Seremos melhores?
Diz a letra de uma canção de Jota Quest:
Vivemos esperando
Dias melhores
Dias de paz, dias a mais
Dias que não deixaremos
Para trás, (…)
Lembrei dessa canção ao me perguntar se seremos melhores depois da pandemia, melhores no amor. Será? Ainda não sabemos dizer. Algumas coisas nos enchem de esperança e outras até nos assustam. Nos enche de esperança ver tanta solidariedade e tanto empenho por superar a pandemia e toda essa crise que já vinha até mesmo antes dela. Mas, assusta ver o quanto alguns seres humanos são capazes de simplesmente não se importar com o próximo. A falta de senso de coletividade salta aos olhos. São pessoas que não usam máscara, que desrespeitam as normas sanitárias e que debocham da vida.
Mas, prefiro ficar com a esperança cristã. A esperança combativa e que promove a vida. A esperança que se fia nos novos céus e na nova terra, nos quais habita a justiça (2 Pe 3.13). É por isso que esperamos dias melhores: porque confiamos que Cristo veio para nos trazer vida em abundância (Jo 10.10). Não é um esperar parado, mas um esperançar. Bem dentro do sentido que Paulo Freire expressou em seu pensar e fazer pedagógicos. Uma busca por um mundo “menos feio, mais justo, menos malvado e onde fosse menos difícil amar.”
Por falar em amar, o perfeito amor lança fora todo o medo (1 Jo 4.18). Não temos tudo o que gostaríamos nesse momento e nem podemos fazer tudo o que gostaríamos de fazer. Estamos limitados pelas circunstâncias. Isso porém, não deveria nos deixar paralisados. Talvez devêssemos pensar na pandemia como uma oportunidade para realizar as coisas que ficaram “para trás”. E há muitas oportunidades que podemos aproveitar. A mais preciosa de todas é o conviver com as/os filhas/os, com as mães e os pais, com as/os idosas/os da casa, com o cônjuge.
Seremos melhores depois que a pandemia passar? Tomara que sim. Tomara que olhemos para trás cheios de orgulho por fazer o que é o certo e por buscarmos o Reino de Deus e a Sua justiça (Mt 6.33). Tomara que tenhamos usufruído da bênção que é ter a oportunidade de ter quem amamos mais pertinho. Que tenhamos tido coragem de dizer não para a injustiça. Que tenhamos nos permitido tirar tempo para nós e para Deus. E já nem tudo podemos modificar, que tenhamos aproveitado ao máximo esses dias estranhos. Dias que não deveríamos deixar para trás.
Esperancemos dias melhores, dias de paz, dias a mais, dias melhores pra sempre”, sob os cuidados de Deus. Amém!
Pastora Neida Inês Altevogt Sander
Paróquia Evangélica de Palmitos
