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ID: 18

REFORMA

Resposta ao clamor de uma época em crise

18/10/2016

No dia 31 de outubro toda Igreja Cristã comemora a Reforma Luterana. Neste dia, o monge agostiniano Martin Lutero fixa na porta da igreja do castelo da cidade de Wittenberg as suas 95 teses, nas quais questiona principalmente o comércio, a venda de indulgência como forma de conseguir a diminuição do tempo no purgatório.

A Reforma Luterana teve como seu protagonista principal este monge agostiniano chamado Martin Lutero. Sua inquietação e sua angústia o levou a reflexões teológicas que questionaram a Igreja de sua época e suas práticas.

Mas seria um erro atribuir somente a ele, como se fosse um super-homem, todo o êxito da Reforma. Há um conjunto de fatores que colaboraram. A sociedade já estava sedenta de mudanças. A Reforma Luterana deve ser vista como um período de transição entre a Idade Média e a Idade Moderna.

As Igrejas nos diversos territórios europeus estavam dependentes do poder secular (reis, príncipes, conselhos municipais). Muitas vezes, o clero e a nobreza agiram em conjunto. Mas o poder sobre a Igreja passou para o Estado. Os reis determinavam a vida religiosa e o preenchimento de cargos eclesiásticos. O príncipe passou a controlar as ofertas do povo.

Os padres, bispos eram detentores não só do saber teológico, mas também do saber secular, da literatura, do direito, da tradição política e da técnica. Exemplo disto são os astrônomos e físicos Nicolau Copérnico, Giordano Bruno e Galileu Galilei. Nicolau Copérnico escreveu no seu livro “Revolução dos corpos celestes” (1543) provas de que a terra gira em torno do sol (heliocentrismo). O cardeal Roberto Belarmino presidiu o tribunal da Inquisição em que se proibiu a divulgação desta teoria, pois a Igreja dizia que o sol girava em torno da terra. Giordano Bruno (1548-1600), filósofo e teólogo italiano, publicou em 1584 o livro “De l´Infinito Universo i Mondi”, no qual defende o heliocentrismo e acrescenta: o Universo é infinito. Giordano Bruno foi excomungado e queimado vivo pela Santa Inquisição no ano de 1600. Galileu Galilei publicou o livro Sidereus Nuncius (1610) no qual descreveu suas observações como: os “planetas” que giravam em torno de Júpiter, as montanhas na Lua e milhares de estrelas. Galileu foi considerado perigoso pela Igreja, e enfrentou o tribunal da Inquisição em 1611, tendo como opções negar sua teoria ou a morte. Várias são as versões a esse respeito, mas o fato é que Galileu não foi queimado. Anos depois disso, foi condenado pelo tribunal da Santa Inquisição a prisão domiciliar e uma de suas obras incluída no Index (lista de livros proibidos pela Igreja Católica). Mesmo interferindo em outras área do saber após a Reforma, já antes dela havia um clamor para tirar do clero, da Igreja todo esse saber.

Lembramos que o conceito que mais caracteriza a Modernidade é LIBERDADE. Não é por acaso que o lema da Reforma foi LIBERDADE CRISTÃ.

Além destes fatores, há que se considerar a degradação da própria Igreja e do seu clero.
Começado pelos papas: Alexandre VI (1492-1503) cometeu adultério com Vanozza Catanei, com quem teve quatro filhos. Teve também outros filhos com outras mulheres. Foi eleito papa porque subornou os que o elegeram. Como papa, continuou sua vida desregrada e ainda cumulou seus filhos com benefícios. Seu sucessor, Júlio II (1503-1513) também se elegeu papa pagando sua eleição a peso de ouro. Ordenou a destruição da basílica de São Pedro e iniciou a construção da atual. Era conhecido como “o terrível”, pois era mais rei e comandante de tropas que líder espiritual da Igreja. Para ele, a salvação da Igreja estava na política e na guerra. Seu sucessor, Leão X (1513-1521), esbanjou recursos em busca do próprio prazer. Seu sucessor, Adriano VI, comenta sobre Leão X: “O vício tornou-se tão natural que os que por ele foram manchados não sentem mais o fedor do pecado.”

Também a situação do clero não era melhor que a do papado. E o concubinato dos sacerdotes, que tinham uma ou várias mulheres, não era o problema. Havia regiões onde o concubinato dos padres era vício tão comum que os fiéis não se chocavam mais com ele. O problema residia em outro ponto: para a maior parte do clero, a igreja era vista com sua propriedade, da qual se auferiam dividendos e prazeres. Quando se criava uma paróquia ou um bispado, não havia a preocupação com o culto e com o pastoreio dos fiéis, mas com o desejo por parte dos tesouros da graça. Não havia preocupação com as pessoas, mas em relação ao dinheiro.

Um exemplo é a catedral e a igreja de São Severo, de Erfurt, que era uma cidade dentro da cidade, onde residia a aristocracia eclesiástica. Os cidadãos de Erfurt a consideravam um corpo estranho na cidade. Vivia de ricas plebendas, suas residências eram suntuosas, suas mesas serviam as mais finas iguarias e os melhores vinhos, o que só veio à tona quando nos dias da Reforma o povo a invadiu. Tinham também suas concubinas.

A Cúria Romana procurava por todos os meios cobrir os seus gastos. A falta de dinheiro era constante em razão dos gastos com a corte, com construções ou despesas militares, resultantes de constantes guerras. Criou-se um sistema de taxas, impostos, doações e penitências, entre as quais as indulgências.

Os nobres, o Estado e a Igreja em conjunto exploravam o povo. Isso levou à insatisfação. Levou ao desejo de mudança. Neste contexto, surge Martin Lutero. Questiona a venda de indulgências. Com isso, questiona a exploração da fé das pessoas. É o grito por liberdade que estava sufocado na garganta de cada pessoa que se torna visível através do protesto de Lutero. A ele se unem os líderes territoriais, príncipes e nobres insatisfeitos com Roma e com o Império.

E a Reforma tem seu êxito pela conjugação destes dois fatores:

1. A inquietação de um monge agostiniano, seu medo pela punição de Deus e sua busca por um Deus de misericórdia, de amor;
2. A insatisfação com o abuso do poder por parte da Igreja e a exploração que sofria o povo pelos poderes instituídos.

A Reforma nos ensina: opressão teológica e exploração não são da vontade de Deus. Deus é Deus de amor, de misericórdia e quer vida abundante para todas as pessoas. A manifestação desta vontade de Deus para conosco se faz de forma clara em Jesus.

Assim, é nosso dever enquanto herdeiros da Reforma sempre identificar o que vai contra esta vida abundante que Deus quer para nós, buscando sempre corrigir o que está errado em nossa Igreja e buscando sempre a denúncia profética do que está errado em nossa sociedade, visando a dignidade de vida em todos os setores da sociedade.
 


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Ninguém sabe o que significa confiar em Deus somente, a não ser aquele que põe as mãos à obra.
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