A partir de Marcos 4, 36 - 41:
Nas últimas semanas os jornais noticiaram casos de atos secretos do Senado, atos estes que davam emprego e vantagens para amigos dos amigos, na surdina, sem concurso público. Note-se que havia nomeação oficial, mas sem passar pelos canais competentes, legais e morais.
Chamou a atenção a postura do presidente do Senado, que disse que isso não é problema dele e sim do Senado (da casa toda), embora estranhamente ele tenha três parentes nomeados desta forma.
Em outras palavras, ele disse que o temporal que está ameaçando o barco não foi provocado por ele e não precisa ser resolvido por ele. Da mesma forma agiram os discípulos de Jesus, quando o temporal bateu no barco em que estavam. Cada um olhou para o outro e disse, não é problema meu, é do barco, é da natureza, é de Jesus, que está dormindo: vamos todos morrer.
Então acordam Jesus. E aí começam as diferenças entre o Senado e o que aconteceu no barco. Até aí, tanto no Senado quanto no barco acontece um jogo de empurra. Mas, quando Jesus entra em cena, as coisas começam a mudar de fato.
Os discípulos, como os senadores, não estão acostumados a ver reais mudanças. Tanto que os discípulos perguntam estupefatos: quem é esse que até os ventos e os mares lhe obedecem? E Jesus aponta para a fé. Não usa o seu poder para apontar para si e sim para a fé.
E nos temporais do barco de nossa vida? Como agimos? Vamos empurrando as culpas e responsabilidades, ou assumimos um compromisso com a mudança, com a transformação da realidade? Como Jesus faz acalmarem-se as tempestades em nossa vida?
A atuação de Jesus leva á libertação dos medos: não precisa esconder nada, não precisa ocultar nada. Pelo contrário, quer tudo às claras. Liberta até do medo da morte.
Os discípulos acordaram Jesus, mas jamais imaginaram que faria o que fez. Jesus participa da nossa vida de uma maneira inusitada, surpreendente. Esta é a mensagem deste texto. Mas, muitas vezes a gente não enxerga a origem das tormentas e também não se dá conta de como foram acalmadas.
Ao mesmo tempo, o texto nos lembra que estar com Jesus no barco (da Igreja, da vida), não livra das tormentas e tempestades, mas indica uma forma bem diferente de enfrentar cada uma delas: com tranqüilidade, com serenidade e não afobados, e muito menos com desculpas e transferência de responsabilidades.
Por isso, aprendemos esta dupla lição:
1) Jesus admoesta e domina os elementos destruidores
2) Jesus admoesta e fala aos discípulos, desafiando a sua fé, aumentando a confiança.
Que assim seja para todos/as nós. Amém.
P.Carlos Musskopf – Pastor da IECLB na Paroquia ABCD – Santo Andre/SP.