A Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil – IECLB é fruto da imigração europeia que iniciou no século 19. A primeira comunidade organizada foi a Comunidade de Nova Friburgo, no Rio de Janeiro, a 3 de janeiro de 1824. Mas já havia, antes de 1824, grupos de imigrantes em outras regiões do país.
O primeiro grupo que chegou a Nova Friburgo era composto de 342 pessoas, das quais 110 eram oriundas da região de Becherbach perto de Kirn, local do pastorado de Friedrich Oswald Sauerbronn (1784-1867). Sauerbronn tomou a decisão de acompanhar as pessoas de sua comunidade em seu caminho para um futuro incerto.
Durante a longa travessia de 122 dias, de Amsterdã ao Rio de Janeiro, com a fragata holandesa “Argus”, faleceram a esposa de Sauerbronn no parto do décimo filho, 11 homens e duas crianças.
Chegando em Nova Friburgo, Sauerbronn teve que, imediatamente, ocupar-se com o casamento das viúvas, porque as enormes dificuldades somente podiam ser vencidas por famílias inteiras. Embora Sauerbronn recebesse subsídios do governo imperial, esses eram tão parcos, que muitas vezes carecia de artigos de primeira necessidade.
Os primeiros cultos luteranos foram realizados em uma simples e pequena casa. O próprio Sauerbronn relata que residiu em duas choupanas de taquara e barro, abandonadas por suíços. Sem bancos, púlpito e altar, celebrou-se o primeiro culto, em 14 de julho de 1824. Curiosamente, o primeiro ofício luterano realizado em Nova Friburgo foi o sepultamento do filho do pastor Sauerbronn em 13 de maio de 1824. O pequeno Peter Leopold havia nascido durante a travessia da Europa para o Brasil.
Em 1827, a comunidade construiu uma pequena capela, mas foi obrigada a demolir por ordem das autoridades. Somente em 1857 foi possível edificar uma nova casa de oração, ainda que bastante precária.
RESTRIÇÕES RELIGIOSAS – A Constituição do Império brasileiro determinava, no parágrafo 5°, que “A religião Católica Apostólica Romana continuará a ser a religião do Império. Todas as outras religiões serão permitidas com o seu culto doméstico ou particular, em casas para isso destinadas, sem forma alguma exterior de templo”. Este foi o motivo pelo qual a vida religiosa das pessoas luteranas foi marcada pela discrição. Os templos não podiam ter torre nem sinos, sua presença deveria ser “silenciosa”.
Imigrantes trouxeram não apenas suas tradições culturais e valores sociais, mas também a sua fé e a herança do luteranismo. Nas bagagens havia Bíblias e hinários em língua alemã e escritos de Martim Lutero, entre eles, o Catecismo Menor. Além de manter a fé, a Comunidade Luterana assumiu um papel importante na preservação da identidade, pois também servia como ponto de encontro e espaço terapêutico em meio a uma terra desconhecida.
Créditos do conteúdo e das imagens: Pastor Gérson Acker.
