Lema da semana: “Simão Pedro respondeu a Jesus: Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna”. João 6. 68

Palavras, o que são elas?

Elas podem, por um lado, ser cheias de vida ao fortalecer, acolher, consolar, esperançar, perdoar, encorajar... Por outro lado, podem ser vazias e geradoras de morte ao desqualificar, incitar o ódio, intimidar, julgar, excluir...

É comum se ouvir relatos de pessoas que se sentiram amparadas por palavras consoladoras em dias difíceis e disseram: “Jamais me esquecerei das suas palavras afetuosas naquele momento delicado da vida”; mas também é comum se ouvir depoimentos de pessoas que ficaram traumatizadas e disseram: “Aquelas palavras feriram mais que uma espada”.

Diariamente fazemos uso de palavras, não apenas das palavras faladas, mas daquelas expressas em textos, postagens e comentários em redes sociais. Raramente paramos para refletir sobre os seus efeitos. Mas, cabe o alerta: elas podem ser geradoras de vida ou de morte, ser pontes ou muros, curar ou ferir, edificar ou destruir.

É preciso cuidar com as palavras. Uma palavra mal colocada afeta relacionamentos e a convivência. E aquela dita no momento certo, com a entonação e o tom de voz adequados, gera compreensão, amor, e se torna uma mensagem poderosa, geradora de vida. É palavra de eternidade!

Quando Jesus se apresentou a seus ouvintes como o “Pão da vida que desceu do céu” (João 6. 35-38), esses não receberam bem essas palavras e começaram a criticá-lo duramente e a se afastar (João 6. 41-42). Para eles era inconcebível que um ser humano usasse tais palavras, cabíveis somente a Deus. As duras críticas e julgamentos feitos às palavras de Jesus visavam tão somente desqualificá-lo como o enviado de Deus. Disseram: “Este não é Jesus, o filho de José? Nós conhecemos o pai e a mãe dele. Então como é que ele diz que desceu do céu?” (João 6. 42). Era colocada em xeque a sua dignidade.

Diante disso, Jesus pergunta aos seus discípulos: “Será que vocês também querem se retirar?” (João 6. 67). A pergunta dele demonstra um certo receio de que seus discípulos pudessem tomar o mesmo caminho.

E é aí que vem a resposta de Pedro: “Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna” (João 6. 68). Pedro fez uma confissão de fé valorosa ao dizer que não irá se retirar porque percebe que as palavras de Jesus não são vazias e, sim, são pão, são cheias de vida, são palavras da eternidade! Diferente dos que desqualificaram Jesus, ele o qualifica, percebe o valor e o sentido das suas palavras.

A Igreja tem em Jesus Cristo a própria encarnação da Palavra de Deus. E a sua tarefa primordial como “Igreja da Palavra” é dar testemunho de Jesus Cristo, da Palavra que gera vida. Por isso, as comunidades cristãs são chamadas a ser espaços geradores de vida e a não permitir que nenhuma pessoa seja desqualificada, inferiorizada, julgada e maltratada. Cabe a elas ser “palavras-pães”, que dignificam a vida dada por Deus, que alimentam pessoas com palavras de eternidade. Que Deus nos ajude na promoção da dignidade humana. Amém.

Vice Pastor Sinodal Alberi Neumann  

Leia o boletim semanal do Sínodo Sudeste na íntegra:
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