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ID: 18

Temos recebido o bem de Deus e não receberíamos o mal?

(Jó 2.10)

22/10/2015

O lema bíblico do mês de outubro faz com que nós pensemos com calma e com profundidade a questão do bem e do mal. O livro de Jó relata o debate entre uma pessoa que sofre profundos males e seus amigos que pensam ter uma resposta o do porquê destes sofrimentos. Jó, o sofredor, não se conforma e não se deixa convencer pelos argumentos de seus interlocutores que defendem a ideia de que o mal é pura e simplesmente um castigo de Deus.O que você pensa a respeito do bem e do mal? O que Jó quis dizer quando pergunta “Temos recebido o bem de Deus e não receberíamos o mal?”

Você já se sentiu injustiçado? Você já passou por algum tipo de sofrimento profundo? E se alguém lhe dissesse que é justo isto o que você passou ou está passando? O que você responderia? Se alguém lhe pregasse a ideia de que Deus está impondo a Sua Justiça através do sofrimento que pesa sobre você? Jó vivenciou a morte dos filhos, a perda de todo o patrimônio e um profundo enfraquecimento ocasionado por doenças. Diante disto foi aconselhado pelos amigos a se conformar com a situação, já que todaesta calamidade pela qual passava era Deus castigando seus pecados. Jó perdeu a paciência com seus amigos e não pode concordar com isto. Você pensa que todo o mal é um castigo de Deus por causa do pecado humano?

Jó é um livro de sabedoria. O sábio observa com atenção e com profundidade o que ocorre em sua volta. Uma das características do sábio é a humildade. Humildade significa reconhecer que existe um mistério envolvendo a vida; neste caso o bem e o mal. Não há explicações fáceis e prontas. Os amigos de Jó se baseiam em uma lógica jurídica, na qual um mal deveria ser pago por outro mal, ou seja, uma punição. Jó vai além disto ao observar e, acima de tudo, vivenciar uma situação de dor. Jó aprendeu que todos estamos sujeitos ao bem e ao mal indistintamente. Aprender isto e conviver com isto é a essência da sabedoria. Experimentar um mal não é necessariamente castigo de Deus e sim parte da condição humana.

Jamais o ser humano irá superar a condição de ter que conviver com o bem e o mal. Nós estamos sujeitos a esta realidade de vida. A pergunta é como conviver com esta realidade na qual há grande probabilidade de sofremos males. Podemos, sim, amenizar os impactos através de práticas de solidariedade, compreensão, compaixão, enfim, através do amor. Podemos evitar muitos sofrimentos e amenizar outros; e fazê-lo é exigência natural da fé em Cristo, através do quem Deus se tornou solidário para conosco, prometendo-nos através da Ressurreição um tempo eterno de superação definitiva da vida dividida entre bem e mal. Esperamos um Novo Céu e uma Nova Terra. 

A superação definitiva, a Redenção, a Reconciliação é obra exclusiva de Deus. É a manifestação de misericórdia e compaixão de Deus por nós. Não é mérito nosso podermos fazer parte deste Reino. Será um presente de Deus. Quem crer será salvo. E a fé que nos convence da salvação faz com que sejamos pessoas que vivam por gratidão. A gratidão produz vida, ou melhor novidade de vida.
 


Autor(a): P. Adélcio Kronbauer
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 35489

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