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ID: 18

Bandido

19/05/2008



Pela Internet leio notícia de jornal que afirma: “Assalto a banco termina com morte de bandido em MT”. Alguém poderia dizer: “Que bom! Um bandido a menos!” Parece que a palavra bandido abranda, ameniza a tristeza e o horror que representam a morte de um ser humano. O “bandido” em questão não portava documentos e, quando a notícia foi divulgada, ainda não tinha sido identificado. Não tem nome, não tem família, não tem dignidade, mas tem um rótulo: é um bandido - que nem andava em bando! Terá sido criado por Deus? Para o jornal não importa. Não importa se tem pai ou mãe. Não importa quem chora sua morte. Não se pergunta como estarão se sentindo os pais por terem um filho “bandido”! E morto! Não interessa que tipo de educação recebeu, ou como se deu a formação de seu caráter!

Para a imprensa ele é apenas um rótulo: bandido!!! E por causa deste rótulo se justifica sua eliminação.

Há 2 mil anos, as autoridades em Jerusalém julgaram e condenaram um homem por ser bandido. Este, sim, andava com um bando! A pena foi morte na cruz, ao lado de outros dois bandidos... para não deixar dúvidas! Sua mãe estava ao pé da cruz onde foi pregado. Seus familiares e amigos mais próximos também. Estas pessoas choram, impotentes diante de um julgamento público, no qual o filho, o amigo, o colega foi humilhado, condenado e exposto à execração pública.

Para as autoridades, era apenas um bandido! E a multidão gritava: “crucifica-o!”

Na cruz, Jesus gritou: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23. 34). Será que ainda não sabemos o que fazemos?

Bem, na verdade aprendemos, sim, e muito! Ainda que os grandes meios de comunicação queiram nos convencer do contrário, significativa parte da humanidade aprendeu a julgar com parcimônia e a desejar uma vida com paz. Algumas pessoas se deixam influenciar pela mídia e ainda hoje acreditam que existem algumas pessoas feitas de uma qualidade superior e outras de qualidade inferior. As de qualidade superior podem tudo, inclusive decidir que as de qualidade inferior sejam eliminadas da existência terrestre. Mas, grande parte da humanidade está evoluindo. Está abandonando conceitos e métodos sabidamente falidos e fracassados, para adotar outras atitudes diante da vida e das pessoas.

Quem se engaja por uma evolução no pensamento e no saber, está propondo a valorização de todos os seres humanos, está defendendo iguais chances de desenvolvimento do caráter e da personalidade para todos. Neste processo, estão desenvolvendo uma capacidade crítica diante dos grandes meios de comunicação, perguntando sempre que conceitos estão sendo divulgados e que interesses estão sendo escondidos. Junto com isso, procuram adotar os métodos pacíficos de resolver conflitos, bem como ligam a fé a um compromisso pela mudança fundamental do mundo e não só pregam a prosperidade individual num mundo excludente.

Não defendem bandidos, mas compreendem que atrás do rótulo está um ser humano cheio de potencialidades, dons e perspectivas. E compreendem que quanto antes se começa a valorizar a vida e a dignidade dos seres humanos, tanto mais eles responderão de forma positiva e construtiva.

Amém.

P. Carlos Musskopf – Pastor da IECLB na Paróquia ABCD, Santo André/SP


Autor(a): Sínodo Sudeste
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 8360

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