Sínodo Sudeste



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ID: 18

1 Tessalonicenses 5.16-24

Prédica Investidura Pastor Sinodal Geraldo Graf

13/12/2014

Irmãos e irmãs em Cristo!

É costume, quando alguém se candidata a um campo ministerial ou quando assume uma nova função, escrever em seu currículo, ou em sua instalação declarar “a que veio”, quais são os seus projetos e objetivos; quais são os meios que usará para concretizar sua missão. E, naturalmente, a comunidade espera que este plano de ação ministerial “case” perfeitamente com suas expectativas.

À luz das palavras do apóstolo Paulo à comunidade dos Tessalonicenses, percebemos que há uma diferença profunda entre os assim chamados “planos de governo” na política, no mercado de trabalho - e o que se faz na comunidade cristã (e aí eu incluo o Sínodo e a IECLB como um todo). Na igreja, nós não assumimos cargos, não nos representamos a nós mesmos e os projetos (e suas consequentes ações) não são nossos. Ainda bem! Na igreja, nós servimos! Vivendo em um mundo com todas suas contradições que nos machucam ou que nos seduzem, somos chamados a servir, a fazer a diferença, pois não pregamos a nós mesmos, mas a Jesus Cristo, com quem vivemos unidos por meio do Batismo e quem promove a nossa comunhão com Deus e com o meio em que vivemos (pessoas e Criação/natureza).

Exercendo o “Ministério do Cuidado”, o apóstolo Paulo se dirige aos cristãos e às cristãs de Tessalônica e os aconselha a conviverem de forma fraterna e pacífica. Paulo aborda esse tema, porque está consciente das próprias limitações e fraquezas tão bem quanto das fraquezas de seus interlocutores. Ele sabe que não é fácil ser um cristão exemplar em meio às tantas tentações, seduções ou perseguições e contradições existentes na sociedade. É mais fácil se adequar à lógica do mundo do que exercer o testemunho cristão e ter que enfrentar as próprias e as contradições de uma sociedade injusta e excludente.

Em 2 Coríntios 12.9, Paulo aponta para essas suas fraquezas e conclui: “Na minha fraqueza o poder de Deus se manifesta mais forte”. E em 2 Coríntios 13.4, ele afirma: “Unidos com Cristo, somos fracos; porém, em nossa convivência com vocês, estaremos ligados com o Cristo vivo e teremos o poder de Deus para agir”. Esta certeza move o apóstolo para aconselhar os Tessalonicenses a viverem comunidade, pois eles não dão testemunho de si mesmos, mas vivem em Cristo e por Cristo.

Na segunda parte de sua Carta aos Tessalonicenses, o apóstolo Paulo dá importantes orientações à comunidade de como ela deve fazer frente às múltiplas dificuldades internas de convivência, de como fazer frente às doutrinas diversas e sedutores, que confundem os membros e os fazem duvidar da pregação de Paulo – doutrinas essas que desviam da teologia da cruz e acenam com prosperidade e adequação ao mundo. Paulo aconselha os cristãos a agirem como “embaixadores de Cristo”, ou seja, que o amor de Deus fique visível no jeito de ser, de testemunhar e de agir da comunidade.

São muitas as recomendações e os conselhos. Imagino um/a adolescente que, pela primeira vez sai de casa para uma excursão com os colegas de escola. Os pais fazem mil recomendações: “Faça isto, não faça aquilo. Cuidado com isto e não se esqueça daquilo”. E o/a adolescente? “Sim, pai! Sim, mãe! Já sei! Pode deixar! Não sou mais criança! Está bom!” Por mais “demasiadas” que pareçam tais recomendações, elas visam unicamente à proteção e ao cuidado do filho, da filha. E se este/a colocar em prática os conselhos, com certeza estará bem orientado/a, mesmo que a contragosto.

Assim em vislumbro a reação da comunidade de Tessalônica diante das muitas recomendações do apóstolo Paulo. Não deve ter sido fácil para ela aceitar tantos conselhos aparentemente absurdos e contraditórios na sociedade em que estava inserida.

Assim eu também enxergo as comunidades, paróquias, Sínodo e IECLB em relação aos estatutos, regimentos e normas recomendados pela Igreja. Têm coisas que nos aborrecem, que achamos difícil para colocar em prática no contexto em que vivemos, mas que, com certeza, querem ser expressão de um profundo cuidado da IECLB para com seus membros e comunidades.

De acordo com o apóstolo Paulo, tudo isso é praticável, se soubermos lançar nosso “ser igreja” sobre o fundamento certo. Para sermos promotores do amor, da comunhão, da justiça e da paz, para executarmos bem aquilo que planejamos, para nos desincumbirmos bem do que sonhamos com o plano missionário do PAMI, com o Tema/Lema do ano, com o Planejamento Estratégico, com a Sustentabilidade, com a Educação Cristã Contínua, com a Ação Diaconal, com uma Comunicação clara e convincente de nossa confessionalidade à luz do Evangelho, com nossa voz profética na sociedade, com nossa vocação ecumênica, inclusiva e participativa, entre outros, dependemos única e exclusivamente do fundamento sobre o qual edificamos nossa convivência e nosso testemunho. Não pregamos a nós mesmos, mas a Cristo! Este fundamento marca profundamente nosso jeito de ser, de conviver, de celebrar, de testemunhar e de agir. Paulo expressa tudo isso com três palavras em 1 Ts. 5.18, que irradiam esse jeito cristão de ser e de agir: Alegria, Oração e Gratidão.

O fundamento de todo o nosso falar e agir é o Senhor que virá (v. 23-24). Por isso mesmo o texto é indicado para este 3º Domingo de Advento. Nossa fé deve estar inteiramente arraigada no Senhor Jesus Cristo. Ele é o nosso alvo e simultaneamente o nosso caminho, no qual Deus vem ao nosso encontro. Neste caminho, Cristo se coloca ao nosso lado e caminha conosco. Pela sua Palavra ele se comunica conosco e nos torna comunicadores (tema 2015). Por isso, podemos e devemos ter a certeza de que o amor de Deus, revelado em Jesus Cristo, nos sustenta e carrega, principalmente quando o caminho passar por “vales obscuros e sofridos” (Salmo 23.4). Em Cristo nos é revelado um Pai fiel, amoroso, confiável, cuidador. “A minha graça te basta”, diz Deus a Paulo em 2 Co. 12.9. Amparado neste fundamento, Paulo se anima a dar conselhos de vida cristã prática e coerente aos Tessalonicenses, e sinaliza para nós o jeito de ser, testemunhar e agir em meio aos crescentes desafios do Sínodo Sudeste.

Distanciados deste fundamento, que é Cristo, as recomendações de Paulo nos parecerão absurdas, contraditórias e impraticáveis em meio a um mundo competitivo, injusto e excludente. Porém, na união com Cristo, aquilo que parece ser fraco, impossível de ser praticado, adquire uma força transformadora capaz de irradiar o amor de Deus às pessoas que vivem dispersas, inseguras e sem rumo nesta sociedade massacrante e cruel. Esta é a missão das comunidades e paróquias, do Sínodo e da IECLB como um todo. Não pretendemos ser uma “ilha de perfeição” no meio de um mundo perdido – como um quadro bonito numa sala obscura de um museu, para ser admirado de longe – mas nós queremos e devemos ser o fermento que transforma a massa, ser a luz que rompe a escuridão. Isso dói? E muito! Isso exige renúncias e sacrifícios? Com certeza! Mas é justamente na fraqueza que reside a força – pois não pregamos a nós mesmos, mas a Cristo – e este crucificado – mas que vive e virá! É Advento! É seu o caminho que preparamos!

Falamos das recomendações dadas por Paulo aos cristãos de Tessalônica e de como esses conselhos, que aparentemente seriam difíceis de serem praticados, se tornam expressão de uma vida cristã atuante no testemunho da fé, na evangelização e na ação diaconal da comunidade, quando fundamentados sobre Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador.

No início, eu disse que é costume apresentar um “plano de ação”, quando se assume uma missão, como está acontecendo hoje. Respondo à luz do texto bíblico que não é necessário apresentar plano novo, revolucionário, diferente, como se a igreja fosse começar conosco e que tudo o que aconteceu antes não vale mais. O plano de ação está claramente definido nas Sagradas Escrituras e exposto nos documentos Normativos, especialmente nos capítulos iniciais da Constituição da IECLB, a qual, em seus objetivos fundamentais quer promover, entre outros, o Ensino, a Missão e a Diaconia; o aprofundamento teológico e o crescimento espiritual das comunidades.

E para que isto não nos pareça uma tarefa incômoda, difícil de ser praticada, queremos fundamentá-la sobre aquele que veio, está entre nós e que virá: Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador! Ele é a nossa força. Ele nos sustenta e conduz nas nossas limitações e fraquezas. Nele queremos fundamentar nosso Ministério Sinodal e caminhar juntos.

A ele seja dada toda honra e toda glória! Amém

Pastor Geraldo Graf
13.14.2014
 


Autor(a): Geraldo Graf
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste
Testamento: Novo / Livro: Tessalonicenses I / Capitulo: 5 / Versículo Inicial: 16 / Versículo Final: 24
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 31182

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