A Igreja em Tempos de Coronavírus



ID: 3207

João Batista: o profeta decapitado que permanece na cabeça do povo.

Ó Todo Poderoso, santo e verdadeiro! Quando julgarás e condenarás os que na terra nos mataram? (Ap. 6.9-10)

10/07/2021

Marcos 6.14-29

Estimados irmãos e irmãs:
Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus nosso Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam entre nós. Amém.
Estimada Comunidade....
Marcos 6.14-29

A festa de São João é uma das mais antigas festas populares. A partir do século V a festa de São João foi integrada ao calendário eclesiástico. Era uma festa muito popular. Conta-se que algumas pessoas perguntaram a Martim Lutero se era correto participar dessa Festa católica? Lutero respondeu de forma bem clara: Nós comemoramos essas festas por causa do ministério de João Batista. João Batista anunciava a Cristo. Por isso, a Festa de João Batista deve ser enaltecida como a festa de Cristo.

Nós sabemos que João Batista veio antes de Jesus para anunciar as pessoas que Deus deseja uma mudança de vida nas pessoas. Deus não está feliz com o sofrimento, a pobreza, a falta de vida digna. Para transformar essa realidade injusta, era preciso primeiro uma transformação pessoal. Cada pessoa deve ter a mente o seu coração abertos para o bem-estar de outras pessoas e para o cuidado da Criação de Deus. Deus se preocupa com as pessoas, mas também se preocupa com toda a sua criação.

Por isso, João Batista proclamava: Arrependei-vos e sejam batizados e vivam de acordo com o que Deus espera de vocês.
Quem tiver duas túnicas, dê uma a quem não tem nenhuma e quem tiver comida reparta com quem não tem. Aos cobradores de impostos ele dizia: Não cobrem mais do que a lei manda. Aos soldados ele dizia: Não aceitem suborno, nem maltratem ninguém por conta de acusações falsas (Lucas 3. 11-14).
Até o rei Herodes gostava de escutar a João Batista (v. 20)

Foi João Batista que inventou (por assim dizer) o Batismo. O Batismo de João incluía arrependimento e perdão dos pecados. Isso era algo bastante atrevido para aquele tempo, porque somente os sacerdotes podiam perdoar pecados. E para perdoar pecados era necessário levar um sacrifício ao templo. João Batista diz que Deus só precisa de um tipo de sacrifício das pessoas: a boa vontade para mudar de valores na vida. As pessoas batizadas deviam voltar para as suas casas e começar a viver de maneira nova, de maneira diferente, como membros de um novo povo de Deus, preparados para acolher a chegada (a vinda) de Deus.

Essa pregação de João Batista incomodava as autoridades religiosas. Dizer que basta com arrepender-se e batizar-se, sem necessidade de sacrifícios no templo, nem da intermediação dos sacerdotes era algo perigoso. Os líderes religiosos não gostaram nada dessa novidade. Mas, enquanto os sacerdotes se escandalizavam, a mensagem de João Batista comoveu a muitas pessoas. João Batista denunciava sem medo o pecado do povo e também o pecado das autoridades.

Certo dia João Batista acusou o rei Herodes Antipas (esse Herodes Antipas era filho do rei Herodes que ordenou a matança das crianças em Belém quando nasceu Jesus). João Batista acusou o rei Herodes Antipas de casar-se com Herodias, sua cunhada. Herodias era casada como Felipe, o irmão do rei. Portanto, isso era contrário a lei judaica. Herodias odiava o João Batista e temeu que a enorme influência de João sobre as pessoas provocasse uma espécie de revolta e considerou melhor eliminá-lo. Por isso, Herodias tramou um plano para assassinar a João Batista que já estava na prisão. Os carrascos do rei foram e o decapitaram.

Na história da humanidade nós podemos ver que os muitos maus governantes sempre acharam que difamando, prendendo, torturando, expulsando ou matando seus opositores – com isso se resolve o problema das críticas e a oposição. Mas esses governantes assassinos ficavam apavorados quando a memória desses mártires continua viva no meio do povo. O Evangelho que ouvimos diz que também o rei Herodes Antipas estava com medo depois de ter assassinado a João Batista. Quando Jesus começou a atuar, a sua fama ficou ainda maior que João Batista. O rei estava apavorado porque ele pensava que esse Jesus era o João Batista que voltou para se vingar do rei.

Apesar da maldade do rei Herodes Antipas, o texto do Evangelho que ouvimos parece querer livrar a culpa do rei, ao dizer que a culpa pela morte de João Batista não era do rei, mas de sua mulher. Foi sua mulher que armou tudo. Era ela que odiava e que queria a execução do João Batista. Foi ela que pediu a cabeça do João Batista.

Mas as comunidades cristãs sabiam que Herodes Antipas – assim como o rei Herodes seu pai – era um rei que não matava, mas mandava matar. Os reis podem ter o poder de mandar matar, mas a alma dos mortos vai clamar pela justiça de Deus.

Diz no livro de Apocalipse 6 que as almas dos mártires – das pessoas que foram mortos pelos poderosos porque tinham sido fiéis a Deus e anunciaram a mensagem de Deus – que as almas desses mártires estão todas elas debaixo da mesa do altar, gritando com voz bem forte: Ó Todo Poderoso, santo e verdadeiro! Quando julgarás e condenarás os que na terra nos mataram? (Ap. 6.9-10) Essa lembrança estava viva nas comunidades. Um dia, Deus ouvirá a oração desses mártires e a justiça de Deus virá.

Como ouvimos antes, o rei Herodes Antipas até gostava de escutar o João Batista, mas ele não aceitava que a Palavra de Deus mudasse a sua vida. E essa é uma atitude comum em muitas pessoas ainda hoje. Ainda hoje muitas pessoas que gostam de ouvir a Palavra de Deus, mas elas querem que a Bíblia seja somente um livro de histórias do passado. Não um livro que inspira a nossa fé em Deus e que transforma nossa maneira de pensar e de agir nesse mundo.

No entanto, para João Batista estava claro: Somente será possível transformar essa realidade injusta e cruel, se cada pessoa se deixar transformar pela Palavra de Deus. Por isso, Deus não quer apenas que gostemos de ouvir a sua Palavra de Deus. Devemos deixar que a sua Palavra transforme os nossos corações e as nossas mentes. É preciso que aceitemos a mensagem de Deus em nossas vidas.
Nesse sentido, Martin Lutero disse que João Batista preparava o caminho para Cristo e por isso, a Festa de João Batista deve ser enaltecida como a festa de Cristo.
Que Deus nos abençoe para que possamos reter o Evangelho em nossas mentes, proclamá-lo com nossos lábios e recebê-lo em nossos corações.

Amém.
 


Autor(a): Nilton Giese
Âmbito: IECLB / Sinodo: Paranapanema / Paróquia: Curitiba - Igreja de Cristo
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Área: Missão / Nível: Missão - Coronavírus
Testamento: Novo / Livro: Marcos / Capitulo: 6 / Versículo Inicial: 14 / Versículo Final: 29
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 63630

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