Na última semana levei um susto quando fui sair com o carro que havia estacionado em frente à casa pastoral. Ele estava coberto por uma grossa camada de poeira, resultado de uma obra de saneamento em nossa rua, realizada pela prefeitura. Mas não sou o único premiado, afinal, a cidade, nesses últimos meses, como muitos dizem, “virou um verdadeiro canteiro de obras”. São desvios, máquinas, pessoas trabalhando, poeira para todo lado e muitas placas com apelos de compreensão. “Desculpe, estamos trabalhando por vocês” ou “O transtorno passa, mas a obra fica”. Deixar tudo para os últimos meses são estratégias eleitorais que conhecemos muito bem. Atitude que acertadamente recebe as nossas críticas.
Mas se tratando da vida cristã já não somos tão críticos com o nosso deixar para a última hora. De forma arriscada, coloco que é nos momentos cruciais da vida que começamos nossa campanha com Deus em busca de nossa eleição, salvação. Alguns fazem promessas, outros tentam negociar, outros montam palanques e promovem verdadeiros shows. Por outro lado, pior são os que desistem e perdem a esperança por completo.
São nos momentos críticos da vida que intensificamos nossas orações, nos lembramos de Deus. Passado o sufoco, o perigo, ou seja, abençoados, novamente nos afastamos e nos escondemos até a próxima eleição, que diferentemente da política, não tem data marcada. E, como o povo após as eleições, fica Deus, esquecido e abandonado.
Gente de fé, não está mal em intensificar as nossas orações frente às intempéries da vida. No entanto, não podemos nos limitar a isso, é preciso buscar Deus diariamente. Para uma vida dedicada a Deus é que nos chama o Evangelho “Vigiai, pois, a todo tempo, orando, para que possais escapar de todas estas coisas que têm de suceder”. Que o Espírito Santo possa nos animar para que não sejamos cristãos de última hora, mas do dia-a-dia.
P. Edelcio Tetzner, Pastor da IECLB na Comunidade Resende/RJ.