O texto da chamada “multiplicação dos pães” me fez pensar na preguiça. Na preguiça dos outros... e na minha. A motivação para esta reflexão foi a preguiça do povo que seguia Jesus naquela época. Um bando de preguiçosos! Queriam ser curados, queriam ser alimentados, queriam ser protegidos por Jesus. Mas, eles mesmos não queriam fazer nada. Era para Jesus resolver os seus problemas.
Mas, será que a preguiça é algo físico, biológico, ou um estado mental, psicológico? Às vezes é as duas coisas. Mas, tenho a convicção de que na maioria dos casos, a preguiça é resultado da falta de motivação.
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a motivação cria dentro da pessoa as forças para fazer, para decidir.
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lembro da história da criança que estava cansada numa caminhada com o pai pelo mato. “Não aguento mais”! “Quero colo”! O pai pega um toco, diz que é um cavalo e faz corrida até em casa. Se foi a preguiça, se foi o cansaço, de dentro surgiram forças desconhecidas, que não seriam mobilizadas sem um incentivo, no caso, o toco tirado do mato. Um sinal que realiza o milagre, que produz algo e exige algo. Produz uma mudança de atitude e exige uma mudança na forma de agir.
- quem de nós teria feito isso? Eu teria dito: tudo bem. E teria carregado meu filho no colo. E depois estaria cansado, mal humorado e todos estariam infelizes.
Em todos os setores da vida vale o mesmo. Seja na vida conjugal, familiar, no trabalho, na Igreja. Esses dias li que uma firma nunca quebra hoje. Ela quebra cinco anos antes; e isto acontece quando as pessoas envolvidas perderam a motivação. Nem é preciso que sejam todas. Basta que algumas pessoas chaves estejam desmotivadas e tudo vai por água abaixo com o tempo. É interessante notar que os discípulos vem para Jesus perguntar o que fazer. Estão dispostos a trabalhar fisicamente, mas não mentalmente. Jesus, então, motiva, incentiva para que achem uma solução. Jesus faz perguntas e no diálogo constrói a solução.
As empresas contratam a peso de ouro pessoas que fazem palestras motivadoras. Eu uma vez quis contratar uma dessas pessoas. É um conhecido meu. Para mim, por ser conhecido, ele faria por 4 mil reais. Normalmente ele cobra 12 mil.
Na Igreja cristã nós temos um conjunto motivador. Trata-se do conjunto que vai do Batismo à Santa Ceia. Custou um preço muito mais alto. Custou a vida de um homem. Mas, quando somos batizados na morte desse homem, também somos batizados na sua ressurreição. E quando participamos da Ceia, recebemos de graça a maior motivação para nossa vida: a participação numa vida que supera a vida.
Não se trata de um passe de mágica, mas de um sinal, uma senha, de uma chave que abre possibilidades. É uma senha que não impede que o mal aconteça, mas proporciona uma nova possibilidade: de enfrentar o mal com coragem e determinação; não permitir que sejamos derrotados antes de lutar; e nos faz participantes de um Reino que já iniciou, onde não só a preguiça é superada, mas o mal e todas as suas expressões em nosso mundo. Amém.