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ID: 18

A ANSIEDADE NOSSA DE CADA DIA!

05/08/2013

Pressa e Ansiedade: característica comportamental somente deste tempo? Parece que não! No evangelho de Mateus 6. 25-34, já vemos Jesus sugerindo pausas, motivando à contemplar a natureza, observar seu ritmo.

A Palavra de Deus nos diz que Deus não tem pressa (Tiago 5.8a). Para Ele, tudo tem seu tempo e acontece no tempo certo. Tudo o que Deus faz parece esperar o tempo oportuno. Há algumas décadas o ritmo de vida era outro. Tinha-se a impressão de que o tempo passava mais devagar, de que os lugares eram mais distantes. A comunicação era difícil. Os dias eram compridos e as noites também. Então veio a tecnologia, que mudou nossas vidas. Estas mudanças alteraram nossa rotina, também nossa percepção sobre o tempo.

Pesquisa realizada em 2005 com 820 pessoas, realizada em Porto Alegre e São Paulo, pela ISMA Brasil, mostrou 83% dos entrevistados sofria em consequência da ansiedade e de um temor paralisante. Já versou Drummond: Nossa sociedade grita alguma coisa importante, e é preciso que saibamos ouvir. Ao longo da história, as gerações tiveram características distintas que descreveram o seu jeito de ser, de ver o mundo, de relacionar-se. E é exatamente aí, na forma do laço social, que passamos a ter uma mudança grande. Estamos vivendo uma modificação na forma em que a gente nasce, na forma em como a gente ama, há mudanças na forma de educar nossos filhos, de constituir família, há mudanças no modo de pensar a terceira idade, na forma de se aposentar e até mesmo de morrer. Estamos vivenciando mudanças na forma em como as pessoas entendem espiritualidade, gerando uma crença de que basta orar em casa para compreenderem-se pessoa cristã. Estas mudanças profundas trazem questionamentos à verdades outrora inquestionáveis, que originam incertezas e crises. O próprio falar sobre a morte na atualidade traz consigo questionamentos bioéticos, poimênicos bastante importantes. E poderíamos ir um pouquinho mais além e perceber, que também na forma em como os indivíduos se relacionam com seus problemas estão ocorrendo mudanças. E isso por uma razão em especial: porque estamos vivendo um tempo em que se acredita haver remédio para tudo. Ou seja, se medicaliza aquilo que deveria, na maioria das vezes, passar vivendo. Não há mais tempo e nem lugar para o sofrimento na vida pós-moderna. Talvez por isso a ideia do mapeamento genético, seja tão sedutora na atualidade para muitos, pois entre muitas coisas, nos abre as portas para passar ao lado da experiência da dor e do sofrimento.

A vida moderna condensa hoje 03 ideias identificadas no comportamento humano: o individualismo, que se caracteriza pela ideia narcísica do eu me basto; o consumismo, onde para ser você precisa ter e o imediatismo: tudo para ontem. Não é a toa que o uso de tranquilizantes cresce em larga escala, sendo mais procurados do que medicamentos para dor de cabeça, hipertensão arterial e anti-inflamatórios. São tantas as pessoas ansiosas?

A pergunta que fica é: será que estamos precisando mais horas no dia, ou será que no fundo, nos falta um pouco mais de coragem para viver? A impressão que dá é que sofremos uma queda na pedra no meio do caminho e decidimos que levantar será tarefa quase impossível.

Assim, a reação quando as coisas não acontecem como desejamos e no tempo em que desejamos se transformam em frustração. Foi o que aconteceu com Marta e Maria, quando Lázaro faleceu. Jesus até foi avisado a tempo, por um recado que elas lhe tinham enviado. Senhor, eis que está enfermo aquele que tu amas Jo 11:3. Mas Jesus demorou a atendê-las, ficando mais dois dias no lugar em que se encontrava. Quando resolveu partir, era tarde: Lázaro estava morto. É preciso que haja lugar para a dor, para a doença, para o luto e também para a morte em nossa vida!

A inquietação, os problemas pelos quais muitas vezes passamos pode sempre ser uma fonte de mudanças profundas e significativas. Degustar um pouco de sofrimento e de dissabores ao longo da caminhada não faz mal a ninguém.

Acertamos, e na maioria da vezes erramos, somos feridos e ferimos, ganhamos, também perdemos, mas é assim que aprendemos a valorizar a vida, as pessoas e o Tempo. E é assim que nos damos conta que somos finitos, que somos breves, que a vida pede de nós mansidão e sabedoria.

Há pessoas em nosso tempo que querem o mapa de como devem viver; aí estão sempre procurando por alguém que supostamente tenha essa resposta. Nunca se teve tanta informação e também nunca se ficou tanto perdido. Nessa nova tendência não há mais espaço para o erro e para a fraqueza. O que por sua vez, sobrecarrega a alma, as emoções, poda a criatividade. Perfeição é condição de anti-vida! Nunca se teve tanto, e ao mesmo tempo, nunca se teve tão pouco.
E é para dentro desta realidade que Deus em Cristo nos convida a ser Igreja, a ser comunidade, a ser espaço de cura integral. Cuidar da fome e da sede do corpo, cuidar da fome e da sede da alma! A Bíblia está repleta de personagens que tiveram que aprender a esperar. São tantos os exemplos! Eles nos foram deixados para nos ensinar muitas verdades, entre elas, de que a vida não pode funcionar sempre nesta alta rotatividade.

Quem quiser colher frutos no futuro, precisa aprender a plantar esperança e paciência. Precisa também, segundo Jesus, rever suas prioridades. Esperança de um futuro digno depende das sementes de justiça que hoje soubermos semear. Muito além do que viver um pouco mais, Deus quer que vivamos bem o tempo que nos é dado. Em Mateus 6. 25-34, vemos Jesus interagindo com pessoas ansiosas, apressadas, preocupadas entre muitas coisas, também com sobrevivência. Jesus fala para estas pessoas algo muito profundo e atual: Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça... Entre outras coisas, Jesus está dizendo para esta gente: cuidado, tua vida e tua sobrevivência também é fruto de tuas escolhas. Por isso tão bonita e necessária é a tarefa da Igreja. A saber, de lembrar a humanidade: faça teus dons trabalhar não só em benefício próprio, mas também de teus semelhantes. Afinal, ser feliz é PARTILHAR com os outros, aquilo que somos e temos!

É possível recriar uma sociedade melhor? Como cristãos iremos dizer sim! E talvez o devêssemos iniciar através de uma vida mais simples, com alimentos e roupas mais simples, medicamentos mais naturais, relações humanas mais honestas, mais afetivas, mais convívio com a Natureza. Em meio à modernidade precisamos reaprender a interpretar os sinais da natureza, como os antigos tão bem o faziam e sabiam. Também a natureza precisa de calma para que possa ser contemplada e para que ela possa nos ensinar, o que precisamos saber sobre ela e sobre nós mesmos. Somando a isso tudo ainda, menos materialismo, menos ganância, mais cooperação, mais respeito e amor. Menos ditadura-auto imposta, mais consciência!

Creio que esta pode ser a importante tarefa da igreja para este Século. A de sermos pequenas ilhas, pequenos refúgios, para aliviar o peso da alma, para renovar as forças, para preservar sentido de vida, religando o que foi criado para permanecer unido! Igreja precisa ser sinônimo de vivência da reconciliação em seu sentido integral e de busca incansável pela Vida . Conforme Jesus, a Paz não está com a multidão. Ela não se encontra no mundo artificial e consumista, tão carente de limites. A Paz e tudo que precisamos para viver está na pureza, na verdade, na misericórdia e no autodomínio dos impulsos adoecidos, na renovação do caráter. A Paz está na justiça e na misericórdia. Ambas. Isto é a criação de Deus, tal qual Deus a fez e a quer mantida!
Deus não tem pressa! Nós é que temos que reaprender a Viver. Que Deus nos ajude! Amém.

 


Autor(a): Eliana Lisandra Weber
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste
Testamento: Novo / Livro: Mateus / Capitulo: 6 / Versículo Inicial: 25 / Versículo Final: 34
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 23612

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