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ID: 18

Trabalho

30/04/2013

No sábado à noite, na Igreja de Rio Claro, o jovem Fabio compartilhou no culto dos jovens algumas ideias sobre trabalho. Refleti e ampliei a reflexão apresentada e agora a divido com você.

Trabalho pode ser definido como o esforço de natureza física ou intelectual, com o objetivo de criar ou modificar um determinado objeto de interesse. O interessante é que o verbo trabalhar é proveniente do latim tripaliar, que significa torturar com o tripalium, que é um instrumento de tortura utilizado pelos romanos. Então a palavra trabalhar tem como origem algo doloroso, penoso, difícil.

Conforme o Antigo Testamento, no princípio o homem não precisava trabalhar para sobreviver. A natureza criada por Deus lhe dava de graça tudo o que precisava. Por um tempo o homem viveu contente e feliz nessa condição. Ter o essencial e viver uma vida simples não era problema.

As coisas começaram a mudar quando o homem passou a ter ambição e cobiça para ser e ter mais. Isso o levou ao pecado e por causa dele se afastou de Deus. Como consequência, por não querer mais depender só de Deus e ser auto-suficiente, teve que começar a trabalhar como meio de conseguir concretizar essa sua ambição e cobiça pelo ser e o ter (Gn 3.17-19).

Como entender o trabalho? Lutero (1483-1546) e Calvino (1509-1564) pensavam de forma muito semelhante a respeito do trabalho. Segundo eles, cada pessoa tem sua vocação para o trabalho e essa é dada por Deus. O homem tem de encarar o trabalho com uma bênção de Deus (Sl 127), uma forma de fazer o bem e servir ao próximo. Na tradução do Novo Testamento para o alemão (1522), Lutero traduziu a palavra trabalho por beruf (vocação) em lugar de arbeit (trabalho propriamente dito). Essa tradução gerou uma mudança muito importante no conceito de trabalho. Todas as traduções posteriores, inglesas e francesas, incorporaram esse conceito iniciado por Lutero.

Como o trabalho é uma vocação, não há trabalho insignificante. Aos olhos de Deus todo trabalho é digno e importante. Desde que seja honesto, Deus não faz diferença entre trabalho mais ou menos importante. Essa distinção de valor e de recompensa (pagamento) desigual é o homem que faz.

Para nós cristãos, o trabalho dignifica e enobrece o homem. Contribui para forjar e moldar o caráter e a habilidade. Faz o homem se sentir útil. Preenche a vida e o tempo com sentido. Dá satisfação e realização. Por isso, a despeito de salário ou reconhecimento, devemos considerar que o trabalho tem valor em si mesmo e pelo propósito a que se destina. Isso significa então que o homem deve trabalhar dando o melhor de si. Deve procurar capacitar-se e fazer o trabalho bem feito, com qualidade - como se fosse para Deus e não para os homens. Quem é cristão não pode esquecer que o trabalho também é uma maneira de dar testemunho.

Por fim, lembro uma fala de Jesus quando disse que todo “trabalhador é digno do seu salário” (Lc 10.7; Tg 5.1-6). O que isso significa? Significa que não podemos aceitar a escravidão e nem a exploração do trabalhador, mas exigir o que é de direito - um salário justo e condições dignas de trabalho. Que assim seja!

 


Autor(a): Eldo Kruger
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 20756

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