“Temos diferentes dons, de acordo com a graça que nos foi dada. Se alguém tem o dom de profetizar, use-o na proporção da sua fé. Se o seu dom é servir, sirva; se é ensinar, ensine; se é dar ânimo, que assim faça; se é contribuir, que contribua generosamente; se é exercer liderança, que a exerça com zelo; se é mostrar misericórdia, que o faça com alegria.”
Romanos 12.6-8
Uma vez fui fazer um culto em uma localidade do interior. Era dia de festa na comunidade. Muitas pessoas já estavam no pavilhão trabalhando desde muito cedo para poder dar conta do trabalho. Dei uma passada na cozinha para cumprimentar as senhoras e agradecer pelos seus serviços. Depois fui até a churrasqueira para agradecer também aos homens que estavam ali preparando tudo para o churrasco. A churrasqueira estava queimando a tudo vapor. Saí dali e me dirigi à igreja para iniciar o culto.
Durante a pregação, aquelas brasas da churrasqueira não me saiam da mente. Usei as mesmas para embasar a minha pregação. Falei que a igreja é como aquele braseiro que arde a todo vapor. Os membros são como as brasas vivas, quanto mais juntos uns dos outros mais se aquecem e mais bem cumprem o seu papel. São as brasas vivas que assam o churrasco, são elas que desempenham bem o seu propósito. Quando uma brasa é retirada do braseiro, ela vai se apagando aos poucos até morrer. Todavia, se essa brasa é colocada de volta no braseiro aceso ela logo se aquece e se acende completamente.
Como membros da Igreja de Jesus Cristo, somos como a brasa: Quando estamos juntos servindo na Igreja, colocando nossos dons e limite a serviço, o fogo do Espírito Santo nos acende e nos faz arder para cumprirmos o nosso dever de cristãos batizados. Se, por qualquer razão, nos afastarmos da Igreja, deixando de comungar com os irmãos e irmãs, o fogo que existe em nós por causa do Espírito Santo vai aos poucos se apagando e corremos o risco de morrermos de desnutrição espiritual.
Acredito que existam muitas pessoas que se afastaram da vida em comunidade e hoje estão apagadas e sem vida. Resta uma esperança: voltar para a Igreja e para o convívio saudável com os irmãos e irmãs para que o “fogo” seja reestabelecido.
Desde 2019 estamos vivendo tempos de pandemia. Por causa disso os cultos, reuniões e outros encontros presenciais foram cancelados. Muitos perderam seus familiares, amigos e nem puderam se despedir adequadamente, pois os velórios de pessoas mortas com COVID eram proibidos. A despedida se mostrou ainda mais difícil. Até o caixão estava lacrado. Muitos ficaram sozinhos em suas casas: sem um abraço, um aperto de mão, um bate papo amistoso, etc. Ficamos como carvões, longe do braseiro. Alguns, por causa da solidão, ficaram depressivos e houve até quem tirasse a sua própria vida. Lamentável tanto sofrimento!
Mas aos poucos estamos retomando as atividades presenciais e isso está trazendo de volta a alegria, a paz, o amor e a vida em abundância. Tudo ainda muito devagar. Mas creio em Deus que vamos vencer mais uma etapa. Já vencemos tantas. E, depois de tudo isso, voltaremos a comungar com os irmãos e irmãs, onde, finalmente, nossos carvões serão colocados juntos e o Espírito Santo fará a sua parte nos aquecendo e nos acendendo novamente.
É comungando juntos que iremos nos fortalecer e cumprir a nossa vocação; colocando dons e limites a serviço.
Salmo 42.1-5
Que Deus nos ajude. Amém
