O mensageiro, ou a mensageira, é um personagem importante da História e das relações humanas. São responsáveis por alegrias e tristezas, por esperanças e decepções, por mudanças e transformações. A mensagem que não chega ao destinatário, que não passa pelo serviço do mensageiro perde a sua ação, o seu objetivo e missão.
Uma notícia muito importante chegou até as mulheres e crianças de Atenas, 490 anos antes de Cristo, devido ao esforço e determinação do mensageiro Filípedes. Uma das provas dos jogos olímpicos, a maratona, tem sua origem na homenagem a Filípedes, o mensageiro que levou a Atenas a notícia da vitória dos atenienses sobre os persas na batalha realizada na planície Maratona.
Todos gostam de ouvir novidades, de receber notícias. Elas e os mensageiros já fazem parte do cotidiano. Sabemos da importância dos carteiros, que entregam as mensagens sem conhecer o seu conteúdo, geralmente anônimos na relação da mensagem com o destinatário. A população depende das notícias e das mensagens divulgadas pelos jornais, pelos canais e programas de notícias da televisão – mensageiros eletrônicos controlados por pessoas humanas que escolhem mensagens ou que as manipulam e interferem no resultado da relação entre a mensagem e o seu destinatário. Outro grandioso mensageiro dos nossos dias é o provedor da internet que tem o poder de fazer transitar milhões de mensagens e notícias, muitas delas recebidas com a credibilidade que as confere, e outras descartadas ao serem comprometidas pelo mensageiro e a forma de entrega, mensagens conhecidas como span.
A Bíblia nos oferece inúmeros exemplos sobre a importância dos mensageiros. Deus chamou Moisés para levar uma mensagem ao Faraó que mudou a história do Egito. O apóstolo Paulo cita os mensageiros das montanhas de Sião (Is 52) ao convencer a comunidade cristã de Roma de que a mensagem do Evangelho de Jesus Cristo necessita de mensageiros. Vários acontecimentos criados por Deus foram preparados e conhecidos através de mensageiros que inspiravam credibilidade, os anjos.
Muitos mensageiros são anônimos, porque a mensagem, mesmo necessitando dos seus serviços torna-se independente e fala por se mesmo. Outras mensagens chegam ao destino porque são protegidas pelo mensageiro. Há mensagens que são cunhadas e divulgadas, marcadas pelos interesses e poderes dos mensageiros.
Deus tem uma mensagem e chama mensageiros para comprometerem-se com ela. Jonas tentou fugir da mensagem. Mesmo não conseguindo, dispensou muitos esforços para não leva-la aos destinatários. Os profetas contavam sobre a sua origem e vocação para legitimar as suas mensagens de anúncio e denúncia. Os discípulos e mensageiros de Jesus tinham nome, história e identidade, e ele mesmo encarnou a mensagem do amor de Deus e anunciou o reino de Deus incorporando-se a ele. Nos seus atos e, especialmente, na cruz ele foi mensageiro e tornou-se mensagem.
Cristo tornou-se o mensageiro e a mensagem da reconciliação salvadora de Deus. Ele não a comprometeu, não a modificou, dela não fugiu. Nós, seguidoras e seguidores de Jesus Cristo, somos chamados para o serviço de mensageiros e de mensageiras da boa notícia de Cristo, do amor de Deus estendido a todos e todas. Para não comprometermos a mensagem, ele nos prepara e nos chama para vivê-la e incorporá-la. Afinal o mensageiro não pode comprometer a mensagem!
(Guilherme Lieven – Pastor Sinodal do Sínodo Sudeste-IECLB)
