profundo se fazia necessário: “levantado alta madrugada, saiu, foi para um lugar deserto e ali orava” (v.35). A comunhão com o Pai era necessária. Talvez podemos ousar e dizer que ali está o “segredo” de tudo quando Jesus fazia. Também você e eu temos este privilégio, a saber, de ter comunhão com o Pai. Deve acontecer de modo pessoal e também comunitário. Ainda que a vida seja frágil, o Pai é quem renova as forças e indica o caminho. Somente nele é que a vida se torna forte. Que assim o Senhor nos ajude. Amém.