Nos evangelhos há diversas passagens em que Jesus utiliza a expressão “em verdade, em verdade vos digo”. Quando ela surge na boca de Jesus toda atenção se volta ao que ele tem a dizer. É o ponto alto de seu discurso. Jesus não permite que seus ouvintes, por falsas interpretações, saiam distorcendo suas palavras, por isso ele diz de forma clara, compreensível e concreta o que considera o centro de sua mensagem. Um exemplo encontra-se em João 5.20-24, no texto Jesus está explicando que: “o Pai ama o Filho (...) e assim como o Pai ressuscita os mortos o Filho vivifica aqueles a quem quer (...).” O texto continua e no versículo 24 Jesus conclui: “Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida.”
É fácil para qualquer pessoa, nos dias de hoje, ter acesso a todo tipo de informação. Basta um clique e o mundo está diante da tela de um computador. Vive-se o tempo da tecnologia, do novo, da rapidez, das inovações, da troca e o que move “a roda da vida” é a busca pelo prazer pessoal. Em nome do desejo de ter a vida dos sonhos, as pessoas estão cada vez mais aprisionadas num modelo frenético de vida. O desejo é ter tempo para a família, mas o que se vê são famílias desgastadas e doentes pela falta de convívio. A desculpa de sempre é a busca pelo dinheiro. No tempo presente compensa-se a falta dos pais com televisão, vídeo game e internet. Por um lado, a humanidade deu passos significativos para a melhoria de vida e comunicação; por outro, ela criou e continua criando um vácuo entre as pessoas no que diz respeito aos relacionamentos interpessoais.
A Igreja está inserida no mundo e desta maneira vivencia suas transformações. Entretanto ela não vive como o mundo ensina. Ao contrário a Igreja é a porta voz do Reino de Deus, com voz profética denuncia o pecado que escraviza as pessoas, não se cala diante da injustiça, não teme os poderosos e chama os povos ao arrependimento. Em seu seio experimenta a comunhão de pecadores perdoados que, com alegria, fé, gratidão e compromisso, colocam seus dons a serviço do evangelho, desta maneira anuncia, crê e vive um mundo novo. Esta é a missão, a razão de ser da Igreja.
A exemplo da pessoa contemporânea, que preocupasse na busca por satisfazer seus desejos, a igreja também corre o perigo de pensar primeiro em si mesma. Em muitas ocasiões as preocupações administrativas e a agenda sobrecarregada de atividades mudam o foco da comunidade. Mas quem é a igreja? É você e sou eu, conquistados pela morte de Cristo na cruz, e pelo batismo membros do seu corpo; e, por isso herdeiros de seu Reino. Em razão disto, o Apóstolo Paulo diz: “Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim.” (Gálatas 2.20).
Em certa ocasião muitos seguidores começaram a abandonar Jesus porque queriam segui-lo somente em benéfico próprio. Diante da desistência de muitos, Jesus pergunta aos seus discípulos se eles também querem abandoná-lo e: “Respondeu-lhe Simão Pedro: Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna.” (João 6.18)
O que realmente importa é confiar em Cristo e não permitir que os desejos pessoais, os costumes e a correria do dia-a-dia afastem você, eu, e a igreja de sua missão.
Pastor Carlos Alberto Radinz
Paróquia Centro de São Paulo