Jesus respondeu: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém pode chegar até o Pai senão por mim.” (João 14.6)
Nestes dias vivemos o feriado de finados. É a influência do catolicismo no calendário festivo brasileiro. O luteranismo lembra das pessoas que nos antecederam na morte no Domingo Cristo Rei (também chamado de Domingo da Eternidade), ou seja, no último domingo do ano eclesiástico afirmamos que Cristo é Rei e Senhor sobre vivos e mortos.
Isto posto, quero valer-me do movimento que a data gera no Brasil. É hora de ir ao cemitério e fazer memória da história vivida com a pessoa falecida. Mas é também dar-se conta da finitude. A morte como algo que faz parte da caminhada da vida e, cedo ou tarde, sou confrontado com ela.
Compartilho com vocês duas falas de Martim Lutero sobre o tema. Creio que nos ajudam na forma de meditar a morte e o morrer, especialmente no que diz respeito ao preparo para a morte.
I. enquanto ainda podes, organize a vida e firme-se em Cristo. Lutero sugere:
1 - disponha “com clareza sobre seus bens temporais”. Não deixe nada pendente. Briga de descendentes por bens é, infelizmente, algo frequente. Evite isso e dê destino às tuas coisas;
2 - resolva todas as questões com as pessoas: conceda e receba o perdão das pessoas: “... devemos perdoar amavelmente todas as pessoas, por mais que nos tenham ofendido. Por outro lado, unicamente por causa de Deus, devemos também desejar o perdão de todas as pessoas. ... Devemos fazer isso para que a alma não fique apegada a algum afazer na terra.”
3 - “... então devemos voltar-nos para Deus somente” através da confissão de pecados e dos sacramentos: “Pois nos sacramentos teu Deus, Cristo mesmo, age, fala e atua contigo através do sacerdote. Aí não acontecem obras ou palavras humanas, mas Deus mesmo te promete tudo o que aqui foi dito agora a respeito de Cristo e quer que os sacramentos sejam um signo e um documento disso: a vida de Cristo tomou sobre si e venceu a tua morte; sua obediência, o teu pecado; o seu amor, o teu inferno. ... São um consolo muito grande e como que um sinal visível do propósito divino, a que devemos nos apegar com uma fé firme, como se fossem um bom cajado, ...” (Obras Selecionadas, vol 1, p. 386ss).
II. No segundo exemplo Lutero fala de Cristo como a ponte: Ele é o caminho para o outro lado: Quando chegar a hora em que nossas atividades e trabalho cessarem e não mais precisarmos ficar neste mundo, e surgir a pergunta: Onde vou conseguir uma ponte ou prancha segura, para passar para a outra vida? – nesta hora ... você não deve ficar aí, procurando caminhos humanos, nossa própria bondade, obras ou vida piedosa. Deixe que tudo isso seja coberto pelo Pai-nosso, nestas palavras: “Perdoa-nos as nossas dívidas, etc.”, e apegue-se tão-somente àquele que diz; “EU sou o caminho, e a verdade, e a vida”. Naquela hora, tenha essa palavra firme e profundamente enraizada em seu íntimo, como se Cristo estivesse ao seu lado, dizendo: “Por que você está à procura de outros caminhos? Venha para cá; você deve olhar para mim e permanecer em mim, e não ficar aí, preocupando-se com outras ideias como chegar ao céu. Arranque, de vez, e afaste bem longe de seu coração esses pensamentos e não pense em outra coisa senão nestas minhas palavras: “Eu sou o caminho”. Trate, pois, de colocar seu pé sobre mim, isto é, apegue-se a mim com fé inabalável e confiança absoluta em seu coração. Eu quero ser a ponte e levá-lo para o outro lado, para que, num piscar de olhos, você passe da morte e do pavor do inferno para a vida eterna. Pois sou eu quem construiu o caminho e eu mesmo fui e passei para o outro lado, para poder conduzir até lá tanto a você quanto aos demais que se apegam a mim. Basta que você confie em mim, sem duvidar, arrisque tudo em mim, siga seu caminho consolado e contente, e morra em meu nome”. (www.lutero.com.br)
Rogo e oro para que Deus te conceda esta graça e esta fé.