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ID: 18

Crítica e Autocrítica

19/01/2009


Jesus deixou, com seus exemplos em palavras e ações, dicas para uma vida mais amena e agradável entre os seres humanos e destes com a natureza. Às vezes ele até usava palavras duras para deixar claro como as pessoas devem agir para viver melhor. Por exemplo, certa feita ele criticou duramente as pessoas que só enxergam os defeitos dos outros. No entanto, não devemos entender que Jesus proíbe a crítica. O problema é quando não fazem nada para mudar a situação criticada. Leiam: Mateus 7, 1 – 3.

Meditando sobre este texto, percebemos que existe uma diferença enorme entre o que é “crítica” e o que é “ver os defeitos dos outros”. Muitas pessoas acham que não se deve criticar os outros. Acham isso, porque confundem “criticar” com “ver os defeitos”. Pensam que é a mesma coisa. Mas, não é! “Ver os defeitos” significa concentram-se nos defeitos dos outros, condenando atitudes e pensamentos, sem a intenção do diálogo e da transformação. Já a “crítica” é aberta, respeitosa, dinâmica, que visa também (e, talvez até, em primeiro lugar!) a própria mudança. Por isso, a crítica verdadeira implica sempre numa auto-crítica.

Leiam o texto abaixo, do filósofo alemão Arthur Schopenhauer:

“Assim como o homem carrega o peso do próprio corpo sem o sentir, mas sente o de qualquer outro corpo que quer mover, também não nota os próprios defeitos e vícios, mas só os dos outros. Entretanto, cada um tem no seu próximo um espelho, no qual vê claramente os próprios vícios, defeitos, maus hábitos e repugnâncias de todo o tipo. Porém, na maioria das vezes, faz como o cão, que ladra diante do espelho por não saber que se vê a si mesmo, crendo ver outro cão.

Quem critica os outros trabalha em prol da sua própria melhoria. Portanto, quem tem a inclinação e o hábito de submeter secretamente a conduta dos outros -e em geral também as suas ações e omissões- a uma atenta e severa crítica, trabalha na verdade em prol da própria melhoria e do próprio aperfeiçoamento, pois possui o suficiente de justiça, ou de orgulho e vaidade, para evitar o que amiúde censura com tanto rigor”.(de um portal da Internet).

Schopenhauer fala da crítica no melhor sentido da palavra. A pessoa que faz a verdadeira crítica admite, reconhece, até admira os erros dos outros e enxerga neles os seus próprios. Neste processo, prepara uma melhora do outro e a melhora de si mesmo. Dando-se conta de que nos erros e falhas dos outros também estão os seus, a pessoa olha com carinho para estes erros e falhas e segue adiante, superando o que pode e deve ser superado.

Já com o costume de só ver os defeitos do outros, não há progresso, não há reconhecimento de si mesmo, não há movimento, não há compreensão, piedade e, muito menos, amor. Acontece, no máximo, uma impressão (falsa!!!) de que se é melhor do que o outro, julgando e condenando o outro, sem querer uma evolução e sem perceber que esta atitude paralisa a si mesmo.

Os instrumentos básicos que marcam a diferença entre a “crítica ao outro” e o costume de “ver os defeitos dos outros”, são o diálogo, a reflexão e a discussão. Quem aprende a usar estes instrumentos e os usa com liberdade, consegue passar de uma atitude para a outra e tem sensíveis progressos em sua vida particular e comunitária.

Pastor Carlos Musskopf, Pastor da IECLB, na Paróquia do ABCD - Santo André/SP


Autor(a): Sínodo Sudeste
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 8386

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