O lema de nossa Igreja neste ano é o texto de Lucas 24.17, onde Jesus se aproxima dos discípulos que estavam de volta para casa, para Emaús e pergunta: sobre o que vocês estão conversando pelo caminho? No próprio cartaz, vemos diversas pessoas caminhando pela estrada que se projeta rumo ao infinito.
E gostaria de iniciar minhas considerações dizendo que nós todos Somos Caminhantes. Constatação básica. Usando a metáfora do caminhar, esta expressão SOMOS CAMINHANTES constata que o ser humano NUNCA fica parado. Desde sua concepção no ventre materno, há um constante evoluir – uma constante jornada rumo ao amanhã.
Somos concebidos. Crescemos no ventre materno. Nascemos. Crescemos – passando pela infância, juventude e chegamos à vida adulta. Depois de adultos, vamos caminhando rumo à velhice. Na velhice, em algum momento, vamos encontrar o término de nossa vida e, de acordo com nossa fé cristã, vamos para a eternidade junto com Deus. Por isso, dizemos, sem erro, que somos caminhantes ao longo da estrada da vida.
Mas esta estrada tem um aspecto diferente das estradas pelas quais os carros rodam: é uma estrada que não tem um rumo já traçado, um rumo que já foi planejado por engenheiros e construída de acordo com um trajeto pré-determinado. Exemplo claro disso é o dos dois homens que eram seguidores de Jesus e que iam a caminho de Emaús.
Ao se unirem ao grupo dos seguidores de Jesus, viram sua sabedoria, seu poder ao curar pessoas, multiplicar pães e peixes, ressuscitar mortos, acalmar uma tempestade no mar, andar sobre as águas. E JAMAIS iriam imaginar que a estrada da vida iria conduzir Jesus à crucificação.
Agora, eles estão voltando tristes para casa. Voltavam à sua vida como era antes de terem seguido Jesus. E, de novo, a reviravolta na vida acontece. O morto está vivo na frente deles! A vida toma um novo rumo – totalmente inesperado!
Assim também é conosco. Planejamos nosso futuro. Almejamos seguir tal profissão. Mas às vezes tudo muda. Quando uma doença nos encontra no meio do caminho, tudo muda, tudo toma um novo rumo que jamais teríamos imaginado! OU quando somos aprovados num concurso ou chamados a um novo emprego – tudo também toma um rumo que jamais imaginamos!
Eu sou um exemplo claro disso. O meu plano de trabalhar incluía a cidade de Curitiba como limite ao norte no Brasil. Jamais iria imaginar que um dia iria trabalhar em Petrópolis. E mais, que iria ficar viúvo com pouco mais de 40 anos. E que iria encontrar uma petropolitana para casar e reconstruir a vida. Ou então que um dia iria adotar uma criança – e a Letícia está aí, já com 12 anos. Assim, cada um de nós poderia contar a sua história e ver que rumos inesperados tomou!
Sim, somos caminhantes pela estrada da vida. Uma estrada que pode ser comparada ao relevo da terra.
Com MONTANHAS – impossíveis de transpor – desafios da vida que não podem ser vencidos – onde é preciso saber conviver com nossa limitação – ex.: doença como a diabetes, deficiência física ou mental, um sonho que não posso alcançar porque não houve condições para tal...
Com PEQUENOS MONTES – pequenas dificuldades que podem ser superadas – doenças ocasionais; quando um jovem não passa de ano na escola; desentendimentos familiares; crises financeiras não muito graves; - custa um esforço passar por estas colinas, mas conseguimos.
Com VALES FÉRTEIS– onde tudo vai bem, família feliz, amigos, trabalho, ....
Assim, o caminho da nossa vidanão é pré-determinado. Vai se desenhando ao longo do caminhar. Também não é feito somente de Alegria e Felicidade ou somente por Desgraça e Tristeza. Há uma mescla de tudo isso na nossa vida, com momentos bons e ruins se alternando.
Olhando para a CRUZ DE CRISTO, vemos isto. Muitas igrejas querem colocar somente a CRUZ VAZIA, dizendo que Cristo ressuscitou e que as coisas ruins da vida tiveram fim, a vitória foi conquistada.
NO ENTANTO, antes da cruz ficar vazia, Cristo estava nela. O Cristo crucificado quer nos lembrar que nossa realidade de vida aqui na terra tem sofrimento, tem morte, tem dor. E quem pensa que a fé vai livrar de todos os sofrimentos, vai sofrer uma grande frustração quando os sofrimentos chegarem.
Precisamos, sim, ter esperança, ter a fé de que a ressurreição, a vida tem a palavra final, SIM, mas que também há muita dor e cruz no caminho da nossa vida aqui na terra. E a esperança que temos nos ajuda a enfrentar estes momentos de cruz.
Para finalizar minhas palavras, gostaria de lembrar a promessa de Jesus dada aos discípulos antes de voltar para junto do Pai:
EIS QUE ESTOU CONVOSCO TODOS OS DIAS ATÉ A CONSUMAÇÃO DOS SÉCULOS. (Mateus 28.20)
Ao longo da estrada da vida, temos Deus ao nosso lado nos fortalecendo na caminhada. Como Jesus fez com os discípulos a caminho de Emaús – foi caminhando ao lado dos dois, se importou com aquilo que estava no coração dos dois, perguntando: sobre o que vocês estão conversando? E, no meio do desânimo, abriu os olhos dos discípulos para a vida vitoriosa.
Assim, eu tenho Jesus ao meu lado, você tem Jesus do seu lado no caminhar pela estrada da vida. Com Jesus, eu posso partilhar os bons e maus momentos. Na alegria, dizer: OBRIGADO, DEUS, POR TUAS BÊNÇÃOS. Na tristeza, dizer também: OBRIGADO, DEUS, POR TUAS BÊNÇÃOS E QUE CAMINHAS COMIGO TAMBÉM NESTE MOMENTO DIFÍCIL. DÁ-ME A FORÇA PARA SUPORTAR E SUPERAR A DIFICULDADE.
COM DEUS pela estrada da vida vamos nós. SOMOS CAMINHANTES e Deus vai conosco.
Mesmo não sabendo o trajeto da nossa vida, não sabendo o que temos pela frente, uma certeza nós temos: no final da jornada, Deus nos receberá em seu lar eterno.Esta é a nossa esperança.