Vivemos atualmente em um mundo globalizado, informatizado e tecnológico, onde temos acesso fácil e instantâneo a muitas coisas. O ser humano cada vez mais se utiliza de seu poder de escolha para alimentar-se de tudo aquilo que lhe dê prazer e autorrealização. Na era da busca pela qualidade de vida, ironicamente, muitos perdem a sua vida nutrindo-se de forma egocêntrica, consumista e inconssequente.
No contexto da saúde pública a má alimentação ou a alimentação inadequada resulta na DESNUTRIÇÃO. Conforme as ciências médicas “a desnutrição pode ser definida como uma condição clínica decorrente de uma deficiência ou excesso, relativo ou absoluto, de um ou mais nutrientes essenciais” (Botega, A. de O.; Pinto, G. B.; Pereira, J; Santini, J.; Mattos, K. M.) O mais alarmante é que a desnutrição é uma das principais causas da mortalidade infantil. Segundo Médicos Sem Fronteiras, a cada ano entre 3,5 a 5 milhões de crianças com menos de cinco anos morrem de desnutrição nos países subdesenvolvidos, isso porque, a desnutrição prejudica o crescimento do ser, seu desenvolvimento e suas funções básicas de vida.
Porém, ao olharmos o ser humano como um todo, neste mundo de buscas imediatistas e hedonistas, o problema da desnutrição se torna mais existencial do que imaginamos. Nos alimentamos de muitas coisas que não dão sentido a vida e pouco do que dá sentido. E isso Jesus já sabia.
No Evangelho de João, o Filho de Deus não poupa palavras e analogias para falar da importância de uma espiritualidade sadia e bem nutrida. Além disso, Ele não oculta onde podemos encontar a fonte eterna (João 4.13-14 e 7.35), o pão da vida (João 6.32-35), a seiva e videira verdadeira (João 15).
O que o evangelista atesta é que, Jesus Cristo foi plantado neste mundo como a videira verdadeira, o nutricionista enviado pelo Deus-Pai, Criador de todas as coisas e que mantém todas as coisas. De fato, Jesus se oferece para provomer a vida, para saciar a nossa fome e sede de justiça, para ser a seiva que nos fará desenvolver firmes e fortes como ramos que produzem frutos agradáveis a Deus, o mesmo Deus que nos colocou no centro de sua criação e nos deu tudo o que precisávamos. Que mandou o maná do céu ao seu povo no deserto, alimentou o profeta Elias em seu momento mais depressivo e não deixou faltar azeite e farinha na casa de uma mãe em Serepta. Através de seu Filho, Deus continua seu agir. Após alimentar milhares de pessoas com pães e peixes, Jesus, no tempo de Páscoa, reparte o pão e o vinho e reparte a si mesmo e derrama o seu sangue. Isso tudo, por amor.
Deus sempre desejou nos nutrir de todas as formas. Mas, onde encontrar esta fonte nutritiva e perene em nossos dias? Jesus mesmo respondeu, quando em um momento de desnutrição física foi tentasdo pelo inimigo: “Nem só de pão o homem viverá, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus” (Mateus 4.4). Sim, a Palavra de Deus, revelada nas Escrituras Sagradas do Antigo e Novo Testamento continua sendo o meio de termos acesso à fonte eterna, à alimentação adequada, na medida certa para nossa fé e para nos tornar aptos para toda a boa obra (2 Tm 3.16).
Assim, bem nutridos pela dieta de Cristo em sua Palavra, podemos correr a corrida que nos foi proposta, testemunhando do amor de Deus ao mundo. Podemos crescer em comunhão uns com os outros, cumprindo nosso papel como Corpo de Cristo. Enfim, podemos tornar a fé ativa no amor, servindo a Deus na luta pela paz e pela justiça, compartilhando através de nossos frutos o amor de Cristo a todos os que necessitam de boa e adequada alimentação, sejam estes desnutridos fisicamente ou existencialmente.
Que o corpo e o sangue de Cristo dado e derramado na cruz do calvário sejam alimentos para nossa fé e nosso serviço ao próximo.