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ID: 18

Luteranos e aristocratas

23/09/2005

Luteranos e aristocratas
 

P. Antonio Carlos Ribeiro *

Jesus Cristo diz: Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza; porque a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui (Lucas 12.15)

A palavra de Jesus, que é lema para nosso mês, nos ajuda a refletir sobre nossa condição de luteranos e aristocratas.

Somos luteranos quando assuntos como abundância de recursos e avareza, nos remetem de volta à justificação por fé e graça. No nosso contexto sócio-cultural, se cultua a eficácia e os resultados, em que contam a capacidade profissional, o lucro e o êxito, tornando a sociedade fria e exigente. O ser humano para ser alguém, para alcançar sua identidade, deve se submeter a uma disciplina rígida que escraviza e desumaniza, fazendo-nos escravos da produção, do trabalho, do sucesso e da competição. Quem experimenta existencialmente a justificação está liberto desse peso infernal. Sabe que, apesar de suas limitações e deficiências, é aceito e amado por Deus, seu trabalho tem valor e não se sente coagido a justificar-se diante dos outros.

Diante das crises financeiras, presbitérios e paróquias devem saber que as dificuldades que atravessam não resultam da preguiça de seus pastores/as (há quem viaja centenas de km/mês, sofre atraso na subsistência e ouve críticas, mesmo com a agenda cheia), nem da falta de criatividade de presbíteros/as para criar programas atraentes e achar fontes de recursos, nem do paradoxo condição financeira X expectativa, no qual esta cresce à medida que aquela diminui. Devem saber que o que fazem, bem e com amor, lhes vem de Deus. Isso é a graça!

Somos aristocratas, não por ser intelectuais e elitistas, preconceito de quem desconhece o significado da palavra. Pastores/as e presbíteros/as foram responsabilizados pela comunidade, pela eleição e imposição das mãos, para o exercício de sua função. Ao levar isso a sério, sentem-se obrigados pelo que não obriga aos demais. A chamada Noblesse oblige, que os compromete com os perigos inerentes a esta obrigação suplementar, é o que os separa dos demais. Operários sabem que seus colegas do sindicato assumem responsabilidades que os distinguem porque arriscam mais, e isto os coloca à parte. A compensação pelo risco que correm para defender os interesses dos colegas é a solidariedade deles, que logo se mostra no calor do conflito.

Presbíteros/as e pastores/as têm certa autonomia no exercício de suas funções para melhor realizar esse serviço ao bem comum da comunidade. Daí o perigo que correm de serem cooptados por uma minoria “aristocrática” que, por causa de um afastamento da comunidade, tende a esquecer o aspecto serviço e a acentuar o aspecto privilégio, até se desvincularem da função que o originou.

Toda responsabilidade constitui uma aristocracia, primeiro em seu sentido próprio, e também em sua potencialidade pejorativa: a de desviar em proveito próprio as facilidades essenciais da sua função: condições de trabalho, tempo de reflexão, cultura, prestígio, poder... Numa prédica, Martin Luther King Jr disse que “toda forma de poder corrompe e, toda forma de poder absoluto corrompe absolutamente”. Esta é uma lei humana e as igrejas não estão isentas dela.

Comunidade cristã luterana é aristocrática porque foi chamada desde o princípio por Cristo a assumir uma responsabilidade difícil. E a dificuldade das diretorias é esta: liderar sem esquecer de que é povo também, que não representa a si mesma e que a medida de seu bom trabalho é ter coragem diante dos riscos da tarefa, sem esquecer que representa a comunidade e sem deixar de pensar e agir no atendimento dos interesses conjuntos dela. Amém.


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* Antônio Carlos Ribeiro é pastor no Rio de Janeiro (Paróquia Norte)
 


Autor(a): Antonio Carlos Ribeiro
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 21654

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