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Fast food e a crise nos relacionamentos

05/09/2003

Fast food e a crise nos relacionamentos
 

Samuel Scheffler*

Vivemos em tempos de crise. Mas cada geração tem os seus desafios, não é verdade? Nossa época é marcada por um paradoxo: informação X comunicação. A informação é, sem dúvida, a grande marca de nosso tempo. Nunca antes tivemos ao nosso dispor a facilidade e a abundância de conhecimentos como temos hoje em dia – jornais, revistas, rádio, TV, TV a cabo, telefone, celular e internet – que nos conectam a qualquer lugar do mundo em tempo real. Parece que foi tirado um véu de nosso mundo e está tudo revelado. Nem mesmo as guerras nos são encobertas, quase não podemos acreditar nas imagens que vimos. Esta agilidade nas comunicações, a disponibilidade e o volume de informações que nos são propostas nos remetem a vivermos nessa mesma velocidade, ou seja, muito rápido. A falta de tempo, a sensação de que o nosso dia é muito curto para o tanto de coisas que temos a fazer nos dão a nítida impressão de que sempre estamos atrasados e, se não estamos, é porque há algo errado em nossa agenda.

Nesta correria nos falta tempo para as coisas mais elementares da existência humana – os relacionamentos, a comunhão e a comunicação!? Como isto é possível? Em plena era da comunicação nos falta comunicação? Há dois tipos de comunicação: o primeiro é a comunicação no sentido de disponibilizar informações e conhecimentos; o segundo é a comunicação no sentido de interação, troca, relacionamento. Os horários, programas e atividades são tão diversificados que nos falta tempo até para nos sentarmos juntos, ao entorno de uma mesa, e compartilharmos das nossas refeições. Algo tão simples, mas tão raro, tão difícil, não é mesmo?

Ao olharmos para a Palavra de Deus somos deparados com uma fascinante marca de Jesus – ter tempo com as pessoas nas refeições. Para Jesus, as refeições não eram momentos para apenas nutrir o corpo, mas também a alma e o espírito. Era durante as refeições que aconteciam grandes oportunidades de se relacionar com as pessoas, não apenas para falar do cotidiano, mas para derramar o coração uns para os outros. Era um tempo de conhecer e ser conhecido pelo outro. Foi durante uma refeição que Jesus foi acusado pelos fariseus de ter comunhão com publicanos e “pecadores” (cf. Mt 9.11). Foi durante uma visita que o publicano Zaqueu tomou um propósito de mudança de vida. Foi durante a Santa Ceia que o traidor foi indicado. Não foi sem propósito que Jesus escolheu uma refeição para instituir um dos sacramentos. Não foi por acaso que, em diversas parábolas, Jesus usa a figura de um banquete para simbolizar a comunhão dos que crêem com o próprio Deus nos céus (cf. Lc 14.15ss, Mt 25.1ss, Mt 22.1ss). E não diferente do Mestre, esta marca foi estampada na vida dos Apóstolos na igreja primitiva: “partiam pão de casa em casa e tomavam as refeições com alegria e singeleza de coração” (At 2.42 e 46).

O corre-corre do dia-a-dia tem-nos privado de estarmos sentados ao entorno da mesa com nossos familiares, amigos e colegas. Temos empregado este precioso momento num balcão de lanchonete, engolindo qualquer “fast food” (refeição rápida) ou um bom PF (prato feito) de forma solitária, independente e avulsa. Tudo isto para não perdermos tempo, pois tempo é dinheiro, já diz o ditado popular. Não temos vivido apenas de refeições rápidas, mas também de relacionamentos rápidos e rasos. Precisamos, de novo, recuperar a dimensão de que cada refeição é uma grande oportunidade de um banquete de relacionamentos, independentemente do cardápio. É um espaço para o saciar da alma em que investimos nosso tempo, cultivando e amadurecendo relacionamentos e em que, a cada dia, nos tornamos mais conhecidos e conhecedores uns dos outros. Precisamos resistir ao modismo dos “fast foods” de relacionamentos, sentados solitariamente num balcão ou mesmo em nossos lares. Porque os relacionamentos são vitais para nutrirem nossas almas e nossos corações, são eles que dão sentido a nossa existência.

Não perca tempo, comece hoje, comece agora!

“Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e CEAREI com ele e ele comigo” (Ap 3.20). Assim diz o Senhor Jesus Cristo para cada um de nós.


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* Formado pela Faculdade Teológica Evangélica de Curitiba (FATEV) em 2002, atualmente cursando o seu período prático em Artur Nogueira - SP.


Autor(a): Samuel Scheffler
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 21630

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